#5 - Nina Endo

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Quando a terça-feira chegou, a loja não estava cheia. Às 21 horas um grupo maior de funcionários circulava sem avental. Começou pelo estoque, o ritmo era rápido e frenético. Contavam tudo que viam pela sua frente e, ao dar dez e meia da noite, seguiram para loja, agora vazia e sem clientes. Eles nem percebiam o tempo passar, não havia conversa.

A loja era imensa, bem dividida em literatura, áudio, tecnologia, multimídia, infantil e papelaria no andar de baixo. Onde havia muitas prateleiras de cor escura e colunas de madeira marrom escura, que davam excelentes contrastes com as paredes amarelas.

No andar de cima, Mezanino, havia um auditório para eventos e mais prateleiras, mas apenas com livros universitários, para todos os cursos. Nas paredes da entrada da loja eram postos livros até o teto, que dava a impressão de ter mais produtos. No centro da loja o teto era alto e aberto, o mezanino como uma sacada para o andar de baixo. Escadas rolantes ligavam esses andares e colunas, também de madeira escura, ficavam ao fim da escada como gigantescos pilares.

Quando estava próximo de duas da manhã, as três foram fazer o seu intervalo na copa, que ficava no andar de cima da loja. Elas escolheram esse horário porque todos já estavam no andar de baixo da loja e poderiam ficar ali sozinhas fofocando.

- Eu trouxe umas bolachas e salgadinho – falou Gaby animada por poder estar lá.

- Eu trouxe chocolate – disse Nina pegando o salgadinho Pringles Original que Gaby pôs na mesa. Lilla já havia posto dois litros de coca-cola e trufas Brasil Cacau de vários sabores sobre a mesa.

Enquanto comiam, contavam como estava indo em cada setor. Nina e Gaby faziam a contagem do infantil, Lilla foi escalada para a livraria. Já estavam perto do fim, pois tudo terminava na papelaria, e já estavam quase indo para lá.

Do lado de fora da copa, o shopping estava vazio. Havia mais duas lojas fazendo inventário também. Era um shopping térreo e muito grande. Poucos sabem, talvez só os mais velhos, que muitos anos atrás ali era um lixão, até que resolveu-se construir algo que desse mais lucro. Não há mais andarem porque o solo não suporta o peso e poderia ceder. Uma escuridão nos corredores e silencio absoluto dominavam o shopping.

- Na boa, amanhã vou dormir muito – Lilla falava – E quando acordar, eu vou jogar The Sims só para completar um dia de folga decente.

- Eu vou hibernar o resto do dia, só com a alegria de não ter um cliente chato para atender já está ótimo para mim. – Nina sorria.

Gaby comia tudo um pouco quieta demais naquela noite. Lilla olhou para Nina soltando um olhar sobre a amiga quieta, Nina apenas suspirou em irritação. Jogou seus longos cabelos para trás e perguntou:

- O que você tem Gaby?

- Eu? – Ela enrolava a ponta de se cabelo freneticamente – Nada. Eu só estou querendo falar algo, sabe aquele...

Antes que ela pudesse terminar a frase um tremor passou dos corredores para a livraria, como se arrastasse até onde elas estavam. Parecia um terremoto.

"Não pode ser um terremoto, estamos no Brasil! Não há terremoto aqui. " Falava Nina para si mesma tentando segurar o pavor que sentia.

Ele começou a ficar mais intenso. De repente o silêncio foi cortado com gritos que arrepiavam até quem estava longe. Gaby entrou em pânico e chorava até soluçar. Nina correu para de baixo da mesa puxando Gaby.

-Vamos Gaby! Fica abaixada.

Nina olhava para os lados e não sabia se apenas a mesa iriam protege-las.

Lilla ajudou Nina à por Gaby de baixo da mesa e ficou de pé,

-Vem Lilla! Vai cair tudo em você.

Névoa VermelhaWhere stories live. Discover now