Santorini

01 | Jovem e Louca

Santorini - oficialmente chamada de Tera - é uma imagem única no mundo. Conhecida como o ponto mais alto das ilhas gregas. Em suas proximidades ilhéus, formando um grupo circular de ilhas, vestígio da grande erupção que despedaçou a ilha.

Foi criada quando Eufemo, um dos argonautas, jogou ao mar um pedaço de terra, presente de Tritão. Passou a chamar-se, então, Caliste, a mais bela. Mais tarde, passou-se a se chamar Tera.

É uma ilha ao sul do mar Egeu - dizia-se que o nome era derivado de Egeia, rainha das Amazonas que morreu no mar, ou, principalmente para os atenienses, Egeu, pai de Teseu, que lançou-se ao mar ao achar que o filho tinha morrido.

O arquipélago de Santorini foi o que restou depois de uma catástrofe vulcânica que destruiu todo o povoamento humano existente na antiga ilha, criando o que existe hoje. Continua sendo o vulcão mais ativo de todo o Arco Egeu.

O vilarejo mais bonito da ilha, onde estão as famosas igrejas de cúpulas azuis, chama-se Oia. A capital da ilha, Thira, com todo o seu charme, não chega aos pés de Oia. Nos últimos 10 anos, Santorini entrou na rota de vários navios e cruzeiros. Ao longo do dia, grupos enormes de turistas desembarcam na ilha e entopem as ruas estreitas.

E eu faço parte dos turistas que desembarcam na ilha. Mas nunca embarquei de volta para casa. Com toda sua cultura, seu povo, sua beleza apaixonante, eu sabia que não sentiria falta de nada que deixei para trás. Pela primeira vez em muito tempo, estou no lugar certo.

Não que eu tenha deixado muitas coisas para trás: uma mãe que não se importa em onde eu estou, com quem estou e, principalmente, quem eu sou. E um pai que, ao descobrir que minha mãe estava grávida, fugiu da Espanha, deixando sua mulher grávida e encontrou uma nova família em sua terra natal, Estados Unidos.

Eu entendo todo o desamor, sei que minha mãe tentou - lá no fundo - dar-me as melhores coisas, mas esqueceu o item de mais importância: o amor. Inés Rodríguez, no auge dos seus vinte e cinco anos, com todo uma carreira pela frente, descobrira que estava grávida de mim. Uma jovem adulta, descobrindo a vida, vê todos os seus planos irem por água abaixo.

Eu entendo perfeitamente.

Por isso, Inês sempre deixou claro que eu estava livre para viver a vida que quisesse, ela não contestaria. Eu estaria livre assim que completasse a maioridade. Juntei o dinheiro de minha pensão por anos, pensando no meu maior sonho: explorar o mundo em um mochilão.

Saí da Espanha com apenas dezoito anos, uma menina. Itália e Grécia. Estes foram os dois países que escolhi para a minha primeira viagem. O foco principal era apenas Itália, mas me empolgando com a proximidade de localização, incluí Grécia, um sonho antigo.

Ingressei na viagem diretamente para Itália, mas especificamente, Roma. De lá embarquei para Atenas, berço da civilização e do pensamento ocidental, a capital da Grécia. Muitos - como eu - procuram a Grécia por seu peso histórico, é uma viagem no tempo - em toda a sua mitologia e história.

Partindo do porto de Pireus, em Atenas, realizei a travessia para Santorini. Me apaixonei por todo aquele cenário paradisíaco, era uma vista privilegiada para o mais bonito espetáculo da natureza, na minha opinião: o pôr do sol. Cada detalhe era de uma beleza única e assim que o sol começou a se pôr, virou um momento de contemplação.

O azul do céu me transmitia toda da serenidade de que precisava, correspondendo a um estado de espírito no qual encontrei a paz que tanto buscava, conciliando com tudo o que sou. Misturado junto com o azul e o vermelho, o roxo aparece libertando-me de medos e inquietações. E ali, ao fim, estava ele, o Astro Rei, brilhando em seus tons laranjas e amarelo, emitindo seu calor junto de toda a energia e otimismo que eu precisava.

E hoje, aos vinte e dois anos de idade, continuo cumprindo a promessa que fiz à mim mesma assistindo aquela obra de arte, há quatro anos atrás: nada seria capaz de tirar a paz que eu encontrei em Santorini.

Mal sabia eu, ao fazer a promessa, que o dono de belos olhos castanhos e seu comportamento pretensioso roubaria toda paz que um dia fora minha. Os sábios dizem que tudo que custa seu equilíbrio é caro demais. Estaria eu disposta a pagar o preço que me foi proposto?