Pedido de Desculpas? Eu acho que não

34 1 2
                                    

POV. Autora (depois do jantar um tanto quanto estranho)

Demétria e Hunter puxaram Lorie para o escritório de Arcturo.
- O que foi aquilo? - Demétria estava furiosa.
- Foi só uma brincadeirinha pra descontrair.
- Seu tom de voz indicou o contrário. - Demétria apontou.
- A culpa não é minha se ela é esquisita, mãezinha. Ela não disse uma palavra até a hora do jantar, ela não tentou nem se enturmar com alguém. - Lorie tentou se defender.
- Ela não teve tempo pra isso depois que Abraxas jogou aquela bomba em cima dela. - Ela disse se referindo ao desmaio de mais cedo. - Imagine se fosse você no lugar dela: tendo uma vida normal e, de repente, recebe uma notícia de que vai ter que sair da sua casa, do lugar onde você morou a sua vida toda e ir pra um país diferente para morar num lugar que só tinha ouvido falar que existe, conhecer pessoalmente o resto de sua família, do qual a única coisa que sabe sobre eles são histórias do passado e chegar aqui ser recebida com uma ameaça de morte que lhe foi jurada séculos antes de você nascer e, ainda por cima, fazem uma piadinha de mal gosto, que ninguém mais achou graça. E eu também não entendo, até ontem, você estava tão animada para conhecê-la, o que mudou?
- Eu estava animada, mas aí eles chegaram e todo mundo começou a falar deles. Do nada, eles passaram a ser o principal assunto das meninas e dos meninos, inclusive, elas babando por causa dos irmãos dela e eles babando por causa dela. Isso quando todos não paravam e ficavam falando coisas do tipo: "ai, os irmãos dela são muito legais", ou " ela se parece muito com a Nimphadora " ou " gente! Ela parece uma boneca de porcelana", ou "deve ser duro, né!? Receber uma notícia dessas do nada". Como eles podem estar preocupados com ela: a garota que, até ontem, ninguém sabia que existia? Caramba! todo assunto que era puxado entre a gente acabava, principalmente, nela. - Lorie disse indignada.
Hunter, que estava quieto até agora, se pronunciou:
- Eu aguento suas ceninhas a tempo suficiente pra saber que só está querendo atenção. Você nunca teve um único problema na vida e sempre que alguma coisa não acontece do jeito que você quer, arma um escândalo. E você vai pedir desculpas para ela.
- Esse não é o ponto, paizinho...- ela mesma se interrompeu quando percebeu o final da frase. - como é!? Claro que não!
Essa foi a gota d'água para Hunter perder a razão, coisa que raramente acontecia, a última vez que Demétria se lembra de ter visto seu marido desse jeito foi há séculos atrás: quando ele soube que Nerus Holopainem havia traído o juramento. Nem quando ele descobriu que Theon e Nimphadora estavam juntos ele havia ficado assim.
- Lorie Wasicowska D'lioncourt, você vai para aquela sala, agora, pedir desculpas a sua prima. -
- Usou meu nome completo. Você nunca usou meu nome completo.
- Depois direto pro seu quarto, está de castigo por tempo indeterminado. Me entendeu?
- Sim, pai. - respondeu de cabeça baixa e saiu do escritório.
Avistou Louis, que estava conversando com os outros primos, os irmãos de Cruella haviam subido para desarrumar as malas junto com a mãe deles, enquanto o pai foi conversar com seu pai e seu sogro no jardim.
Sentou ao lado do irmão mais velho, este, por sua vez, não lhe dirigiu um olhar se quer.
- ... - ela começou, mas ele a cortou
- Espero que não tenha dado um de seus ataques de futilidade, lá dentro. - ele a olhou, o olhar dela a denuncia.
- Ele usou meu nome completo, Louis. E ainda disse para me desculpar!
- E acha que nosso pai está errado? - Ele pergunta, elevando o tom de voz. - Lorie, pedir desculpas é o mínimo que você pode fazer, depois de ofender a menina. - Angelique, entra na discussão.
- Isso não é da sua conta, Angelique. - Lorie retrucou. - Vocês vão lá comigo? - perguntou se dirigindo aos outros primos.
- Claro que não, essa responsabilidade é sua! - Adam.
- Não temos culpa se você não sabe à hora de calar a boca. - Kahlisse.
Louis, pensa por um momento, dá um olhar significativo para os outros e diz:
- Nós vamos, mas você é quem vai falar.
Então, meio contrariados, se levantam e vão para o outro lado da sala, onde Cruella estava sentada.

POV. Cruella

Estou no sofá, mexendo no celular, pra dar uma relaxada, antes de subir e desfazer as malas. Do nada ouço alguém limpar a garganta, então eu levanto a cabeça, só para encontrar TODOS os meus primos fazendo um círculo envolta de mim, com Louis e Lorie no meio, ela me encarando de um jeito que eu acho que era para ser intimidador, mas esta parecendo um mix de raiva e... ciúmes, talvez? Louis dá uma cutucada nela, então, ela solta a pérola:
- Sinto muito pelo comentário na hora do jantar. - nem espera minha resposta e já vira as costas e sobe as escadas. Ela não quis dizer nada daquilo, dava pra ver. Todos estamos olhando para a direção em que ela foi, o irmão mais velho dela com um olhar reprovador, os outros com um olhar de tédio. Quando ela desaparece no topo da escada, ele vira para mim e diz:
- Não esquenta com isso não. Ela sempre faz isso quando alguma coisa foge do controle dela.
- Tudo bem... Eu acho. - respondo.
Asteria ia falar alguma coisa, mas foi cortada pelo barulho de algo quebrando do lado de fora da casa, seguido por uma gritaria, da qual a voz que se destaca é a do meu pai. Todos fomos pro jardim e nos deparamos com a seguinte cena: um moleque, que eu nunca vi na minha vida, caído no chão e meu pai furioso sendo segurado pelos braços por Trevor e Aaron. Ele me vê e se acalma um pouco, eles o soltam, mas permanecem em alerta. Meu pai vai até o moleque, o segura pelo colarinho da camisa e diz:
- Você tem sorte que minha esposa está olhando, garoto. Mas só um lembrete: diz pra Delfine que, se eu pegar vocês espionando a minha família de novo, ela vai saber o real motivo pelo qual me chamavam de deus da guerra.

Shattered Between Blood, Tears & GlassOnde histórias criam vida. Descubra agora