Capítulo 8

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- Abaixem as armas agora ou eu mato ela. - Ele diz, e tenho certeza que não é uma ameaça, ele vai me matar.


Não posso deixar que todos morram aqui. Se for pra morrer, que seja somente eu.


- Atirem nele. - Gritei chamando a atenção pra mim. - Atirem logo! Ou todos nós vamos morrer!


- Cala a boca, sua vadia! - Ele Gritou apertando ainda mais o braço, quase me sufocando.


Mas essa foi a distração, no que ele tirou a visão de mim, ele desviou o cano da arma para fora do meu rosto. Em em segundos vi uma bala atravessando sua cabeça. Seu corpo caiu no chão e com seu braço no meu pescoço eu caí também.


Rapidamente os meninos vieram pra perto de mim. Olhei e  vi que o único que estava com uma arma na mão era o Edu, ele que tinha me salvado.


- Obrigado. - O abracei, eu me sacrificaria para que eles ficassem vivos, mas não queria morrer.


- Você está bem? - Ele perguntou se afastando um pouco pra olhar em meu rosto.


Balanço a cabeça concordando.


- Nós ganhamos! - Grita Lucas e Matheus.


Dou uma alta gargalhada com seus pulos, eles são incríveis. Viro minha cabeça pra olhar Edu, ele estava olhando pra mim. Com isso tudo que passei nesses 3 dias, eu percebi que talvez não tenha um amanhã, então porquê não aproveitar.


Tomada por uma dose de coragem, estico meu corpo mais pra cima o beijando. Consigo ouvir os gritos de Lucas e Matheus, iria me separar achando que o Edu não queria me beijar. Mas sou surpreendida quando seu braço passa pela minha cintura e ele devolve meu beijo bem mais selvagem. Devo dizer que foi o melhor beijo da minha vida, não sei se pela adrenalina ou por ter desejado isso antes, mesmo não admitindo.


- Então, vai fazer algo de interessante no próximo sábado? - Perguntei um pouco ofegante.


- Sim, sair com a minha futura namorada. - Ele dá um sorriso completamente aberto.


- MEU CASAL!!! - Os meninos ficam gritando.


Damos risadas deles. Mas isso acaba quando escutamos carros vindo em nossa direção. Levantamos as armas, homens aparecem armados. Espera um pouco. São os homens que me trouxeram até aqui.


- Abaixam as armas, homens. Não estamos aqui para lutar. - Um homem de cabelos grisalhos saí de dentro do carro, não notaria sua idade se não fosse por seus cabelos brancos. - E tirem esse corpos daqui, isso me dá enjoos.


Alguns homens foram em direção aos corpos e os jogavam em uma outra vã mais afastadas.


- Parabéns por ganharem a primeira edição do jogo Free Fire com pessoas reais. - Ele diz com uma felicidade genuína. - Eu estava torcendo por vocês.


- Vocês estavam nos vigiando? - Edu pergunta dando um passo a frente. Me mexo para ficar ao seu lado, e percebo que os meninos também.


- Claro que sim. Tivemos que os avaliar, e vocês foram excelentes se quiser saber. - O sorriso falso em seu rosto estava me dando náuseas.


- Então podemos ir embora agora? - Lucas pergunta completamente grosso, parece que não foi somente eu que não fui com a cara desse velho.


- Claro... Mas tem um porém. - Agora seu rosto estava sério, ele percebeu que a cara de felicidade não funcionava conosco- Um de vocês deverá ficar, para participar da nossa jogada solo.


- Como é quê é? - Minha voz saí desacreditada.


Eles só podem estar brincando.


- Vocês estão falando sério? - Matheus diz também não acreditando naquela sacanagem.


- Eu vou. - Edu diz completamente calmo.


Todos viram seus rosto para o olhar, ele parecia decido. Como sempre, mas eu não podia permitir isso, acabamos de passar por um jogo mortal e ele quer ir novamente.


- Ótimo! - O velho diz com seu sorriso de volta a face. -Rapazes levem ele ao próximo jogo, já os outros três podem levar novamente a cidade.


- Nós não vamos embora sem o Edu! - Lucas diz e eu e o Matheus acentimos.


- Podemos fazer isso a força se quiserem. - Os homens começam a vir em nossa direção.


- Espera. - Edu se coloca a nossa frente- Me deixe falar com eles. Eles vão pacificamente.


O homem solta uma bufada, como se quisesse que fossemos levados a força. Mas concorda e sai com seus homens para mais distante.


- Você não pode fazer isso cara! É suicídio! - Matheus diz desesperado.


- Ele tem razão Edu, e se você não sobreviver na próxima? - Lucas também coloca sua opinião.


Eu não digo nada, não conseguia pronunciar nenhuma palavra.


- Olha, eu sei que estão preocupados, mas de nós quatro, eu sou o mais qualificado para isso. Além do quê, Matheus tem que falar com a mãe dele que deve estar muito preocupada porque você sumiu, Lucas você tem quê voltar pela sua filha. - Olhei surpresa para o Lucas, não sabia que ele tinha uma filha. - Eu sei porquê quando você estava dormindo, eu vi sua tatuagem no braço que diz " Minha filha, meu anjo, Alice" . Então você tem que voltar para ela. Vocês têm que voltar.


Vejo lágrimas nos olhos deles, eles não queriam o deixar, mas existiam pessoas lá fora que dependiam deles. Eles precisavam realmente voltar.


Eles concordam, os dois abraçam fortemente o Eduardo e vão em direção a vã preta.


Edu olha pra mim, e eu já não conseguia mais evitar as lágrimas de tristeza em meus olhos. Ele se aproxima calmamente e seca as lágrimas do meu rosto, e beija calmamente meus lábios, somente um selinho, mas que estava com o gosto salgado das lágrimas. Um beijo de despedida.


- Eu não quero deixar você. - Sussurro com a voz embargada.


- Eu disse à eles que deveriam partir, pois tem alguém lá fora que precisa deles. Eu preciso que esteja lá fora para que eu possa ganhar esse jogo e ir até você. Preciso que seja o motivo para eu não morrer aqui. - Ele sussurra e eu percebo que ele também está chorando.


O beijo novamente, dessa vez selando que eu o esperaria o tempo que fosse por ele lá. Minha vida inteira se necessário.


Somos separados quando dois homens vem em nossa direção, um me puxa para a vã preta e o outro puxa ele para um carro cinza. Antes de entrar na vã consigo lê em seus lábios a frase "Eu te amo".


Depois disso a porta é fechada. Eles fecham uma janela que poderíamos visualizar, um gás começa a sair de um cano. Eles vão nos apagar novamente. Mas antes disso acontecer, escuto o Matheus dizer:


- É bom vocês me visitarem em Osasco.


E então eu apaguei.

Entre Tiros E Balas (Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora