iii. jon

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J O N
— erros irrevogáveis;

A espada de madeira passou assobiando pela cabeça de Jon, um movimento desajeitado e ineficaz que poderia ser evitado até pelo mais inexperiente espadachim

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A espada de madeira passou assobiando pela cabeça de Jon, um movimento desajeitado e ineficaz que poderia ser evitado até pelo mais inexperiente espadachim. Quando desviou-se e ergueu a própria arma para contra-atacar, a espada da oponente — se é que poderia chamar assim — escapou entre seus dedos finos e caiu ao chão sem fazer barulho.

Kenna pisoteou a neve, frustrada, e abaixou-se para recuperar a espada de treino. Jon tentou esconder um sorriso.

— É pesada demais para mim — justificou ela, mas empunhou a espada outra vez mesmo assim. Ela era teimosa demais para não fazê-lo.

O sol ainda não havia nascido quando ela batera na porta de Jon naquela manhã, devidamente vestida para enfrentar o frio da manhã e determinada a tirá-lo do aposento privado antes que todo o castelo acordasse. Preciso de sua ajuda, ela dissera, sua voz suave como veludo através da porta.

E então, é claro, ele a abrira para ela, quebrando seu próprio voto, feito na noite anterior, de manter uma distância saudável dela. Estúpido, tão estúpido. Esse foi seu primeiro erro. Kenna deslizou para dentro do aposento tão rápido que Jon sequer pôde objetar antes que ela fechasse a porta atrás de si. Duvidava que aquela era a definição de uma distância saudável.

— É mais provável que algum guarda me veja lá fora do que aqui dentro — justificou ela, mas isso não fez nada para acalmar os ânimos de Jon, aflito com a ideia de serem pegos. Que haveria o senhor seu pai de pensar caso descobrisse? Ainda que não estivesse fazendo nada, as circunstâncias não favoreciam nenhum dos dois. Em breve Kenna estaria prometida à algum lorde menor, que não lhe daria grande poder ou muitos vassalos, mas que certamente também não seria um bastardo. Ela ainda era da Casa do rei Robert, uma Baratheon de nascença.

Pensar nisso fizera Jon sentir como se insetos rastejassem por sua pele, e ele afastou o pensamento.

Kenna havia até mesmo trazido para ele uma porção de pãezinhos recém-assados e queijo macio que tinha passado na cozinha para pegar. Coma, insistira, não quero que fique com fome.

E assim, como se fosse um pedido qualquer, Kenna Baratheon perguntara a ele se poderia ensiná-la a manejar uma lâmina, visto que a presenteara com uma no dia anterior e ela nada sabia sobre empunhá-la.

Naturalmente, Jon disse sim.

Seu segundo erro.

Agora encontrava-se em uma parte mais tranquila de Winterfell, próximo à Mata de Lobos, tentando realizar a proeza de ensiná-la os princípios básicos da esgrima antes que alguém no castelo desse pela falta deles, e tivesse de explicar o que estava acontecendo. Sequer sabia dizer quantas horas já tinham se passado desde que começaram, mas o sol já havia há muito nascido e conseguia ouvir os sons da floresta acordando; o farfalhar de folhas, o canto dos pássaros, o som estridente dos grilos. Fantasma, como chamara seu lobo, farejava a neve ansiosamente.

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