J.

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Jennie despertou ao sentir a brisa fria da manhã. Ela sabia que não devia ter dormido na rua, mas não teve outra escolha. Jennie ainda estava sonolenta quando levantou dos degraus. Ela caminhou silenciosamente até o ponto de ônibus. Sentou no banco ao lado de algumas idosas e as cumprimentou. Retirou as cartelas de remédio da sua bolsa e os engoliu. Ela fez uma careta ao sentir eles raspar em sua garganta.

Jennie ainda estava sonolenta e enjoada. Ela se sentia umpouco mais doente do que o normal. Ela também sentia um pouco de fome, mas ela conseguia aguentar até a sua casa. Ou pelo menos acha que aguenta. Ela se encolheu um pouco mais devido ao vento frio repentino. Ela levou sua mão até os cachos de seu cabelo e os enrolou com os dedos. Ficou a cantar uma cantiga de ninar para si mesma á espera do ônibus. Risos.

Algo chamou a atenção de Jennie, Além da chegada do ônibus. Uma caixa de papelão recém deixada ali. Por curiosidade, ela levantou e caminhou até a pequena caixa. Ao abrir a caixa, seus olhos se encheram de lágrimas e seu coração 'tremeu. Dois cachorrinhos estavam ali. Dois filhotes. Um de cor castanho e outro totalmente branco. - O incrível é que eles pareciam ser de raça, por quê alguém faria tamanha maldade? Infelizes - Jennie pensou. Ela os olhou por um breve momento e levantou a caixa. Correu com a pequena caixa para dentro do ônibus e sentou em um dos bancos, com a caixa no colo. Nesse momento, ela nem pensava sobre o que o senhor faria se descobrisse que ela havia feito isso.

Jennie chegou em sua casa em minutos. Suas pernas oscilavam ao ver a porta da casa. Ela pensou por um momento e logo após entrou. Ele já a esperava com um pedaço de pano em sua mão. Jennie segurou com força na caixa e suspirou. Ela estava com tanto medo, mesmo sabendo que não tinha culpa de nada. Ela pensou em várias desculpas para lhe contar, mas sabia que ia ser punida de qualquer modo.

- Jennie, onde tu andava? Por que não voltou pra casa? - Ela o observou andar até ela e a segurar pelo cabelo.

Jennie apertou os lábios e fechou os olhos. Não demorou muito para ela sentir seu corpo bater contra a parede e o seu pai começar a bater. Ela continuou em silêncio enquanto sentia os golpes. Em nenhuma vez ela chorava ou resmungava. Sentia seu corpo doer mas não fazia nada. De repente, ele parou e ela o escutou cair no chão. Ela recuperou seu ar e finalmente deixou as lágrimas escorrerem. Ela tocou em sua barriga, e logo após percebeu sua mão com sangue. Se levantou lentamente e saiu correndo para o seu quarto. Trancou a porta e deixou a caixa e a sua bolsa em cima da cama. Ela olhou para o seu corpo novamente a procura do sangramento. Mas apenas encontrava sua pele avermelhada, quase roxa. Quando ela foi colocar a mão em sua cabeça, a sentiu latejar. Retirou ela e a olhou ensanguentada. Ela começou a chorar desesperada, sem saber o que fazer.

Jennie olhou para a sua janela e viu seus vizinhos caminharem para dentro. Ela teve uma ideia mas não sabia se daria certo. Mas não custava tentar. Rapidamente, Jennie jogou seu abajur pela janela, a quebrando. Ela rezou para que eles a olhassem. Ela enfiou sua cabeça para fora e fez sinal para eles. Mas eles apenas ficaram sem entender. Jennie passou a mão em sua cabeça ensanguentada e mostrou para eles. Ela observou o garoto/homem correr até o seu quintal e pular cerca. Ele escalou para entrar na sacada de Jennie.

Jennie só o observava, assustada. Mas um pouco feliz por ser salva. Ela não aguentava mais o seu pai e tudo isso. Não aguentava mais ser espancada diariamente. Ela desejava que sua vida mudasse pra melhor. Ela faria de tudo para conseguir aproveitar seus últimos dias de vida.

pele.| K.TOnde histórias criam vida. Descubra agora