Névoa Vermelha

#8 - Algo está errado

Lilla chamou Nina para ir ao OutBack do Center Norte na noite de quarta-feira, só para sentarem no bar bebendo uns drinks e comendo uma deliciosa batata com queijo e bacon por cima. Elas se encontraram às dez horas da noite no balcão do restaurante. Sentaram nos altos bancos de madeira com assentos confortáveis e macios. O balcão era de madeira escura e a iluminação era baixa. Uma televisão estava posta no alto e passava um jogo de basquete americano no canal da ESPN.

Lilla entrou e retirou seu casaco longo e grosso preto. Por baixo estava com seu vestido de decote com um forro branco e outro forro por cima de renda preta com desenhos de flores imperceptíveis, usava meia-calça preta e uma sapatilha escura com um delicado laço na frente. Seus lábios perfeitamente vermelhos vivos e brilhantes sorriram para o garçom ao pedir um chá gelado e a batata.

Nina estava com um Scarpin de salto muito alto e fino vermelho-alaranjado brilhante. Vestia uma meia-calça preta grossa e um short curto branco com desenhos vermelhos. Sua blusa de seda branca com botões dourados estava por dentro do short. Seu casaco vermelho foi posto no banco ao lado pela garçonete que a acompanhava desde a entrada até o balcão. Nina sorriu gentilmente à mulher, com seus lábios brilhantes e cor levemente vermelha. Seus olhos perfeitamente pintados foram de encontro ao garçom, que deu um sorriso largo e já pegou uma taça de vinho tinto e colocou na frente de Nina. Ela agradeceu a ele e voltou sua atenção à amiga.

- Oi. Desculpa à demora, esse shopping está um inferno. E contrataram gente nova aqui. A mulher não queria me deixar entrar falando que já iam fechar. Acredita que tive que falar meu nome e que tenho reservas? Mas tudo bem, agora ela sabe quem eu sou.

- E eu tendo que fazer meu próprio pedido. Que absurdo! – As duas amigas caíram na gargalhada enquanto comiam batata e bebiam. Lilla continuou. – Então. O que você tinha de tão urgente para falar?

- Meu ombro também está doendo. No mesmo lugar que o seu. Só que eu não fui ao médico. Mesmo porque deve ser estresse de ter que estudar, procurar emprego e tal. Ow você descobriu mais alguma coisa sobre a dor?

- Ah, eu comecei a anotar quando dói. Em geral quando estou atrasada para algo meu ombro dói muito. Sabe aqueles dias que eu estou correndo com falta de tempo ou quando estou estressada com o trânsito? Nossa, a dor é quase insuportável. Quando que o seu dói?

- Hum, não sei direito, mas notei ontem quando eu estava no parque e tinha uma criança que não parava de chorar. Nossa, fiquei com tanta dor de cabeça que não conseguia ouvir meu próprio pensamento, eu só queria que a menina parasse de chorar. Aí meu ombro começou a doer mais que minha cabeça.

- Você pensou em se afastar da menina?

- Claro, né. Foi isso que fiz. Então meu ombro foi parando de doer aos poucos.

- Situação bem diferente da minha. – Lilla puxou seu iPad e abriu uma nova nota no seu pages e escreveu tudo que a Nina lhe contou. – Vou continuar pesquisando sobre essas dores. Depois veja se a Gaby também esta tendo isso e me avisa? – Nina concordou.

Nesse momento as meninas sentiram como se estivessem sendo observadas. Quando olharam para o lado Fabíola estava parada observando Lilla. Ele vestia uma calça tactel bege e uma camiseta verde limão com desenho de um cogumelo escrito 1 up! embaixo. Seus tênis estavam sujos e com buracos ao lado. Seu cabelo totalmente bagunçado e grande cobria sua testa larga. Seus olhos verdes estavam caídos e paralisados sobre Lilla, ele nem piscava. Seus lábios grossos sorriam para ela em profunda devoção.

As amigas se entreolharam e sem falar nada colocaram o dinheiro no balcão e saíram dali o mais rápido que conseguiram. Andaram pelo estacionamento que agora estava vazio e sem ninguém andando nele até chegarem à calçada escura e sem vida da lateral do Shopping que ficava à esquerda do OutBack. Ao olhar para trás viram Fabíola acompanhando os passos rápidos delas. Elas pararam e Lilla gritou para ele: