Santorini é uma imagem única no mundo. Conhecida como o ponto mais alto das ilhas gregas. Ao longo do dia, grupos enormes de turistas desembarcam na ilha e entopem as ruas estreitas. E Maria fez parte dos turistas que desembarcam na ilha, mas nunca...
A luz fraca do sol brilhava através da cortina clara e atingia meu rosto sonolento, me despertando aos poucos. Com um pouco de esforço, levantei meu pescoço e olhei para o relógio. 7:00.
Só podia ser brincadeira.
Já não basta acordar 6h todos os dias úteis da semana para trabalhar? Eu não poderia dormir mais um pouco no sábado? Pelo menos até às 8h, não é pedir muito.
Sabendo que não conseguiria dormir novamente, resolvi levantar e arrumar minha cama, depois tratei de caminhar até a cozinha para tomar um copo d'água. Após ler no Google que ingerir água pela manhã traz inúmeros benefícios, faço isso todos os dias assim que acordo.
Morar sozinha traz uma libertação inexplicável. Claro que toda moeda tem seus dois lados – um bom e outro ruim –, como tudo na vida. Dependendo de como foi o dia, às vezes bate aquela sensação de chegar em casa e desabafar com alguém. Eu agradeço aos céus por ter Phoebe para me ouvir nessa horas.
Em compensação, em outros dias eu só quero chegar em casa e ficar quieta. Colocar meus pés pra cima e me perder em pensamentos. Saber que eu nunca estarei sozinha, pois tenho a minha própria companhia.
Balancei a cabeça afastando todos esses pensamentos, não valiam a pena. Eu estive sozinha a minha vida inteira, não seria agora que isso mudaria. Pelo menos eu estava sozinha na Grécia.
Já que era sábado, resolvi que seria um belo dia para dar uma caminhada. O sol não estava tão quente e corria uma brisa pela ilha, sem contar que as ruas estavam mais transitáveis nessa época. Então logo após escovar meus dentes e trocar meu moletom por um macaquinho e minhas pantufas por um tênis, peguei uma maçã e destravei o portão, saindo de casa.
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Eu, particularmente, gostava de me perder nas ruas da cidade. Elas formam verdadeiros labirintos, o que deixa tudo mais interessante. E foi exatamente por isso que nunca pensei que poderia encontrá-lo naquele emaranhado de casas.
— Céus, o destino está tirando onda com a minha cara. Não é possível – bufei enquanto tentava me esconder na curva da viela, mas não conseguia desviar meu olhar dele.
Acabei notando que algumas pessoas me olhavam estranho, com uma certa razão. Se eu pudesse, me enterraria naquela parede até estar livre, mas tinha que seguir meu caminho. Só que não por alí, iria por outra passagem.
Se não fosse por uma mão segurando meu pulso e uma voz ao pé do meu ouvido, impedindo-me de continuar.
— Fugindo de mim, Maria? – Jason perguntou, fazendo meu pescoço ficar arrepiado e meu pulso formigar com o seu contato.
— Opa. Nem tinha te visto – não pude deixar de soltar um riso afobado. Virei de frente para o mesmo, notando que estávamos a centímetros de distância. Conseguia até notar pequenos sinais em seu rosto de tão próximos.
— Ah, sim – fingiu desinteresse. — Por isso que estava voltando para o mesmo lugar que veio? – tomou um gole de seu frappé. Gostaria de ser aquele canudinho...
Abanei a cabeça, demonstrando negação para ambos. Meu pensamento e sua pergunta, dois inconvenientes.
— Eu já estava voltando para casa, na verdade. E você? Aproveitando a ilha? – olhei em seus olhos e percebi um brilho diferente, era intrigante.
— Até que sim – respondeu simples e com um balanço de cabeça. — Posso te acompanhar até em casa, então? – arqueou a sobrancelha.
Era impossível dizer não.
— Claro, é por aqui. – apontei para a direção que estava indo após ser parada por ele. 15 minutos. Era o tempo de chegar até lá. 15 minutos ao lado de Jason, enquanto ele me acompanhava até a minha casa.
Andando lado a lado com ele, eu comentava algumas curiosidades sobre a cidade, mas logo o silêncio tomava conta do ambiente. Não por muito tempo, claro, porque sempre que tinha oportunidade eu estava lá, falando sobra o lugar. Puxar assunto nunca foi meu forte, mas falar sobre Santorini sim. Tinha decidido que não seria mal educada com ele novamente, afinal não tinha tanta necessidade. Em alguns momentos conseguia sentir que ele me observava, apenas isso, sem falar nada.
Aparentemente, Jason gostava de me ouvir falar, já que não reclamou do meu falatório sem fim. Ou só não queria ser mal educado – o que era uma bela indireta para mim.
— É aqui. – parei de caminhar e me encostei no pequeno portão azul. Uma sensação de nervosismo tomou conta de mim, junto de um embrulho no estômago.
Era ele. Jason estava causando aqueles efeitos em mim, me deixando confusa. E toda essa confusão me provocava chateação. Eu sabia que não poderia me aproximar e agora tinha acabado de dar o meu endereço para ele. Passe livre.
— Você gostaria de sair comigo mais tarde? – colocou as mãos nos bolsos de sua bermuda, demostrando certa relutância. — Fiquei pensando se te convidava ou não, já que dá última vez eu não fui bem recepcionado – riu.
Então era isso. Ele havia ficado calado metade do caminho pensando se me chamava para sair ou não, com medo de receber mais uma resposta negativa de mim. Como uma ótima observadora, isso revelava para mim que Jason gostava de insistir, ainda mais quando recebia um não.
— Tudo bem, acho que te devo uma saída – entrei em seu jogo, não faria mal ter a companhia de Jason novamente. — Só um minuto – fiz um sinal para ele esperar enquanto entrava em casa, buscando um papel e uma caneta.
Rapidamente anotei o número do meu celular, repassando o pequeno pedaço de papel para ele, que me olhava surpreso pela atitude.
— Até mais, Jason. – sem nem ouvir sua resposta, entrei em casa e fechei a porta, me encostando na mesma. Havia deixado um Jason surpreso para trás, mas gostei ainda mais da sensação após ouvir ele dizer um "nos vemos mais tarde".