[Capítulo 22] Crianças são inocentes.

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Passamos alguns minutos em silêncio.

O pseudônimo da reportagem que eu encontrara era o mesmo de um dos policiais que entrara na equipe de Alexander no último ano. A notícia era de três anos antes, quando ele ainda estava na academia. Os outros "jornalistas" também tinham ligações com a polícia, sendo alguns que na época ainda estavam em treinamento e outros aposentados.

Quanto tempo você falou que o empresário apareceu pela primeira vez? — perguntei, mesmo sabendo a resposta.

Quase cinco anos.

Agora quem ria era eu.

Há exatos cinco anos, Alexander e eu fizemos um acordo onde eu moraria na delegacia e o ajudaria em alguns casos. Mas ele nunca quis uma troca de favores.

Alexander estava montando uma armadilha.

Isso foi para mim. — falei. — Talvez até mesmo para todo o Beco.

Santiago logo entendeu o que eu quis dizer, mas Christopher precisou de uma breve explicação do informante sobre o que acontecera depois que ele me abandonara. Não sabia se devia ficar surpresa ou não pela quantidade de informações que o latino sabia.

Vocês precisam sair daqui. Agora. — falou, após concluir a história.

Você acha que Alexander não vai notar se eu sumir? — argumentei. — E os outros?

Mesmo se eu sumisse sem deixar rastros, todo o Beco sofreria problemas. Eu não podia deixá-los sozinhos numa situação que, mesmo inconscientemente, eu havia criado.

Está na hora de encerrar isso, Charlie.

Abri a boca para rebater, mas eu não tinha muito a dizer. Agora Alexander podia nos prender a qualquer momento. Ou pior.

Vou levar vocês para um esconderijo. — o informante disse.

Precisamos ir até o Beco antes. — Eu estava verdadeiramente preocupada, apesar de tentar não demonstrar.

Qualquer aparição de vocês é arriscada.

A deles também.

Notei a mudança na respiração de Santiago, mas não soube dizer o que significava.

Eu cuidarei disso.

Hesitei por um momento e então concordei, fazendo-o prometer que levaria Scott até nós também. Com certeza ele iria querer ver Christopher antes da "batalha" começar.

O informante nos passou as instruções de um esconderijo ali perto. Um prédio abandonado, onde alguns traficantes guardavam sua mercadoria. Aparentemente, a polícia "não tinha conhecimento sobre a situação", o que significava que estavam ganhando uma quantia interessante em espécie. Andei rapidamente em direção à porta, com Christopher me seguindo silenciosamente. Antes de sair Santiago se aproximou, me entregando uma arma. Ele estava sério, preocupado talvez. Estávamos assumindo uma guerra, e não tínhamos um plano ou um exército. Se perdêssemos, nem mesmo a mais alta quantia salvaria qualquer um de nós.

Se proteja, Charlie.

Não me chame de Charlie.

Ele sorriu e eu, com certo esforço, retribuí. Estávamos do mesmo lado.

Saí pela porta seguida por Christopher e, enquanto me afastava, pude ouvir Santiago dando ordens em espanhol ao homem do lado de fora.

O caminho que Santiago nos dera não era tão longo, mas precisávamos ficar atentos a possíveis interrupções. O informante nos dera uma palavra-chave para caso encontrássemos um dos traficantes que utilizavam o prédio, mas dissera que achava isso improvável.

Caminho de Sangue e PólvoraOnde histórias criam vida. Descubra agora