1º Capítulo- Humilhação

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Era sexta-feira, Aurora acordou bem-disposta, tomou banho e assim como fazia todos os dias escolheu a sua roupa cuidadosamente. Não negando o seu femininismo, gostava de roupas modernas e bonitas o seu feitio não a impedia disso. Vestiu uma camisola um pouco larga presa apenas no ombro direito com um rosa bem fluorescente, de seguida as suas calças de ganga preferidas que eram justas e calçou os seus mais recentes ténis all star brancos. Prendeu o seu cabelo castanho e liso num elástico de maneira a que ficasse bem elevado que realçava os seus grandes olhos castanhos e olhou-se ao espelho. Sorriu um pouco.  Era uma rapariga muito bonita mas não o sabia devido às suas colegas do ano passado que a rebaixavam com inveja. Mesmo de aparentemente ter uma personalidade forte, por trás era tímida e de baixa auto-estima. Afastava isso tudo, fingindo aquele comportamento rebelde. No fundo,  mentia a si própria devido às circunstâncias, mas ainda nem sabia.

-Aurora, hoje podes ficar em casa e faltar ao trabalho mas por favor não chegues atrasada à apresentação.

- Ahhm, sim mãe.-disse.

“Não sei se hei de ficar contente pelo castigo acabar ou se fico triste pela escola ter começado”- pensei.

-Não tens de ficar nem feliz nem triste, apenas conformada e decidida.- Afirmou a minha mãe lendo as minhas expressões faciais.

-Ei! Para de entrar na minha mente, por favor!

-És demasiado óbvia de entender- Sorriu ela.

-Sim, sim pois.- Murmurei chatiada.

-Come qualquer coisa e vai comprar o material escolar. Tens aqui 40 euros mas tem de sobrar.

A mãe de Aurora comprava-lhe sempre os livros escolares mas deixava o resto do material à sua escolha, pois sabia como a filha tinha um gosto algo arrojado.

-Está bem, mãe. Vá, vai lá. Bom trabalho.

-Porta-te bem anjinho.- Disse beijando a cara da filha.

“Primeiro põe me de castigo por ser terrífica e depois chama-me de anjinho. Mães...”- pensou sem se aperceber que sorria.

Assim que se certificou que sua mãe já estava longe do prédio Aurora fez um sorriso rasgado, dirigiu-se à aparelhagem com passos coordenados e longos, pôs a primeira música que lhe apareceu. Em pé no meio do tapete roxo que estava centrado na sala espaçosa da casa, começou a apanhar o ritmo da música, até que dançava e cantava  descontroladamente “Laserlight”. Quando não sabia que passos fazer apenas saltava e tentava acertar na letra da música, não se importando com o que dizia apenas imaginava-se num palco a cantar lindamente com todos a bater palmas e saltar às batidas da música.

Quando a música acabou ela riu-se ao recuperar as energias, ouviu palmas e exclamou:

-Obrigada, Obrigada!- Girou e pôs a sua mão na cintura sorrindo, até que caiu na realidade e com os olhos esbugalhados virou-se na direção da janela, desequilibrou-se com o que vira.  Tinha-se esquecido por completo em como havia uma janela mesmo à frente da sua e ainda por cima deixara aberta. Nem havia reparado pois estava demasiado entretida com a música e virada para o armário de madeira que se opunha à janela.

-Cantaste e dançaste muito bem-  Disse o rapaz à sua frente na outra casa, que fechava a aba da câmara de filmar. –Estava mesmo a pensar em fazer um canal no youtube. Mas que começo perfeito!- Sorriu ele com alguma presunção.

-A sério até apetecia juntar-me a ti- riu-se.

-Tu-tu, filmaste?- Disse eu furiosa ainda gaguejando.

-Estás a brincar? Claro que sim! Isto é material dos bons! Vou fazer cá um sucesso! Obrigado! É tudo graças a ti!

-Só podes estar a gozar... Se fizeres alguma coisa com esse vídeo eu juro que-que...

IridescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora