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Estou atrasada, E S T O U A T R A S A D A, caramba! Pego minhas chaves e corro em direção à porta, são 19 minutos para chegar na construtora, e estou pelo menos 10 minutos atrasada, preciso correr.
Corro com o carro, mas o trânsito de Seattle é terrível, pessoas buzinam a todo vapor, xingam uns aos outros, isso me dá dor de cabeça.
Começo a me sentir impotente, por não conseguir dar conta do recado, sinto uma pontada no meu peito e uma grande vontade chorar, debruço sobre o volante e me permito a cair no choro, está declarado, eu não sou boa nisso.
Me assusto com a buzina que me dão por estar parada no transito de merda. Limpo o rosto e continuo digirindo.
Saio do carro aos pulos, tentei pelo menos colocar uma roupa ajustável ao ambiente de trabalho, uma calça envelope preta, com uma blusa sem decote básica e um salto não tão alto, pois tenho muita dificuldade em andar.
Assim que entro na recepção, uma mulher de cabelo grisalho e brilhoso já está a minha espera, deve ter uns 65 anos, e antes mesmo de eu começar a falar, ela me interrompe:
-Eloah Lima, correto? - assento e ela logo continua sem me dar espaço para pelo menos dizer um "bom dia".
-Você está atrasada, e o chefe não gosta muito de atrasos, mas eu disse a ele que você teve um problema com o carro no meio do caminho, caso ele pergunte, já sabe o que responder, venha por aqui, e meu nome é Sabine, caso queira saber. - dou um suspiro de alívio e tenho vontade abraça- lá, nem a conheço e não há motivos por ela me livrar disso, então me sinto grata. E por algum motivo, parece que estou com a minha mãe. Sinto meus olhos queimarem, mas limpo com as costas da mão para ela não perceber e digo:
- Você não sabe o quanto me ajudou fazendo isso, Sabine. Estou muito grata e feliz pelo que fez por mim sem me conhecer. - ela da um sorriso de lado, o que me conforta mais ainda.
- A sala dele é aqui, bata e espere que ele abra.- ela da outro sorriso e sai pelo corredor longo.
Bato na porta uma só vez, e espero.

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