Capítulo 15

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Desde que Johnie aceitou a proposta da agência para ir estudar em Nova York, nós corremos contra o tempo, à fim de organizar todos os documentos necessários para a sua viagem. Passaporte, visto americano, currículo escolar e outra infinidade de papéis que serão usados na matricula da The Juilliard School.

Sua partida está programada para o final do mês e, mesmo que estejamos incessantemente tentando levar tudo com naturalidade, o peso da separação é, como dizem por aí, o elefante na sala de estar. Estamos ignorando a situação na esperança de que deixe de ser um fardo, embora isso seja algo impossível.

Eu tenho buscado me manter positiva diante a essa nova realidade, apesar do desânimo ser o meu companheiro constantemente. Aceitar que ele partirá em alguns dias não é fácil e não foram poucas as vezes em que o meu lado egoísta deu as caras e o meu coração gritou para que eu fosse contra.

No entanto, por mais que eu o ame muito e sofra com a ideia de que ficaremos longe um do outro, eu não seria capaz de privá-lo de realizar o seu sonho. O sonho que tanto o incentivei a seguir. Assim sendo, pelo seu bem, visto-me de forte e sigo em frente.

Quanto a John, o que percebo é que está em um misto de ansiedade e tristeza. Talvez por essa razão esteja agindo de maneira tão estranha ultimamente.

Mesmo com as nossas tentativas de lidar "normalmente" com a circunstância, ele parece disperso em alguns momentos e se esquiva quando pergunto o que está acontecendo, se algo o incomoda (além do óbvio).

Acredito que ter consciência de que em breve será o mais novo aluno da renomada The Juilliard School, porém, que deverá ir para outro país tenha criado um conflito dentro da sua cabeça. Afinal, da mesma forma que está sendo complicado para mim, está sendo complicado para ele. Por esse motivo, eu lhe dou espaço e respeito os seus sentimentos. Não há muito o que eu possa fazer além disso.

A notícia de que o meu garoto ganhou uma vaga para estudar em um dos mais prestigiados conservatórios de música do mundo surpreendeu a todos, especialmente o seu irmão, Jonathan. Tanto que ele "gentilmente" o convidou para viajar até a Cornualha, com a intenção de passar alguns dias com o caçula antes da viagem, uma vez que não poderia vir até Londres devido ao seu trabalho.

Claro que o convite pegou de surpresa, mas como Johnie já estava cogitando a ideia de voltar a sua cidade natal para se despedir dos tios (que não vê a quase três anos, embora se falem com frequência) e também do irmão, acabou aceitando, com a condição de que eu também fosse. Hesitei de início, porém, concordei.

Não será na mais alegre das situações que eu conhecerei os seus tios e a casa onde passou os últimos três anos antes de vir para a capital. Contudo, é melhor do que nada, não é?!

– Você acha que eu devo levar mais uma camiseta? Ou alguma outra coisa? – eu pergunto, colocando as roupas que separei dentro da mochila.

– Eu não sei, meu bem. Nós vamos para uma cidade costeira, então talvez seja bom levar mais algumas e que sejam leves. Essa época do ano faz bastante calor por lá.

– Huuummm...

– Pegou aquele vestido preto que você gosta de usar em casa?

– Sim, sim.

– Ótimo, porque eu adoro te ver vestida com ele. – dá uma piscadinha marota e eu sorrio – Principalmente quando não usa nada por baixo.

Jogo uma camiseta em sua direção, fazendo-o solta uma risada gostosa de se ouvir, a mesma que encher o meu peito de alegria e agora, inesperadamente, traz certa angústia. Será que vou conseguir ficar tanto tempo sem ouvir a sua risada?

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