Capítulo 06 - Por John

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As férias de verão desse ano começaram um tanto quanto conturbadas. Quatro dias depois que as aulas terminaram, descobrimos que Austin e Lowell haviam fugidos juntos. Ou melhor, eles mandaram mensagens para todos nós avisando que estavam indo embora à fim de viver as suas vidas longe daqueles que lhes faziam mal.
Clara e eu estávamos na minha casa no instante em que recebemos a notícia. Ela se pôs a chorar, num misto de alivio e tristeza (palavras dela) enquanto eu fiquei bastante surpreso com a atitude repentina deles. Porém, no fundo, eu sabia que uma hora ou outra os meus amigos acabariam tomando uma decisão desse tipo. 
Apesar de preocupados e tristes por não poder vê-los, todos nós concordamos que estavam certos. Após aquele episódio envolvendo a senhora Yule no colégio, talvez tenha sido de fato a solução mais "sensata". Enfrentar os seus pais seria uma burrice e, infelizmente, eles acabariam sucumbindo diante das ameaças que sofreriam.
É, foi melhor assim.
Ambos sabem que não vai ser fácil, mas, francamente, continuar em uma mentira seria muito pior. Os garotos, a Clara e eu mandamos mensagens avisando que poderiam contar conosco para o que fosse e eles afirmaram que manterão contato com frequência. Seja por mensagem ou ligação, sempre tentarão dar notícias.
O que nos tranquilizou consideravelmente, em especial a minha namorada.
Graças ao Sebastian, pude sair de férias também do karaokê. Sua vontade de arrumar um trabalho temporário veio bem a calhar, já que eu precisava de um substituto. Clara o indicou e não pensei duas vezes em apresentá-lo para a minha gerente. 
Ela aceitou logo de cara. Seb é proativo e bastante prestativo, além de se comunicar muito bem. Ainda que seja um quebra galho, eu não duvido que possa integrá-lo na equipe permanente caso ele faça um bom trabalho ao longo dessas duas semanas. Com as demissões dos últimos tempos, estamos mesmo precisando de gente nova.
Coloco a última camiseta dentro da mala e repasso mentalmente tudo o que devo levar de importante para a viagem. Nossa bagagem está quase pronta, à não ser por um ou outro detalhe, mas nada que vá nos atrasar ou fazer falta caso esqueçamos.
Verifico mais uma vez, só para ter certeza, e fecho o zíper logo que me certifico que não vou deixar nada para trás. Ajeito a mala ao lado das demais e me ergo para arrumar os itens de higiene na bolsa menor.
No entanto, assim que Clara entra no quarto vestida com uma das minhas cuecas boxer e uma blusa de alcinhas deliciosamente colada em seus seios, todas as minhas capacidades cerebrais evaporam. Bom, nem todas.
Meus olhos seguem os seus passos até a cômoda, onde agora há duas gavetas apenas para as suas coisas (além de uma parte do meu armário), e a admiram mexer distraidamente em suas roupas. 
Nunca vou cansar de apreciar essa mulher. Para mim, observar a Clara é sempre como a primeira vez. É o mesmo desejo, o mesmo revirar ansioso no estômago. O meu corpo inteiro entra num estado louco de tesão, de paixão, de tantas emoções que sou incapaz - e nem me dou mais ao trabalho de tentar - de controlar.
Sou arrebatado por ela todas as vezes. Por seus olhos escuros, seus lábios doces, sua pele quente... Por sua personalidade cativante, seu caráter, até mesmo o seu orgulho e teimosia que me tiram do sério... Sua forma de acolher a todos, de aconselhar e proteger... Tudo. Absolutamente tudo.
Eu simplesmente sou louco por tudo o que se refere a Clara. 
Definitivamente, eu não poderia - e nem conseguiria - amar outra mulher. 
Sem impor qualquer tipo de esforço, deixo que a força que me atraí a ela tome conta e a agarro firme pela cintura. Clara dá um pulinho de susto e acabo por sorrir. Como não poderia ser diferente, sinto uma ereção ganhando vida e não hesito nem um pouco em pressionar contra as bandas da sua bunda maravilhosa.
Ela suspira e eu já sou puro instinto. 
– Johnie...
Meto as mãos por debaixo do tecido da blusa e acaricio a sua barriga macia. Subo mais e apanho os seus seios redondos. Instigo os seus mamilos com os polegares, ao passo que os meus lábios se deleitam cobrindo o seu pescoço de beijos e lambidas. Meu pau, mais duro do que pedra, encontra abrigo entre o vão do seu traseiro malditamente sexy, onde me esfrego sem um pingo de vergonha.
– Está ansiosa para a nossa viagem? – sussurro, deslizando as mãos por seus braços até que apoie as suas na cômoda e fique bem empinada.
– Muito!
– Eu também. Passei as últimas semanas sonhando com isso.
Levanto um pouco a barra de sua blusa, expondo o elástico da cueca e brinco com a borda antes de abaixá-la até a altura dos seus joelhos, para que caia sozinha ao redor dos seus pés.  Roço as pontas dos dedos em seu sexo, de baixo para cima, e solto um gemido ao notar como está molhada. Tão entregue a mim quanto eu estou a ela.
– Que horas sai o ônibus mesmo?
– Daqui a uma hora, então... Nada de rapidinha demorada. Vamos fazer jus ao nome rapidinha dessa vez.
Nem pestanejo. Abro suas dobras com os dedos e meto o mais lentamente possível, para sentir cada centímetro me acolher até que eu alcance o fundo. 
Fecho os olhos e ofego, ouvindo-a gemer o meu nome ao estarmos completamente ligados. Seguro os seus cabelos e a tomo como adoro fazer e sei que também adora. 
Mesmo desejando passar o resto do dia fazendo amor, me apresso em nos levar ao orgasmo, que não demora a vir, intenso e totalmente passional. Continuo apertando o seu clitóris enquanto gozo e a sinto tremer em meus braços. Nossas respirações se unem no ar, tornando-se uma só. E mais uma vez, sou o cara mais feliz do mundo.
Como amo isso. Como amo essa mulher.
[...]
Torquay fica na costa sul do condado de Devon, à cinco horas de Londres. É uma cidade muito bonita. Graças ao mar e a corrente de vento quente, aqui faz bastante calor no verão, o que torna as praias bem atrativas. Sem contar suas áreas de beleza natural - ainda que não à ponto de serem consideradas turísticas. 
Apesar de ser tradicionalmente histórica, a cidade reúne vários programas legais para se fazer e lugares bacanas para visitar.
Nós nos hospedamos em um hotel que, apesar de ficar um pouco longe do centro, é praticamente ao lado da praia e a vista que temos é incrível. 
Assim que entramos no quarto, ficamos boquiabertos. Nem se compara com as fotos que vimos em nossas pesquisas. É mil vezes melhor. Sensacional! 
Conseguimos reservar o quarto Duplex Deluxe, o mais caro e requisitado do hotel. Com uma banheira de hidromassagem no terraço e a vista direta para o mar, dá para entender o porquê de ser tão procurado. Mas é nosso pelas próximas duas semanas. E, com certeza, saberemos aproveitar essa banheira a céu aberto muito bem.
Essa é a nossa viagem. Nosso momento.
E eu farei o possível e o impossível para que seja perfeito.  
Exploramos os ambientes e as engrenagens dentro da minha cabeça funcionam a mil, idealizando todas as loucuras sexuais que podemos cometer durante esses dias e nesse quarto - quem sabe fora dele também. 
Abraço-a por trás e apoio o queixo em seu ombro quando paramos em frente a porta do terraço. A hidromassagem está bastante convidativa e a brisa fresca vinda do mar mais ainda. Sua pele dourada reluz de uma maneira tão sensual, que faz o meu coração - entre outras partes - palpitar. 
Sei que praticamente acabamos de chegar, mas acho que já está na hora de batizarmos essa banheira enorme e podemos pular algumas etapas, não é?! Desmanchamos as malas mais tarde. Bem, bem mais tarde.
– O que acha de abrirmos um champanhe e aproveitarmos a hidro? – sugiro.
– É uma ideia perfeita. – vira o rosto e me beija de leve – Mas tudo bem se eu tomar uma ducha e me livrar dessa roupa suada antes? 
– Tudo o que você quiser, meu bem.
Beijo-a mais uma vez, porém, franzo as sobrancelhas ao notar sua expressão se contorcer em uma careta.
– Está tudo bem? – ela balança a cabeça, mas não me convence – Ainda é aquele mal-estar que sentiu no ônibus? 
– Só uma pontada na barriga. Já disse que não é nada demais. 
Clara se vira e me abraça. Aceito sua boca saborosa num beijo tão saboroso quanto e acaricio os seus cabelos com carinho.
– Vá tomar o seu banho. Eu arrumo tudo aqui, ok?!
Ela sorri e... Ah, cara... Meu mundo é movido por esse sorriso.
Clara me dá um selinho e desce as escadas para o quarto. Sozinho, ponho as malas em um canto e me apresso para preparar a hidromassagem. Ligo as torneiras para enchê-la e vou atrás do champanhe na cozinha (que segundo o funcionário da recepção, é cortesia) à fim de colocar no gelo. 
No entanto, quase deixo a garrafa cair quando ouço-a gritando um sonoro "merda!" da parte de cima. Largo o champanhe no balcão e subo como um raio. Nem pergunto se posso entrar, forço a maçaneta do banheiro e abro a porta.
Bem, eu tento. Porque o reflexo da Clara é bom o suficiente para me barrar antes que eu consiga ver o que está acontecendo.
– Clara, o que foi? – pergunto aflito – Você está bem?
– Sim, eu estou. 
Ela põe a cabeça timidamente pela fresta da porta, daquele jeito que acho tão bonitinho e me surpreendo ao notar suas bochechas muito vermelhas.
– O que aconteceu, meu bem? 
– Johnie, você... Você se importaria em descer e perguntar onde há uma farmácia ou loja de conveniência por perto?
– Ah, não. Claro que não. Mas para que?
Ela suspira e abaixa os olhos de forma significativa umas três vezes, e apenas na terceira que compreendo o que quer dizer. 
– É sério? – indago. 
– Pois é. Fiquei tão empolgada com a viagem que acabei esquecendo. Que raio de mulher esquece a própria menstruação? Pelo amor de Deus...
Dou risada. Ela deve ter ficado muito empolgada mesmo para esquecer algo assim. Isso explica o seu mal-estar ao longo da viagem. Pelo menos, não é nada grave.
– Eu vou procurar algum lugar por perto.
– Obrigada! – sorri um pouco constrangida – Tem dinheiro dentro da minha bolsa.
– Não se preocupe com isso. – viro para vestir uma camiseta limpa, mas paro e dou meia volta – Tem algo em especial que eu devo trazer? Quer dizer, um tipo em especial?
– Com abas.
– Com abas? 
– Você vai entender quando ver. 
Balanço a cabeça e saio do quarto. Visto a primeira camiseta que pego da mala, enfio a carteira no bolso e vou em busca de uma loja de conveniência nas redondezas do hotel. Por indicação de um funcionário, encontro uma a dois quarteirões.
Entro e, tentando ser o mais natural possível, caminho entre os corredores procurando o que vim buscar. Viro na seção de higiene e lá estão, bem no meio da prateleira, uma variedade tão grande que me sinto perdido.
Paro diante a montanha de pacotes de absorventes e, instantaneamente, tenho a sensação de que todos os olhos estão nas minhas costas. Espio de soslaio e realmente todos estão me encarando. Mas que merda! Sai do quarto decidido que era a coisa mais comum do mundo, mas, estando aqui e sendo o centro das atenções da loja inteira, entendo porque a maioria dos homens odeiam fazer isso.
Busco ser o mais rápido possível. Pego o primeiro pacote que leio "com abas" escrito e disparo para o caixa. A atendente olha para o pacote e para mim, faz isso umas duas vezes, e dá um sorrisinho brincalhão antes de me cobrar. 
Ok, isso foi muito constrangedor! 
Respiro fundo quando ponho os meus pés do lado de fora da loja de conveniência e espero alguns segundos para que o vento diminua o calor e a vermelhidão que provavelmente tomaram conta das minhas bochechas. 
Logo que entro no quarto, encontro Clara sentada na privada. Seus cabelos úmidos denunciam que tomou banho. Ela solta uma gargalhada ao ver a minha cara de derrota e levanta para me abraçar com força. Enlaço a sua cintura e permito que a vergonha se vá com esse gesto. 
– Obrigada, meu coelhinho lindo. 
Apesar de ter sido - muito, pra caralho - embaraçoso, também foi mais um nível que subimos em nossa intimidade. Afinal, você tem que amar demais uma mulher para comprar absorventes para ela e passar por toda aquela sessão de tortura psicológica.
Além disso, se eu quero que ela venha morar comigo, tenho que começar a me acostumar com situações como esta. O que, admito, não vai ser assim tão fácil.
– Foi muito constrangedor?
– Nem me pergunte...
Ela solta outra risada e me enche de beijos. Talvez eu realmente possa me acostumar, se a minha recompensa for essa.
Nossos planos para a hidromassagem mudam um pouco. Incluímos chamar os funcionários para secar o chão do terraço, já que deixei as torneiras abertas e a água transbordou. Fora esse pequeno imprevisto, bebemos o champanhe sentados na beirada da banheira, apenas com as pernas dentro d'água e curtimos a noite estrelada.
Nos dias que se seguem, passeamos por praticamente toda a cidade. Vamos as praias e os jardins. Conhecemos restaurantes incríveis e visitamos Greenway, a casa de veraneio da escritora Agatha Christie e que agora é um museu.
Dormimos agarrados todas as noites. Adormecer e acordar com ela nos meus braços só aumenta a vontade que tenho de gritar para o mundo que estamos juntos e assumir de vez o nosso namoro. Contudo, mais do que ninguém, eu sei o que assumir esse relacionamento implicará as nossas vidas. Por isso temos que ser cautelosos.
Cautela essa que da minha parte, sinceramente, torço para que dure até a formatura. 
Na manhã do dia vinte e sete, aniversário da Clara, abandono a cama silenciosamente para não acordá-la e corro até a porta para atender. Deixei combinado com o pessoal do hotel que entregasse uma bandeja de café da manhã com direito à, bem no centro dela, um bolo dos mais bonitos. De chocolate, o seu preferido.
Com cuidado, retorno para a cama e ajeito a bandeja na beirada de uma maneira que não possa cair e estragar tudo. Afasto delicadamente o lençol que cobre o seu corpo nu (enfim o seu período terminou e, embora eu tenha insistido que poderíamos transar, ela não quis. Bom, meu dever é respeitá-la. Mas tenho dentro da minha cabeça que esse é outro nível que temos que ultrapassar) e me posiciono sobre si.
Deposito beijos e mais beijos por todo o seu lindo rosto e sorrio ao notar os seus olhos tremulando e abrindo-se devagar. Um tanto sonolenta, Clara me observa.
– Feliz aniversário, meu amor! – sussurro em seus lábios e pressiono-os nos meus.
No instante em que me afasto, deparo com um sorriso tão maravilhoso que começo a rir feito um imbecil. Ela tem esse efeito sobre mim.
– Obrigada!
Ajudo-a a sentar e mostro a bandeja que mandei preparar especialmente para ela. Clara fita emocionada o bolo de aniversário e brinca com os meus cabelos, agradecendo.
– Como se sente fazendo vinte e oito anos? – pergunto, erguendo a sobrancelha de forma divertida.
– Você fala de uma maneira que faz com que eu pareça velha. – dá-me um tapinha no ombro – Idiota! 
– Francamente! Você pode ser linda, gostosa e muito teimosa. Mas velha? Jamais!
– Não tente me enrolar, senhor Berryann. Sei que é verdade.
– Vou ser o seu cuidador, então, senhora velhinha.
Clara solta uma gargalha e levo mais um tapa. "Cuidador uma ova!", ela diz.
Tomamos o café da manhã entre beijos e carícias. A comida do hotel é deliciosa, mas desconfio que seja a minha companhia que torne cada simples detalhe no mais espetacular.
Na hora de cortar o bolo, ela me surpreende ao espalhar uma boa quantidade de glacê no meu peito. Sabendo exatamente o que pretende, dou um sorriso de orelha a orelha e coloco a bandeja no chão, mantendo apenas o bolo sobre o colchão. 
Deito de costas e Clara me ataca, lambendo todo o doce. Sua língua percorre cada centímetro do meu peito e eu somente me entrego a sua ideia inusitadamente excitante. Acabamos comendo o bolo um no corpo do outro e fazendo uma bagunça.
No restante do dia, passeamos de mãos dadas no Babbacombe Model Village e almoçamos em um restaurante próximo da praia. E quando anoitece, jantamos a luz de velas no terraço do duplex.
O seu aniversário não poderia ser mais romântico e especial.
Sábado chega e com ele os meus dezenove anos. O primeiro - de muitos, assim espero - aniversário que comemoro com ela e eu não poderia estar mais feliz. 
Hoje é o nosso último dia em Torquay. Amanhã cedo voltamos para casa e, na segunda, para mais um semestre. O meu último semestre como estudante. Embora essa viagem vá deixar um gostinho de quero mais, sobretudo porque não teremos mais tempo e nem sossego para ficarmos à sós da mesma maneira que aqui, aproveitamos tanto que nem posso dizer que estou triste por estarmos as vésperas de voltar. 
Além disso, concordamos em trocar nossos presentes apenas em Londres. E tenho que admitir que estou ansioso para entregar o dela e receber o meu.
Resolvemos desfrutar o tempo que nos resta na praia. Descemos bem cedinho e ficamos até perto do meio dia, quando o Sol está mais alto. Mesmo com todo o protetor solar que levei, estou realmente bronzeado e a Clara... Digamos apenas que as marcas do seu biquíni vão me render algumas noites acordado e fantasias bastante estimulantes.
Em determinado momento da tarde, enquanto caminhamos entre as ruelas do bairro onde estamos hospedados, Clara pede para que eu vá comprar um bolo para comemorarmos o meu aniversário durante o nosso jantar de despedida. 
Digo que podemos pedir a alguém do hotel, mas ela insiste e insiste que eu vá. Óbvio que a ideia de que está preparando uma surpresa me vem à cabeça e não querendo estragar os seus planos, levo-a até a entrada do hotel e me dirijo a pequena confeitaria que há perto da loja de conveniência.
Demoro mais do que normalmente demoraria e ao parar diante a porta com a caixa de bolo nas mãos, reparo que uma música soa por detrás dela. É Aerosmith. Instantaneamente, abro um sorriso. Essa surpresa promete ser muito interessante.
Como o som vem do andar de cima, subo direto para lá. Nem faço uma pausa para guardar o bolo na geladeira, levo o pacote junto. Afinal, do jeito que situação está se desenrolando, acredito que também comeremos um no corpo do outro - estou torcendo para isso!
A cada degrau, visualizo uma bela mesa posta com direito a luz de velas e champanhe no gelo. Porém, tenho todas as minhas expectativas quebradas quando, ao passar a porta do quarto, deparo com Clara sentada de lado na cama e usando uma fantasia de coelhinha. Uma fodida fantasia de coelhinha!
A caixa do bolo vai ao chão. Simplesmente se espatifa e eu não dou a mínima. Minha respiração fica presa e eu arregalo tanto os olhos que chegam a arder. 
Observo-a atentamente, minha boca tão seca quanto o próprio deserto do Saara. Um par de orelha de cetim enfeita os seus cabelos soltos, meias compridas de renda e transparentes envolvem suas pernas, assim como um sutiã bonito de renda contorna os seus seios maravilhosos e... É isso mesmo que eu estou vendo?
Puta merda! Essa mulher quer me matar?
Notando o meu olhar, Clara sorri travessa e deita com a barriga para baixo, num gesto puramente provocativo, expondo o rabinho felpudo e branco de coelho. 
Ah, cacete! É um plug anal.
– Hoje eu vou ser a sua coelhinha. – ela diz. Sua voz é tão sensual, que imediatamente eu levo a mão até a minha ereção e a aperto.
Ela fica de joelho na cama, colocando as mãos entre as coxas e automaticamente apertando os seios, e meu coração bate desgovernado diante de sua imagem explicitamente sexy. Sério, é hoje que a Clara me leva a insanidade.
Pode ter certeza que vamos transar como dois coelhos essa noite.
– Eu... Eu... – tento falar, mas soa patético.
Clara volta a sorrir e me chama com o dedo. 
– Vem aqui com a sua coelhinha.
Antes do meu cérebro processar a informação, já estou plantado diante a beirada da cama. A sua visão de cima é ainda melhor e faz o meu membro pulsar, o que atrai os seus olhos para a região. Seus dedos deslizam pelo tecido da calça e me seguram com uma firme gentileza. Nem tão forte e nem tão fraco. Perfeito!
– Gostou da surpresa? – pergunta, me acariciando.
– Se eu gostei? – olho para baixo – Você ainda tem alguma dúvida?
– Como é o seu aniversário, eu vou fazer tudo o que você quiser.
Ela dá risada e me masturba com mais afinco. Tombo a cabeça para trás, desfrutando de todas as sensações que me causa, mas logo estou admirando-a de novo. 
Incapaz de conter a vontade de ter a sua boca na minha, embrenho os dedos entre os fios do seu cabelo, tomando cuidado para não derrubar as orelhas, e trago o seu rosto para próximo do meu. Eu a beijo com toda a minha fome, toda a minha cobiça, e deliro com a sensação das nossas línguas se enroscando fervorosamente.
Minhas mãos contornam as curvas de suas costas, deleitando-se com cada pedaço, e se detêm em sua bunda rechonchuda e a apertam com desejo. Posso sentir a pelagem do rabinho roçando na minha pele e nem pestanejo em escorregar os dedos para tocá-lo.
Movo delicadamente o plug e Clara solta um gemido que dispara todas as terminações nervosas do meu corpo. Se meu pau estava duro antes, agora está em ponto de bala. 
– Você gosta que eu mexa no seu rabinho, coelhinha?
– Ah, gosto... Gosto muito...
Continuo movendo o plug com suavidade enquanto me delicio com os seus lábios e massageio um dos seus seios. Noto quando começa a desabotoar a minha camisa e, em seguida, ofego com as suas unhas deslizando no meu abdômen.
Se ela seguir me tocando e gemendo desse jeito, vou acabar gozando antes da hora.
– Já que a coelhinha fará tudo o que eu quiser, aqui vai o primeiro pedido. – levanto e me afasto alguns passos – Deite com as pernas bem abertas e toque-se para mim.
Arrasto uma das poltronas para que fique de frente com a cama, tiro as roupas e me sento nu, tendo uma visão privilegiada. Clara engatinha até o centro do colchão, remexendo os quadris e movendo o rabo felpudo de coelho de um lado para o outro, deitando-se com a barriga para cima em seguida. Sem qualquer vergonha, separa bem as pernnas e se exibe para mim. Com os dedos, separa os lábios e os acaricia devagar.
Estimula-se, provoca-se, e me faz salivar.
Instintivamente, começo a me masturbar. Assistir como dá prazer a si mesma é espetacular. Seus gemidos vibram em cada célula minha. Não posso tirar os meus olhos dela, simplesmente não posso. É hipnotizante de tão lindo. 
Sem aguentar mais um minuto sequer, subo na cama e a pego pelos tornozelos, puxando-a contra mim. Nossos sexos se chocam e tenho que me controlar muito para não penetrá-la de uma vez, apesar de os seus olhos praticamente me implorarem isso.
– Vamos brincar de meia-nova agora, coelhinha. O que acha?
Arfante, Clara balança a cabeça e permite que eu a manipule ao meu bel-prazer. Nosso prazer. A encaixo por cima, sua umidade praticamente esfregando no meu rosto. Seguro firme as suas coxas e meto-lhe a língua, sinto a textura suave das meias que usa. Ela grita e sacode, mas a mantenho parada para chupar tudo o que tenho direito. 
No instante em que seus lábios habilidosos abrigam o meu pau, quem sacode e rosna sou eu. Apreciando das suas sucções, me esbanjo com que me oferece. Lambo, mordo e chupo. Divirto-me com o seu botão inchado e deliro de tesão graças às sugadas que me dá. Para cima e para baixo... Para cima e para baixo... Me engole e suga da maneira que apenas ela sabe.
Sentindo que posso gozar outra vez, agarro gentilmente os seus cabelos e a afasto, deixando-a sentada sobre a minha boca. Devoro a sua boceta por mais alguns minutos até que se entregue ao orgasmo para que eu o beba todo. Um agridoce viciante.
– Como você é saborosa, coelhinha.
Desfero um tapa leve em sua coxa para que saia de cima. Dou-lhe uns segundos para voltar a respirar normalmente e se recuperar do primeiro orgasmo. Mas são míseros cinco segundos, porque no sexto já estou beijando-a novamente.  
– Fique de costas. Quero ver o seu rabinho enquanto te fodo.
Lançando-me um sorrisinho safado, Clara põe uma perna de cada lado do meu quadril e toma as rédeas ao me posicionar na sua entrada pra lá de molhada. Sem cerimônias, procura apoio nos meus joelhos e afunda em mim, arrancando suspiros de nós dois.  
Ela se ergue mais uma vez e afunda. Se ergue e afunda. Lentamente e, aos poucos, mais rápido. Cavalga num ímpeto que me tira todo o fôlego e me leva a loucura. Sua bunda empinada evidencia o plug anal, balançando a bola felpuda branca para cima e para baixo. Aficionado e ciente das sensações que pode provocar, seguro-o e o mexo para dentro e para fora, giro e o empurro mais para o fundo enquanto Clara rebola no meu colo. 
Seus gemidos ficam mais altos e desesperados. Ela está tão molhada, quente e palpitante, que não conseguirei interromper uma terceira vez o orgasmo. 
Clara se curva para trás e espalma as mãos no meu peito. Se esfrega em mim com tal angústia, que tudo o que faço é segurar firme em sua cintura, afundar os dentes no lábio e deixar que busque o seu segundo gozo. 
De repente, ela grita. Mas, diferente das outras vezes, é um grito que reverbera de tamanha força. Seu corpo inteiro treme e sinto algo escorrer para as minhas bolas e em segundos encharcar, não apenas elas, como a parte interna das minhas coxas também. 
Fico desconcertado. Não me diga que... Ela realmente fez...
– Eu não acredito! – ouço-a sussurrar, ainda ofegante.
Por um instante, não sei o que dizer. No entanto, me apresso em tentar confortá-la. 
Imprevistos acontecem, não é?! 
– Ei, não se preocupe.
– Johnie...
– Imprevistos acontecem e...
– John, eu acabei de ejacular.
– O que?
Me contorcendo todo para conseguir sentar, seguro-a pela cintura e olho por cima do seu ombro. Há uma mancha enorme no lençol. Passo a mão entre as suas pernas e nos meus testículos, nas coxas, sentindo tudo muito molhado.
Cara, não posso acreditar! Ela ejaculou mesmo?! Quer dizer, eu sabia que ejaculação feminina existia, mas nunca pensei que... Wow!!!
Se o meu ego já era grande por fazê-la gozar sempre que transamos, agora eu tenho autoridade para me gabar que fiz a minha mulher ejacular.
Saber que consegui levá-la a um orgasmo tão intenso realmente me deixou muito excitado - e, inesperadamente, muito feliz. 
– Vamos para a última brincadeira dessa rodada, coelhinha? – sussurro e ela concorda, soltando uma risadinha – Quero comer esse seu traseiro maravilhoso. Pode ser?
– Depois desse orgasmo incrível, você merece um bônus.
Beijo a sua nuca carinhosamente e me estico para alcançar o lubrificante na gaveta do lado. Despejo uma boa quantidade na minha ereção e espalho. Com cuidado, tiro o plug de coelho e o jogo para um canto qualquer. Pressiono sua coluna para baixo, deitando metade do seu corpo no colchão e mantendo seus quadris no alto.
Cravo os dedos em sua carne macia e cheirosa e vou me enfiando aos poucos. Graças à sua excitação e o lubrificante, consigo deslizar para dentro com facilidade. Devagar, me empalo até o mais fundo possível e um gemido alto me escapa. Mais uma vez, estamos completamente unidos, sexual e emocionalmente.
Meu estômago contrai com a primeira estocada, anunciando que não vou durar muito tempo, especialmente com suas paredes internas me pressionando tanto. 
Mais uma vez, e outra, e outra...
Meto no seu cuzinho apertado lenta e profundamente. Contudo, na beira do orgasmo que retardei duas vezes, acelero os meus movimentos e seguindo o desejo de esporrar em suas costas, deixo que o meu líquido escorra em sua pele dourada no segundo em que um terceiro orgasmo lhe acomete. e sou o cara mais satisfeito do mundo.
Caímos exaustos e durante longos segundos apenas o som das nossas respirações é o que se ouve. Obrigo todos os meus músculos cansados a se moverem, levanto e pego alguns lenços de papel para limpar as costas de Clara, que nem se mexe.
– Está tudo bem?
Ela solta um resmungo manhoso e eu sorrio. Me deito ao seu lado assim que termino e só então reparo que as orelhas já não estão mais na sua cabeça. 
Acaricio seus cabelos, ajeitando uma mecha fujona.
– Também percebi agora pouco que caíram. – ela comenta.
– Acho que estávamos ocupados demais para notar esse detalhe.
– Pois é.
Me aproximo mais, pondo sua cabeça sobre o meu peito.
– Até agora não consigo acreditar que você ejaculou.
– Eu menos ainda. Só senti algo muito intenso e, quando dei por mim, estava soltando líquido para tudo quanto é lado. 
– Para ser sincero, eu pensei que você tinha feito...
– Eu também!
Nós dois rimos e eu a abraço forte.
– Amo tanto você, Clara. Obrigada pela surpresa.
– Eu também amo você. – apoia o queixo e me encara – Adorei ser a sua coelhinha por uma noite, mas prefiro ter um coelhinho.
– Fique sabendo que a sua noite como coelhinha ainda não terminou. – toco a ponta do seu nariz – Nosso ônibus sai as onze, temos bastante tempo até lá.
– Ok, ok. Mas você vai usar o rabinho na próxima.
– Posso pensar no seu caso.
– Sério? – arregala os olhos, visivelmente esperançosa.
– Não. Mas posso sair para comprar outro bolo, já que o choque me fez destruir o primeiro.
– Não, fique aqui comigo. – prende os braços ao meu redor como um filhote de coala e me beija – Tudo o que eu quero é você aqui comigo.
– E tudo o que eu quero é ficar com você.
Ao longo da noite, a nossa brincadeira continua. Isso até apagarmos esgotados perto das cinco da manhã.
Depois do café e uma última visita ao mar, pegamos as nossas coisas e damos "até logo" a Torquay. Porém, planejando mais momentos com os que tivemos para as próximas férias.

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