Capítulo I

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Onze horas, cansado e com sono vinha caminhando pela rua deserta onde ficava o meu escritório, depois de um dia cansativo só queria um banho e minha cama. Quando virei à esquina que dava no estacionamento onde guardava meu carro, me deparei com uma menina, seus olhos assustados, eram grandes e de um castanho tão escuto quanto aquela noite.

Uma garotinha, que a julgar pela aparência, tinha no máximo oito anos, seus cabelos eram castanhos e longos, abaixo do meio das costas, pareciam bonitos, porém estavam sujos demais para que eu pudesse dizer ao certo. Ela também estava suja, magra demais e sem a porcaria de um agasalho! - e estava um frio de uns 9 graus - Será que era mais uma menina de rua? Bem, isso era muito comum em São Paulo, mas ainda assim era muito estranho de se ver.

Durante alguns segundos ficamos nos olhando como dois estranhos, sua expressão me fez querer protegê-la, me abaixei para ficar do seu tamanho e me certificar se era mesmo uma menina de rua, mas meu gesto pareceu assusta-la ainda mais e ela deu dois passos para trás, parecia pronta para fugir o mais rápido que pudesse.

- Não precisa ter medo, não vou machucar você. - Disse com intenção de contê-la - Qual o seu nome meu anjo?

- Manuela senhor. - Ela respondeu tão baixo que quase não escutei e pela forma como falou não pareceu ser uma menina de rua.

- Manuela, meu nome é Gabriel Ferraz, o que você está fazendo na rua, uma hora dessa e ainda por cima sozinha querida? Está perdida? Deixe-me levar você para seus pais.

Na simples menção da palavra pais, a menina pareceu ficar apavorada. Ela começou a sacudir a cabeça negativamente e seus olhos se encheram de lágrimas e ela pareceu pronta para correr o mais rápido e para o mais longe possível de mim, por isso resolvi maneirar, acho que fiz perguntas demais.

- Tudo bem, não chore, não precisa ter medo. Você parece com fome, que tal irmos a uma lanchonete para você comer algo e então conversamos mais?

Demorou alguns segundos, que pareceram horas, para ela concordar, mas enfim ela maneou com a cabeça positivamente, ela parecia estar com medo de mim, o que era bom na verdade por eu ser um completo estranho, mas ela também parecia estar com fome, muita fome e acho que foi só por esse motivo que ela concordou.

Peguei sua mão e a levei para o meu carro que estava no estacionamento ali perto.

Quem me ouve contar essa história até pensa que sou um pedófilo, mas não, NÃO MESMO! Fui muito bem criado pelos meus pais, minha mãe sempre foi muito carinhosa, uma excelente mãe e esposa, meu pai sempre foi um homem trabalhador e honesto que nos criou assim também, hoje em dia temos uma vida muito boa, dinheiro não é problema, mas nem sempre foi assim.

Os Hotéis Ferraz são conhecidos mundialmente, recentemente abrimos uma filial em Paris, mas meus pais começaram tudo com uma pequena pensão muito bem administrada que se expandiu e se transformou na marca que somos hoje.

Sou o segundo de quatro filhos, dois meninos e duas meninas. Sou formado em engenharia civil. Sempre estudamos muito e trabalhamos mais ainda para termos nosso sustento e ajudarmos nossos pais, meu pai sempre diz: "Um homem deve ter seu próprio dinheiro do suor do seu trabalho", então eu e meus irmãos: Daniel, Camile e Mariane estudamos e nos formamos cada um em uma especialidade e hoje ajudamos no crescimento e lucratividade dos Hotéis Ferraz.

Daniel é o mais velho de todos nós, formado em direito, advoga em seu escritório e para os Hotéis Ferraz claro. Ele sempre dizia que não queria se casar e preferia viver livre, isso até ele conhecer minha cunhada Sarah e sua filhinha Valentine, ambas fisgaram o coração do meu irmão, ele é completamente apaixonado por elas, assim com elas por ele, Daniel e Sarah estão casados há dois anos.

SÓ FALTAVA NOS CONHECERMOS (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora