O sol brilhava sobre o convés. Anastasia estava na sombra, numa espreguiçadeira, observando a silhueta da ilha de Avala que desaparecia no horizonte, Christian segurava os controles e os dois estavam sozinhos, e assim continuariam pelos próximos quatro dias.
O homem que tinham deixado para trás, no hotel, era uma pessoa diferente do pai que ela havia conhecido nos últimos vinte e três anos. Claro que ele não estava feliz, se é que ficaria feliz algum dia, mas não importa o que Christian lhe dissera durante a meia hora que durara a conversa; o importante é que funcionara. Seu pai nunca a perdoaria por ter se casado para escapar ao seu domínio. Porém, pelo menos já não era mais uma ameaça. Christian não lhe contara o que tinha sido dito entre os dois nem ela perguntara, mas era evidente que a balança mudara de lado. Os olhos de seu pai estavam cheios de rancor quando olhara para ela, e havia também algo mais, quando lhe dissera:
— Você mesma quis assim, foi você quem escolheu. Não espere minha bênção, porque não vou dá-la. E, quando eu sair daqui, jamais, nos veremos de novo. Ficou claro?
Anastasia assentiu com a cabeça, os olhos enxutos. Esperava ter ficado despedaçada com suas palavras, contudo só o que sentia era uma sensação de alívio.
E, então, ele partira. Sua vida tinha mudado irrevogavelmente nessa uma hora em que seu pai estivera ali. Ela estava livre.
A ilha já ia se perdendo na distância e Anastasia se sentiu muito sozinha. Pelo menos em Avala havia outras pessoas. Logo que seu pai saíra, Christian mudara drásticamente. Era como se tivesse se tornado outra vez um estranho. Olhara para ela e perguntara secamente:
— Quando é que poderemos partir?
— Já estou pronta.
Que aconteceu? Christian era, de novo, aquele homem duro, de olhos impenetráveis, o mesmo desconhecido que se casara por seus próprios motivos egoístas. Era como se uma parede tivesse se levantado entre eles. Anastasia o observava, procurando algum sinal de amolecimento. Não havia nenhum.
— Então vamos partir logo! — disse ele, ríspido.
Foi até o telefone, comunicou-se com seus auxiliares, deu uma dúzia de ordens, avisou a Anastasia que estaria no escritório até partirem e foi só. Desde então não tinham trocado mais palavras.
Christian tinha levado sua bagagem para uma cabina confortável, com uma cama de casal, armários, prateleiras e um minúsculo banheiro adjacente com chuveiro e tudo.
— Esta aqui é sua cabina. A minha fica duas adiante. Sinta-se à vontade.
Tinha-o deixado e minutos depois o barulho dos motores mostrou que estavam navegando. Anastasia pusera um maio inteiriço preto e fora se estender na espreguiçadeira.
Agota já passava das onze horas. Ela ainda não tinha examinado o barco direito, mas era um lindo iate branco, de curvas graciosas, uma amurada circundando-o, de onde pendiam salva-vidas a intervalos regulares, e em cujo casco podia-se ler o nome em letras escarlates: HELENA.
Em volta dela só o mar, nenhuma ilha à vista. O calor intenso fez com que começasse a ter sede, aumentada pela visão dos borrifos das ondas contra o barco. Resolveu descer para ver o que haveria. Cinco portas se abriam para o pequeno corredor. A primeira à direita era a sua, a da esquerda dava numa pequena sala, que, por sua vez, se comunicava com uma copa. Um pequeno fogão, uma bela geladeira e diversos armários de fórmica branca se alinhavam; havia também uma boa pia, com escorredor de pratos, uma mesa fixa e dois bancos. Dentro dos armários todos os copos e pratos estavam presos, no refrigerador, uma profusão de frutas, carnes e verduras a esperava. Preparou um copo de leite e tomou devagar. E agora? Será que deveria ir ver se Christian queria beber alguma coisa?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Submissa a Christian Grey
FanficAnastasia já tinha sido avisada! Então, o que foi fazer naquela ilha deserta, no meio do oceano Pacífico, com Christian, um homem que amava e depois maltratava as mulheres? Ela pensou, em sua inocência, que podia conquistar Christian e fazer dele um...