Capítulo 8

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Não! Desse modo estúpido não! Não era o que ela queria! Anastasia pegou a toalha de banho de cima da cama e se envolveu nela.

— Seu animal.. . seu animal.. .

— Sou um animal, não é? Vista-se ou vai se arrepender! Ainda havia aquela sensação de excitamento, só que misturada a uma raiva surda pela arrogância dele.

— Saia daqui! Saia! — gritava ela, enquanto Christian olhava para o corpo dela. mal coberto pela toalha. Seus olhos a percorriam toda, subindo lentamente para seu rosto numa inspeção quieta.

— Viu o bastante? — sussurrou ela. Sustentou seu olhar, desa­fiadora. Não seria ela a primeira a desviar o olhar. — Não tem nada a dizer? Nenhum comentário? Estou surpresa.

— Tão inocente — murmurou Christian baixinho. — Tão inocente. Então ela soube. Agora tinha certeza. As peças do quebra-cabeças se encaixavam. Ela até poderia repetir as palavras de seu pai, quando contara a Christian. Embora a frase de Christian tivesse sido dita bai­xinho, encerrava mais raiva e desprezo que se tivesse gritado. Ela replicou, irónica:

— Foi por isso que casou comigo, não? Pelo meu ar de inocência. Ah, e ia me esquecendo.. . classe! Minha aparência de classe e respeitabilidade. — Ela deixou que a toalha escorregasse um pouco. — E aqui estou eu, toda sua, pelos próximos seis meses, com toda a minha inocência. Pois muito bem, então agora saia para eu me vestir, a não ser que queira ficar para olhar o espetáculo!

Christian saiu sem nenhuma palavra. Anastasia deixou-se cair na cama. Acalmou-se, abriu o armário, deixando de lado o vestido amarelo, s escolheu uma roupa bem respeitável e simples, pelo menos em seu entender: camiseta vermelha colante sobre short de juta crua. Embora Christian não pudesse reclamar, pois era um tipo de roupa visto sempre em regiões de praia, ela estava contente em notar que o efeito era ainda um pouco mais devastador que o biquini. Total­mente recuperada, subiu para o convés à procura de Christian, mas nem sinal dele.

Ele estava no patamar de cima, nos controles do iate. Ela se apro­ximou da porta c perguntou:

— Está bem assim, meu dono e senhor?

Christian nem respondeu. A cabina de comando era pequena, mas belamente equipada. Dali de cima dava para se ter uma vista panorâ­mica por toda a volta. Christian estava entretido com uma série de mecanismos e ela percebeu, pelo barulho distante, que estavam levan­tando âncora. Só então é que ele falou:

— Vamos partir agora. Vá para baixo.

Olhou para ela rapidamente e voltou a lhe dar as costas.

— Quanto tempo você vai ficar aqui em cima?

— Durante todo o tempo em que estivermos em movimento.

— E quanto à comida?

— Só vou comer à noite, quando ancorarmos. Você. . . coma o que quiser, faça o que preferir.

Parecia ser o final da conversa e Anastasia, vendo sua total con­centração, desistiu e desceu a escada. Como é que ele conseguia mudar assim tão rapidamente, da raiva total para o máximo de frieza, em questão de minutos?

Anastasia olhou em torno de si, para o convés vazio. E agora, o que fazer? Christian nem tinha notado seu gesto de desafio. Claro que sua observação sobre o excesso de sol estava correta. Até que sua pele se acostumasse, ela não deveria abusar. Sem saber o que fazer, Anastasia resolveu voltar para sua cabina, desarrumar as malas e depois explorar o resto do iate.

Além de sua cabina, havia a copa, a salinha, a cabina de Christian, idêntica à sua, só que com uma cama maior, e uma outra, menorzinha, com duas camas embutidas. Então, o iate dava para seis pessoas, confortavelmente. Deu uma volta por tudo, examinando melhor o que havia, e terminou sua inspeção numa sala que mal tinha notado até então. Uma bancada baixa corria ao longo da parede externa, coberta por almofadas em cetim florido. O chão era acarpetado num tom marrom-escuro; havia uma mesa de madeira natural, presa no chão para não mexer com o movimento do iate. As gavelas da mesa revelaram um faqueiro de prata de primeira qualidade. Havia, também, um aparador, um armário e seis cadeiras, tudo na mesma madeira natural. As paredes eram creme, com três belos quadros e, em vez das escotilhas comuns, havia janelões de vidro que deixavam entrar a luz do sol por entre as cortinas parcialmente abertas.

Submissa a Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora