III

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   Sem perceber, Hades fitava Helena como um predador sondando sua presa. A garota não sabia onde enfiar a cara, desejou haver um buraco para esconder-se.

—Hades, que feio, Não olhe para a menina como se fosse devora-la.

   O deus voltou a realidade e encarou Pandora de cenho franzido. Duvidava das palavras daquela mulher, ademais, segundo ele, observava-a indiferente.

—O que á? Dirigir este tipo de olhar a uma mulher pode deixá-la desconfortável.

    Por um breve momento o deus manteve-se em silêncio, ainda desnorteado, até finalmente falar-lhe:

—Pandora, tens sorte de ser minha serva de confiança, caso contrário, já a teria jogado no Tártaro por conta de sua língua venenosa.

—Não excedasse tanto meu senhor! Helena, apresse-se, sim?! - Disse-a, mudando o rumo da conversa.

—C-certo.

   A jovem curvou diante do deus. A imaginação que o traíra novamente, cogitou outra ideia. Ademais, contendo-se, tornou-lhe a acenar positivamente.

Mas que diabos estou pensando?- Ele bateu-se mentalmente.

—Siga-me. - Ordenou mascarando os ideais.

    Pandora que a tudo observava, viu-os partir dalí. Ela sabia a tensão que ambos sentiam com suas presenças, entretanto, nada os avisaria. Em seu íntimo, ansiava em descobrir até onde tal jogo os levaria.

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    Helena seguia-o silenciosamente até onde quer que fosse. O deus nada explicara-lhe, o que causou em si certo receio do futuro que a aguardava.

    Os pensamentos da jovem foram cortados pelo som metálico do cadeado abrindo-se. Quando deu-se por si, já estavam frente a uma enorme porta dupla, talhada por arabescos dourados. Hades, que punha-se a sua frente, abria-a calmamente.

Entre. - Falou dando-lhe espaço ao lado do portal aberto.

    A jovem adentrou o cômodo, após um breve cumprimento agradecido, seguida pelo deus que trancou a porta atrás de si. Parada alí, meio a saleta, observou o local deveras embevecida. Como o esperado, o escritório tinha suas paredes adornadas por grandes prateleiras negras, repletas de todos os tipos de livros e pergaminhos, acima de sua cabeça um lustre de velas pendia, o mesmo era cravejado por cristais, tão caro quanto os itens da realeza, abaixo de seus pés, um tapete estendia-se, macio no estilo Persa de cor bege, este item era o único tom claro que diferenciava o recinto gótico. Seu olhar pairou sobre a mesa plana repleta por objetos de estudo, dentre eles alguns papiros áureos.

Tudo nesse reino é feito de obsidiana e ouro? ” - Questionou-se.

—Sente-se, Helena. - Falou o deus, interrompendo a inspeção da moça.

    Helena voltou a atenção a Hades, que já estava instalado confortavelmente numa poltrona atrás da mesa. A jovem aproximou-se, sentando-se sobre o klimo clássico, de cor escura, atribuindo total atenção a Plutão.

—Veja tais objetos sobre a mesa. - Iniciou, seguido por uma breve pausa. —São seus.

—Meus? Perdoe-me, ainda não compreendi vossa atitude. - Confessou-lhe confusa.

—Quando interpelei-a sobre sua leitura, tinha um objetivo em mente. Educarei-a como a verdadeira dama que é. - Explicou brevemente, excedendo as palavras habituais. —Seguirá uma rotina rígida. Todas as manhãs, após a ceia, treinará o toque da lira, aulo e harpa, junto a Pandora. Nas tardes venha até meu escritório, irei ensina-la a ler, escrever e contar. Será o básico de seu conhecimento. Após tais atividades, seguirá o dia em aulas de etiqueta e espada sob minha supervisão. Sabe cozinhar?

Hades: The SacrificeOnde histórias criam vida. Descubra agora