Ainda me sinto uma intrusa

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POV. Nimphadora D'lioncourt Greyback

Eu estou no meu antigo quarto com Cruella deitada em meu colo e um marido nervoso andando de um lado pro outro no quarto.
- Querido, vai acabar abrindo um buraco no chão. -Ele, finalmente, pára e me olha com o olhar inconformado e continuo- Eu sei que você está zangado com seu pai, mas eu tenho certeza que ele não fez por mau.
- Não é por causa disso, meu bem, não mais, pelo menos, eu ouvi a bronca que ele levou da minha mãe. O que eu não entendo é: como eles estão dispostos a ir tão longe por causa de Lucrecia. Ela era uma péssima líder e os usou pra conseguir o que queria, tanto que todos perderam o direito a "imortalidade" pelo o que fizeram, de que valeu a pena? E, ainda por cima, querem matar nossa filha que não tem culpa de nada. Eu sabia que me casar com você traria conseqüências, mas eu não imaginei isso... - quando ele disse isso eu o olhei.
- Está dizendo que se arrepende de ter se casado comigo, Theon?
- Não meu amor, não me arrependo de nada, demoramos dois mil anos para conseguir desfazer o ódio que foi implantado em nossas famílias e nem o conseguimos fazer totalmente, mas, o que fizemos, foi um grande passo, tanto que passaram a se tolerar mais... Quero dizer, quando você imaginou Viktor estendendo a mão para Vladimir num pedido de desculpas? Tudo bem foi contrariado, mas ainda sim. Então, se eu soubesse que tudo pelo que lutamos, levasse ao dia 31 de outubro de 1668, eu faria tudo de novo.
Ele deu um beijo na minha testa e olhou para nossa filha.
- Lembra quando disse que estava grávida de novo? Você simplesmente entrou na cozinha e disse a seguinte frase: "Estou grávida".
- Como esquecer... Depois que falei que era uma menina, você e Remo quase entraram em colapso dizendo "como vou manter os marmanjos longe dela?", o sorriso de Rômulo estava quase rasgando o rosto dele de tão largo e Sirius quebrou minha travéssa favorita deixando ela cair no chão.- disse rindo, ele ia falar alguma coisa, mas Cruella acordou.

POV. Cruella Lorna D'lioncourt Greyback.

Que dor de cabeça horrível...
- Ela está acordando. - ouvi uma voz, que parecia ser da minha mãe.
Abri os olhos, no início arderam por conta da claridade, mas logo se acostumaram e eu pude ver onde estava: um quarto enorme, que parecia antigo, decorado de uma forma luxuosa. Então focalizei os rostos com semblantes preocupados de meus pais.
- Como, se sente meu bem? Lembra de alguma coisa? - minha mãe pergunta.
- Estou com uma dor de cabeça tremenda... A última coisa de que me lembro é: meu avô dizendo que estou sob ameaça de morte e...
A porta se abre num rompante, revelando minhas avós e, por um momento, me permiti analisá-las melhor: Nora, loira de olhos azuis e Wahlburga morena de olhos castanhos, ambas trajadas de tal elegância que as próprias princesas e rainha da Inglaterra se sentiriam mal vestidas se estivessem no mesmo cômodo que elas, suas pinturas não faziam justiça a sua real beleza imortal.
- O jantar está pronto. - disseram juntas.
- Cruella, meu benzinho, vamos te mostrar o seu quarto. – Nora disse.
Elas me mostram meu quarto, sempre frisando que era improvisado e que irão decorá-lo melhor depois, porque não conheciam meus gostos e tudo mais, então a decoração que tinha foi baseada em mensagens trocadas com minha mãe. Já eu digo que adorei quarto e é verdade o quarto é muito bonito e bem simples, comparado com o resto da casa, em compensação, o banheiro é um luxo puro: igualmente grande decorado e com todas as prateleiras e armários preenchidos com coisas das quais eu nem sei para o que servem, uma banheira enorme e uma bancada com pia também grande, um espelho pendurado na parede em cima da pia, que apesar de não ser de corpo era proporcionalmente grande, todo em tons de azul gelo, salmão e dourado. Passando para o closet: meu queixo caiu quando vi o tamanho dele, as portas eram todas espelhadas, e iam do teto ao chão, uma penteadeira com uma cadeira, tudo em tons de branco e cinza bem claro. Não trouxe muitas coisas de minha casa na Austrália, apenas três malas ainda com muita insistência de minha mãe, uma mala e meia com o necessário, o resto só pra encher lingüiça, ainda sim não preencheria nem metade da metade do closet. Minha mãe briga comigo por causa disso, ela diz que eu puxei meu pai nesse aspecto, "- Você é muito básica, Cruella! -" é o que sempre diz, não é pra menos, eu NUNCA faço compras por conta própria, sempre que faço minha mãe vai junto pra me ajudar, porque eu nunca sei por onde começar. Eu sempre fui desse jeito, falta de uma presença feminina não é, por mais que eu evite fazer amigos, no meu círculo de amizades somos quinze: treze meninas, um menino (Ps1: ele é gay) e eu (Ps2: todos de outros clãs imortais que eu conheci graças às visitas de negócios que meu pai recebia por conta da empresa), mas somos um grupo bem fechado, nunca conheci nenhuma de minhas primas até hoje. Não que eu me vista mal, eu sei me vestir, tenho meu estilo, mas eu não invisto nisso e nem produtos de beleza, tanto que é bem raro me ver de maquiagem, porque não dá pra usar maquiagem no calor dos infernos da Austrália, mesmo no inverno: é capaz de você ser perseguida por um dingo a voltar toda suada ofegante pra casa, isso se não for devorada e nem voltar. Mas deixa isso quieto, depois eu converso com minha mãe e vamos fazer compras.

*pula para o jantar, já de banho tomado, linda e plena (nem tanto) *

Sinto-me uma completa estranha na mesa de jantar, até meus irmãos parecem ter se enturmado, pois estavam com nossos primos num canto da mesa, Rômulo esta numa conversa, que parece muito interessante, com Bruce e Connor; Remo parecia estar se divertindo com Kane e Adam; e Sirius esta com Bryn, Damon, Louis e Troy. As meninas estão conversando entre si e eu comendo sozinha no meu lugar que fica entre os meus pais, como sempre. Minha linha de raciocínio foi cortada por Abraxas, ainda é estranho chamá-los avôs:
- Aham! - todos olharam pra ele - Queria aproveitar o momento para pedir perdão a você, Cruella, pelo modo que falei hoje mais cedo.
- Não foi nada, meus pais me disseram que era coisa séria, mas eu não imaginava aquilo.
- Ela fala! - disseram num tom de falsa surpresa, já reconheci pela voz.
- Lorie! - A mãe dela a repreende, ela abaixa a cabeça e fica quieta.
- Agora esqueçam isso, meus queridos. - Narcisa disse - hoje é um dia de celebração, afinal nossa família está junta de novo. E também não há muito que fazer, eles (os Druidas) nos colocaram em um tabuleiro de xadrez, o primeiro movimento foi deles quando nos ameaçaram, nós fizemos o nosso convocando a todo o clã, só nos resta esperar o próximo movimento deles e, dependendo de qual for a investida, Arcturo e Abraxas estão fazendo de tudo para que estejamos preparados e estão dispostos até a tentar entrar em contato com os clãs imortais que restam, e não restaram muitos, infelizmente, apenas 25 clãs, contando conosco, os D'lioncourt e os Greyback. E, também, somos os mais numerosos...
- 22. - meu pai interrompeu, deixando minha avó confusa, então continuou:
- O nosso clã só pode contar com 22 clãs.
- Como pode dizer isso, meu filho? Todos fizeram o juramento. - Wahlburga fala.
- Podem até ter feito, mas quando nos reunimos contra os Druidas para findar a Grande Guerra nem todos o honraram. Os Holopainem, não satisfeitos em ter desonrado o juramento, tiveram a coragem se aliar aos inimigos. Nerus só está vivo porque meu pai e Arcturo mostraram clemência e votaram contra a execução dele por traição.
- Sabemos disso, meu genro, mas esperamos que honrem desta vez. - Arcturo encerra a discussão e o jantar em família continua.
Antes que me esqueça: lembra quando eu disse que havia me surpreendido com Lorie? Pois é, tava errada apaga.

Shattered Between Blood, Tears & GlassOnde histórias criam vida. Descubra agora