Capítulo 7

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O sol brilhava sobre o convés. Anastasia estava na sombra, numa espreguiçadeira, observando a silhueta da ilha de Avala que desapa­recia no horizonte, Christian segurava os controles e os dois estavam sozinhos, e assim continuariam pelos próximos quatro dias.

O homem que tinham deixado para trás, no hotel, era uma pessoa diferente do pai que ela havia conhecido nos últimos vinte e três anos. Claro que ele não estava feliz, se é que ficaria feliz algum dia, mas não importa o que Christian lhe dissera durante a meia hora que durara a conversa; o importante é que funcionara. Seu pai nunca a perdoaria por ter se casado para escapar ao seu domínio. Porém, pelo menos já não era mais uma ameaça. Christian não lhe contara o que tinha sido dito entre os dois nem ela perguntara, mas era evi­dente que a balança mudara de lado. Os olhos de seu pai estavam cheios de rancor quando olhara para ela, e havia também algo mais, quando lhe dissera:

— Você mesma quis assim, foi você quem escolheu. Não espere minha bênção, porque não vou dá-la. E, quando eu sair daqui, jamais, nos veremos de novo. Ficou claro?

Anastasia assentiu com a cabeça, os olhos enxutos. Esperava ter ficado despedaçada com suas palavras, contudo só o que sentia era uma sensação de alívio.

E, então, ele partira. Sua vida tinha mudado irrevogavelmente nessa uma hora em que seu pai estivera ali. Ela estava livre.

A ilha já ia se perdendo na distância e Anastasia se sentiu muito sozi­nha. Pelo menos em Avala havia outras pessoas. Logo que seu pai saíra, Christian mudara drásticamente. Era como se tivesse se tornado outra vez um estranho. Olhara para ela e perguntara secamente:

— Quando é que poderemos partir?

— Já estou pronta.

Que aconteceu? Christian era, de novo, aquele homem duro, de olhos impenetráveis, o mesmo desconhecido que se casara por seus próprios motivos egoístas. Era como se uma parede tivesse se levantado entre eles. Anastasia o observava, procurando algum sinal de amolecimento. Não havia nenhum.

— Então vamos partir logo! — disse ele, ríspido.

Foi até o telefone, comunicou-se com seus auxiliares, deu uma dúzia de ordens, avisou a Anastasia que estaria no escritório até parti­rem e foi só. Desde então não tinham trocado mais palavras.

Christian tinha levado sua bagagem para uma cabina confortável, com uma cama de casal, armários, prateleiras e um minúsculo ba­nheiro adjacente com chuveiro e tudo.

— Esta aqui é sua cabina. A minha fica duas adiante. Sinta-se à vontade.

Tinha-o deixado e minutos depois o barulho dos motores mostrou que estavam navegando. Anastasia pusera um maio inteiriço preto e fora se estender na espreguiçadeira.

Agota já passava das onze horas. Ela ainda não tinha examinado o barco direito, mas era um lindo iate branco, de curvas graciosas, uma amurada circundando-o, de onde pendiam salva-vidas a interva­los regulares, e em cujo casco podia-se ler o nome em letras escarla­tes: HELENA.

Em volta dela só o mar, nenhuma ilha à vista. O calor intenso fez com que começasse a ter sede, aumentada pela visão dos borrifos das ondas contra o barco. Resolveu descer para ver o que haveria. Cinco portas se abriam para o pequeno corredor. A primeira à direita era a sua, a da esquerda dava numa pequena sala, que, por sua vez, se comunicava com uma copa. Um pequeno fogão, uma bela gela­deira e diversos armários de fórmica branca se alinhavam; havia tam­bém uma boa pia, com escorredor de pratos, uma mesa fixa e dois bancos. Dentro dos armários todos os copos e pratos estavam pre­sos, no refrigerador, uma profusão de frutas, carnes e verduras a esperava. Preparou um copo de leite e tomou devagar. E agora? Será que deveria ir ver se Christian queria beber alguma coisa?

Submissa a Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora