- CAPÍTULO TRÊS - O apanhador no campo de centeio

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Depois que conseguimos fugir da fúria do Lorde das Trevas, estamos vivendo escondidos entre os trouxas. Sim, isso mesmo, entre os trouxas. Rita Skeeter mataria por esse furo; primeira capa no Profeta Diário, consigo visualizar exatamente a manchete "DO LUXO AO LIXO, A QUEDA DOS MALFOY'S". Merecemos coisa pior, sei que sim. Minha família merece isso e muito mais por sustentar durante tanto tempo essa máscara desprezível do que é ser um Malfoy. Fugimos com o rabo entre as pernas como os covardes que somos. Deveríamos ter ficado, deveríamos ter lutado contra o Lorde das Trevas; a vergonha não seria tanta. Os traidores do sangue Weasley's conseguem viver com vergonha maior com muito mais dignidade. Não que isso importe agora, sangue puro ou não, isso nunca deveria ter importado, eu deveria saber. Não sou o mesmo garoto desprezível que sei que fui nos meus tempos áureos em Hogwarts, e o motivo disso tem nome e sobrenome: HARRY POTTER. Amaldiçoado seja Potter, por Merlin, continuar odiando aquele garoto está sendo cada vez mais difícil. Viver com os trouxas tem sido relativamente fácil, fácil para mim, extremamente difícil para os meus pais.

Fomos intimados pelo Ministério para depor sobre os nossos crimes. Dizer que estávamos sob a influência da maldição Imperius não vai funcionar agora, sei que não. As coisas não são mais tão simples e nosso nome não vale mais nada. Nossas riquezas foram confiscadas até que chegue ao fim a investigação. Sorte que meu pai foi mais esperto que eles e conseguiu transferir uma quantia considerável para vivermos entre os trouxas. Não é muito, mas vai ter que bastar. Só o que pode nos livrar de Azkaban é conseguir que Potter testemunhe a nosso favor. Fui incumbido da missão de trazer o miserável para o nosso lado. Como? Isso foi rapidamente resolvido após ter recebido uma carta de Hogwarts me convidando para refazer o último ano. Não entendi bem como consegui a proeza, mas é de se imaginar que a atual diretora, professora McGonagall, sempre teve uma cara azeda para acobertar o coração mole. Me pergunto como em três meses aqueles velhos caducos conseguiram reerguer os escombros do castelo, mas vai ser terrível voltar, ter que aguentar todos os olhares, as acusações, mas isso faz parte do plano: conquistar Potter, conquistar Potter... quanto mais penso nisso, mais me sinto estranho. Agora como vou conseguir falar com ele? Mil ideias já me passaram pela cabeça, mas uma tem pulsado mais forte. Nunca tive a oportunidade de agradecê-lo por ter me tirado daquela sala em chamas, um Malfoy agradecendo? São tempos difíceis, não há como negar.

Sinto raiva o tempo todo, me sinto triste, sujo e envergonhado. Se pudesse voltar atrás, teria feito as coisas diferentemente. Tanta coisa eu não sabia, só segui o maldito fluxo, nunca questionando, sempre acatando ordens. Que bela bosta de Sonserino que me saí, mas agora tenho uma chance de fazer a coisa certa para variar, ajudar meus pais e me ajudar. Pela primeira vez, tenho um futuro que não depende do meu nome. Posso ser quem eu quiser, falar como quiser. O antigo Draco talvez tenha ficado naquela sala infernal no dia que Potter me tirou de lá. INFERNO! Maldito Potter! E aquele cheiro.

Desde que fugimos, estão acontecendo coisas estranhas. Não percebemos logo de imediato, mas os comensais que fugiram estão aparecendo mortos um a um. Meu pai conseguiu cobrar alguns favores e estamos protegidos por enquanto, mas é uma questão de tempo até sermos os próximos alvos. Uma coisa boa de poder voltar para o castelo é a proteção. Não sei como ficará a situação deles, já que não me contam qual será o próximo esconderijo. Não os culpo, ainda mais agora que não há ninguém para nos proteger. Existe um déficit de aurores no Ministério, por isso há uma urgência para Hogwarts voltar à ativa. Boa parte dos alunos do sétimo ano, antes da escola ser tomada pelos comensais, estavam se preparando para entrar para o treinamento de aurores no Ministério, e agora, com a morte de metade da segurança bruxa para a guerra, essa urgência se intensificou. Acho que por isso que até mesmo eu recebi a carta para retornar.

Já são três da manhã, e não consigo dormir. Nunca mais consegui. A merda da cabeça não para por um segundo, logo hoje que vamos ao Beco Diagonal nos expor e precisaremos estar atentos a qualquer atividade suspeita. Vou com minha mãe e meu pai; ele vai escondido, disfarçado para vigiar os arredores, mas tudo isso é necessário. Estou sem varinha e ela também. Potter possui ambas, sei que ele é "poderoso", mas o que ele pretende fazer com tantas varinhas? Minha magia está entrando em combustão sem ter por onde ser canalizada, e nossa como dói, minha cabeça dói todo instante...

 Potter possui ambas, sei que ele é "poderoso", mas o que ele pretende fazer com tantas varinhas? Minha magia está entrando em combustão sem ter por onde ser canalizada, e nossa como dói, minha cabeça dói todo instante

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A Redenção da SerpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora