#2 - Nina Endo

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Nina com traços orientais, também tinha uma estatura média, magra e cabelo escuro levemente ondulado. Olhos escuros e delicados. Tem um olhar doce e frágil. Andava sempre com uma maquiagem leve, um pouco mais forte nos olhos, para realçar seu olhar oriental. Ela é linda. Sabe aquelas meninas que, por onde passa os homens olham e querem ter? Essa é Nina. Andava sempre na moda e com um leve ar de "licença, porque eu sou demais e você não merece minha presença querido". Até hoje ninguém sabe como, mas ela é pessoa mais simpática que se existiu.

Ela não tinha experiência na área, mas conseguiu ir bem a todas as provas de admissão para trabalhar no setor infantil. Ela sabia atender, ser simpática, sorrir, organizar tudo e sempre deixar o setor em ordem. Ela podia odiar aquelas crianças e seus pais metidos a ricos por comprar um livro de trinta reais aos filhos, porém achava o trabalho tranquilo e era bom ter um começo até decidir que universidade cursar.

"Aff, são trinta reais e seu filho terá um pouco de cultura nessa vida, imbecil". Pensava Nina cada vez que um cliente chorava para pagar mais barato no livro, enquanto não se importava em pagar duzentos reais em um jogo de tiro que deixava as pessoas violentas e burras.

No fundo ela sentia falta da sua vida baladeira, sentia falta de poder sair aos sábados à noite com os amigos e voltar no dia seguinte em um carro importado com um cara lindo dirigindo, o qual ela não sabia o nome. Nina sabia como fazer os homens a mimarem. No dia em que estava de folga do trabalho, ela foi até um pub na região da Paulista e conheceu um gringo lindíssimo. Um loiro, alto, musculoso, de olhos verdes muito intensos. Ele estudava em Oxford e fazia parte do time de rúgbi. Era só isso o que Nina lembrava.

- Lilla, aquele homem é perfeito! Eu devia ter pedido o telefone dele, perguntado o endereço e me mudado pra Inglaterra. – Nina contou às meninas enquanto devoravam uma deliciosa pizza Brasileira na Pizza Hut. Lilla ria e concordava com a amiga.

- Não, Nina, você não pode nos abandonar por um carinha qualquer. Você não o beijou, né? – Perguntava Gaby, assustada com o fato de a amiga ficar conversando com desconhecidos no meio da noite.

- Claro que beijei né! O cara era perfeito! Pelo amor de Deus Gaby, você se preocupa muito. Só dei uns beijos nele e dançamos a noite toda. Claro que ele me levou em casa, mas aí falei que a noite foi ótima e estava cansada e não o deixei entrar. Ainda não estou louca. – Nina se defendia e olhava para Lilla, procurando não rir da Gaby.

- Gaby, você precisa sair um pouco e relaxar, sabe? – Começou Lilla – Quando você namorar vai ser como? Andar de mãozinhas dadas pelo parque? E quando casar? Como pretende ter filhos? A cegonha não anda fazendo entregas de bebês por aí, viu. – Nina começou a rir muito alto junto com Lilla. Todos no shopping olharam para elas deixando Gaby corada.

- Aaaah gente, para. Quando eu namorar não ficarei agarrando ele, é nojento. E quando for para ter filhos, bem, aí eu faço né. – Falava Gaby com o rosto rubro, mas seu tom de voz era calmo, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Enfim, – cortou Nina – o cara é perfeito. E acho que semana que vem volto naquele pub atrás dele. Vocês podiam ir comigo né? Assim posso beber um pouco mais. – Lilla concordou com a amiga de irem. Gaby hesitou um pouco, mas acabou concordando, com medo de que Nina passasse mal, e preferiu ir para cuidar.

No dia seguinte a loja estava cheia. Estavam nas férias de inverno e os Juvenis viviam no shopping e não compravam nada. Era uma época chata porque tinham muita coisa para se arrumar na loja ao mesmo tempo em que não havia muitas vendas entrando. Lilla estava nos caixas, como sempre atendendo freneticamente para não formarem as gigantescas filas. A gerente da loja vinha em sua direção. Lilla observou que ela estava com seus cabelos lisos até o ombro e com muitas, luzes o deixando quase loiro médio, seus olhos castanhos com uma maquiagem impecável, scarpin preto brilhante fazendo toc-toc-toc enquanto andava pelos caixas, calça social preta-giz com a camisa rosa por dentro da calça. A calça era de cintura alta e ficava na altura da cintura, o que fazia a garota sempre pensar "ela precisa tomar cuidado para não se enforcar com a calça". A gerente sempre andava muito arrumada. Ela se aproximou de Lilla e disse:

- Lilla, hum, você tem um minuto? – Lilla assentiu e a Gerente continuou – Essa semana nós teremos o inventário aqui na loja. Parttimes não podem participar, porém eu falei com a direção e eles concordaram em chamá-la para ajudar. – Lilla pensou e respondeu que tudo bem. A gerente abriu um sorriso – Ok, então terça-feira às 21 horas aqui na loja.

A gerente se dirigiu até o setor infantil e chamou Nina e Gaby para participarem do inventário também. Gaby ficou super feliz, pois são poucos novatos que participam do tão falado inventário nesta época do ano.

O inventário é uma madrugada em que um grupo de funcionários contam, literalmente, pela loja todos os produtos para atualizar o sistema. Uma empresa passa em cada prateleira com um leitor de código de barras e colocam um papel com o numero de produtos presente naquela prateleira, depois um funcionário da loja passa contando para ver se está certo. Se tudo estiver ok, o funcionário assina o papel e parte para a próxima, se não ele chama a empresa para refazer aquela prateleira. Alguns, como a Gaby, começaram a amar o inventário quando souberam que ganharia extra com adicional noturno no salário por passarem a madrugada lá. Outros como a Nina achavam tudo aquilo uma merda, mas iria porque de madrugada não havia cliente para irritá-la.

- Lilla, telefone. – Avisou Fabíola.

Bem, Fabíola não era uma mulher, mas esse foi o nome que as três deram para o menino de olhos verdes e cabelos totalmente bagunçados, barba malfeita e roupas que pareciam ser escolhidas por uma criança de três anos. Ele só fazia piadas idiotas nos caixas, sua idade física com a idade mental tinha uma diferencia significativa. E ele nunca foi visto com uma mulher, então deve gostar mesmo de homem né?

A Nina tinha um jeito de definir os sentimentos de Fabíola: "E seu coração estava sempre em transe, em uma escolha difícil entre meninas, meninos, meninas que gostam de meninas e meninos que gostam de meninos...". Um dia foi visto com uma margarida na mão fazendo bem-me-quer mal-me-quer, mas aparentemente sempre dava mal-me-quer. Quase chegava a dar dó. Quase.

- Valeu – respondeu Lilla ignorando totalmente o olhar de "por favor, me beija" que Fabíola sempre tinha sobre Lilla. – Lilla – respondeu ao telefone.

- Oi, é a Nina. Acho que já era o pub, a gerente me chamou para ajudar no inventário. Que merda, viu! O bom é que não vou aturar os malditos clientes né.

- Ela também me chamou. Achei legal, e o melhor é que aquele ser do caixa não estará aqui para ficar com aquele olhar depravado sobre mim. Na boa, eu achei que ele só beijava rapazes. – Nina riu muito alto e parou quando viu um cliente chegando.

- Preciso atender. Até depois. Ah, a Gaby também virá ao inventário

- Até.

Nina tinha seus pensamentos agitados. A pressão para entrar em uma boa universidade era o que mais passava em sua mente. Ela podia ter um ótimo trabalho, mas diploma é essencial. Ela não gostava de namorar, não agora com tantas coisas pela frente, e sem contar que amava passar as noites com aqueles gostosos que frequentavam a Paulista. Um sonho a seguia por anos e anos: ir a Disney. Juntava uma parte do salário para poder ir para lá. Lia livros sobre isso e separava os melhores hotéis que poderia ficar. Ela escrevia muito para relaxar, isso a fazia pensar melhor e descansar mais a mente.

Nina não possuía mais os mesmos horários livres que seus antigos amigos, e eles não eram as pessoas mais compreensíveis do mundo para isso. Brigavam com ela por estar trabalhando e não sair com eles. Será que esses pseudo-amigos nunca pensaram em sair depois do expediente dela? Ou mudar os dias e horários uma vez para acompanhá-la?

A melhor coisa que Nina fez foi ignorá-los e sair para se divertir com Gaby e Lilla. Ela queria aproveitar bem a vida, todos os momentos, mas sentia que algumas pessoas resistiam as suas ideias e isso a frustrava. Ela gosta de se sentir no controle, e conseguia várias coisas com sua beleza natural e argumentos. Tinham algumas pessoas que diziam não a Nina – essas vocês podem ter certeza, que a invejava muito – e ao falar não declaravam guerra, das quais sempre perdia a batalha, o bombardeio, a guerra, os namorados, enfim, perdiam tudo que Nina achava que a pessoa não merecia ter.

Para ela não importava o que os outros pensavam e sim em se sentir feliz com tudo aquilo. Queria permanecer acima, no controle e saber exatamente o que passava a sua volta.

Névoa VermelhaWhere stories live. Discover now