Pt2: Capítulo 6 - De Volta a Vida

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JOSIE POV

Ouvi a porta que dava para a cela se abrir e me virei para ver os fios loiros da minha mãe e de Lizzie tomarem conta daquele ambiente minúsculo. Senti o cheiro de plástico, e sob ele o cheiro de sangue. Me virei em um movimento brusco, ágil e encarei o olhar sereno da minha mãe que transparente preenchida até a metade com sangue.

Ela se aproximou da cela, esticou a mão pela grade e eu apanhei a garrafa, não sem antes sentir o toque quente da sua pele.

Dei um gole rápido no sangue e instantaneamente senti a diferença no gosto. Aquele sangue era mais amargo e grosso, diferente do líquido doce do qual eu tanto sentia falta.

- Vocês me trouxeram sangue de animal? - sussurrei, me virando para encara-las.

- Você está viciada, Josie... - Lizzie começou a dizer mas eu a interrompi.

- Vocês são patéticas! Vocês vem aqui todos os dias, dizer que me amam, que sentem a minha falta e me trazem essa porcaria de sangue de bicho? Saiam daqui!

- Josie... - minha mãe deu um passo em direção a cela mas logo parou. Seu rosto se manchou com o sangue da garrafa que rebateu nas grandes quando a joguei em sua direção, espalhando aquele cheiro azedo por todo lado.

O olhar de horror da minha mãe me abalou. Ela me encarava incrédula, pasma, triste. Eu fiz minha mãe chorar e nos braços da minha irmã ela encontrou conforto.

Já era a segunda vez que sentia minhas emoções arranharem a superfície, e eu não sabia se deveria me entregar a elas, se deveria ceder e deixar tudo isso para lá...

Não!

Eu precisava me manter forte, eu me lembrava de como era sentir tudo aquilo, todas as angustias, todas as dores, as dúvidas. Me lembro de como era não me sentir suficiente, de como era me sentir deixada de lado, de me sentir menos importante e eu não queria sentir isso novamente.

- Vamos sair daqui. - sussurrou Lizzie. Dei de ombros e voltei para a minha cama dura esperando o que viria a seguir.

Contudo, um barulho estrondoso fez com que eu me levantasse. Marcel caminhava imponente pelo ambiente e pediu para minha mãe e irmã se retirarem, o que elas logo acataram. Ele se aproximou e sorriu, não um sorriso gentil e cordial, mas um riso malicioso e sagaz.

- Você está causando um belo de um estrago com esse seu show idiota...

- Ah não me venha com mais essa! - disse - Mais uma tentativa ridícula de me trazer de volta?

- Não, não minha querida - ele ergueu um dedo no ar, se virou e em menos de um segundo voltou trazendo em seus braços Hope e Penelope. - Essa é a minha última tentativa...

- Você não vai fazer nada, nem adianta tentar me enganar com esse blefe inútil.

Marcel virou o pescoço de Hope para o lado e agarrou Penelope pelos braços, que se debatia e implorava para que ele não fizesse o que prometia fazer. De relance, vi uma mulher desconhecida, uma bruxa talvez, que estava entoando algum feitiço diante da porta de saída.

- Está vendo a minha amiga ali? Claire, o nome dela... Uma bruxa, leal a mim que está bloqueando os poderes da sua namorada número um aqui e impedindo que qualquer um nos ouça ou seja... Estamos sozinhos - falou Marcel vitorioso.

- Vossa alteza pode falar o que quiser, eu sei que você não vai matar ninguém. - dei as costas para ele e me sentei na cama, para acompanhar o seu show de um modo mais confortável - Hope é praticamente indestrutível e a Penelope... Bem, ela está mesmo um pouco ferrada.

- Josie, por favor... - a voz de Penelope estava realmente apavorada, lágrimas urgentes molhavam seu rosto e suas mãos trêmulas tentavam inutilmente afastar Marcel de perto de si. - Por favor, Jojo, ele não está brincando, é sério ele... Ele simplesmente não liga.

- Eu também não. - respondi.

- Bom saber. - disse Marcel.

O mundo parou por um instante e tudo ficou em câmera lenta. As mãos de Marcel escorregaram dos braços de Penelope para o topo da sua cabeça, ela arregalou os olhos ao perceber o que estava prestes a acontecer, mas Penelope não teve tempo de agir, de falar ou gritar, ele simplesmente virou o seu pescoço para trás e ela caiu, com os olhos abertos, vazios.

O som dos seus ossos quebrando ficou preso na minha mente e eu cai de joelhos, me arrastando até a entrada da cela, tentando alcança-la quando Marcel ergueu o corpo mole de Hope no ar.

- Eu aposto - disse ele, posicionando as mãos no pescoço de Hope - que, mesmo sendo uma tríbida, ela não vai conseguir viver sem cabeça, não é mesmo?

- Não! - a palavra me fugiu pelos lábios sem permissão. - Por favor, não faça isso...

Meus olhos corriam do corpo de Penelope que me encarava morbidamente e Hope presa nas mãos de Marcel. Mesmo que meu coração não batesse eu podia ouvir um zunido dentro de mim, sentia meu corpo estremecer e um frio se espalhando por todas as minhas extremidades. Eu queria agarrar Penelope e abraça-la, queria tirar Hope das mãos de Marcel e queria poder secar as lágrimas do rosto da minha mãe e da minha irmã que estavam batendo em uma parede invisível diante da porta de ferro.

Senti algo molhado escorrer pelo meu rosto, descendo pela minhas bochechas, passando pelos meus lábios e escorregando pelo meu pescoço. Eu estava chorando...

- Você voltou... - murmurou Marcel e a porta da cela automaticamente se abriu. Eu corri até Penelope e chorei sobre o seu corpo, chorei tudo o que podia e que não achava ser possível. Mãos suaves me afastaram e através da minha visão turva assisti Penelope se levantar.

- Deu certo... - os braços de Penelope abraçaram meu pescoço e seus lábios encontraram os meus em meio as lágrimas.

- Mas como... O que aconteceu?

- Marcel... Ele achou que esse era o único jeito de trazer você de volta - respondeu minha mãe que estava parada atrás do rei de Nova Orleans secando suas lágrimas - e deu certo.

Me virei para abraçar Hope. beija-la e pedir perdão por tudo de errado que havia feito nesse tempo, porém a vi ainda caída no chão. desacordada e sem dar sinal de que estava voltando a vida.

- Ela já deveria ter acordado... - murmurou Penelope.

- Vamos dar um pouco mais de tempo - respondeu Marcel - as vezes não é tão rápido mesmo...

Mas tempo não foi o suficiente. Levamos Hope para o nosso quarto e esperamos que ela acordasse a qualquer momento, eu sabia que algo estava errado. eu sentia isso porque a tragédia adorava a nossa companhia, mas somente quando o dia amanheceu e se pôs novamente que a mansão Mikaelson se colocou em alerta.

O que havia acontecido com Hope?

Último Recurso - Fic PhosieOnde histórias criam vida. Descubra agora