one.

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Eram quase nove da manhã quando um pequeno som, extremamente irritante, começou a dar tons em meus tímpanos; em meio a uma das provas, sempre havia um – diga-se de passagem – infeliz para batucar a caneta de forma incessante, fazendo-me perder total atenção no que estava fazendo. Minha vontade era de gritar, espernear, e chorar por não conseguir nem ao menos pensar em uma palavra do que lia naquele emaranhado de folhas, entretanto, contive toda aquela irritação em um longo, e perceptível suspiro.

Viro meu rosto levemente para o lado, a fim de encarar o mestre de cerimônias responsável pela linda melodia – lê-se, o insuportável que estava fazendo tais barulhos –, e assim encontro Jisung, não hesitando em fazer cara feia enquanto o encarava. Han é meu melhor amigo desde que eu me conheço por gente, e apesar de tanta convivência, o garoto insistia em "esquecer" da minha falta de atenção, o quê resultava em diversas caretas direcionadas ao mesmo durante ao longo dos, muitos, anos. Ele nunca mudava, entretanto, eu não conseguia me acostumar com seu jeito ansioso e impaciente, da mesma maneira que ele sempre perdia a paciência com meu jeito lento e desatento.

— Por favor, passem suas provas para frente até que cheguem até mim. — Ditou a professora, fazendo com que eu tivesse um mini surto internamente, por não ter feito quase nada da prova. — Lembrando que: essa prova vale quarenta por cento do valor total de suas notas em química. Para quem for mal, terá a chance de tentar recuperar nas próximas, entretanto, a nota continuará inferior aos que tiveram bom resultado nessa. — Concluiu a medida que os papéis íam chegando até a mesma, e dentre eles, o meu, que além de incompleto, continha uma pequena rasura em uma das questões do gabarito.

Voltei minha atenção até Jisung, e então fiz cara de poucos amigos, sabendo que o mesmo entenderia o quê eu estava dizendo. O vi levantar, e então preencher o local vago ao meu lado, para que pudéssemos conversar com mais calma, e que não precisássemos gritar pela sala – apesar de já estar vazia nessa altura do campeonato.

— Você foi mal de novo, não é? — comentou, sorrindo minimamente para mim, obviamente sabendo da minha resposta. — Primeiramente; por favor não me mata pelos barulhos, eu sou muito novo para morrer! E segundamente; você vai recuperar sua nota, fighting! — Sua voz saía fraca, porque, apesar de tentar me incentivar na última parte, era nítido que ainda sim estava com medo de acabar levando uns petelecos, como das últimas vezes.

— Tudo bem... — deixei que um longo suspiro escapasse dos meus lábios. — Mas eu não sei se consigo recuperar, você sabe como eu sou. — Conclui minha frase, enquanto recolhia meu material sobre a mesa. — Vamos? Já fomos liberados para o intervalo, bobão!

Sorri para o garoto à minha frente, e então recebi uma pequena ombrada como resposta, resultando em um pequeno riso de ambas as  partes. Apesar de tudo, eu sabia que ele realmente se sentia mal por ter me desconcentrado, e sabia que se eu pedisse, também me ajudaria a estudar para repor minha nota nessa matéria, e em todas as outras que fui mal. No geral, eu não estava brava com ele, mas chateada comigo mesma por ter, novamente, ido mal nas aulas.

— Eu não acredito... a comida já acabou? — Falou baixinho e com muita dor em seu timbre, como se aquela fosse a coisa mais triste do mundo, consequentemente me fazendo rir. — Yah! Não ri, a culpa é toda sua se eu acabar morrendo de fome nesse ambiente hostil. — Novamente fez drama. — Já posso sentir meus instintos canibais...

Ouvi sua fala, e então logo pude sentir uma leve dorzinha em meu ombro. Olhei-o incrédula, e então depositei um peteleco em sua testa. — Não acredito que você me mordeu, Jisung! — foi a única coisa que consegui dizer, ainda irritadiça. — Você babou todo o meu uniforme, seu... seu dentuço.

Após minha última frase, seguida de minha expressão totalmente descrente, pude apenas ouvir o barulho da risada de Han, que acabou por chamar alguma atenção dos alunos próximos a nós. Ele era um tanto popular, o quê não me ajudava muito quando o quesito era "passar despercebida", já que além de ele sempre insistir em andar comigo, ainda existiam aquelas pessoas as quais acreditavam que éramos um casal: o quê era totalmente impossível, já que o coração dele era totalmente dividido pelas garotas e garotos do colégio. Felizmente, ou infelizmente para alguns, éramos apenas bons e velhos amigos... melhores amigos, na verdade!

— Você precisava ver sua cara, Haneul... sério.— começou, me tirando dos meus breves pensamentos. — Você estava mais feia do que já é. — Brincou, recebendo uma careta em resposta. Eu sabia que ele não estava falando sério, já que sempre ressaltava o quão bonita eu era em seu ponto de vista. — Ei, eu vou ao banheiro, me espere lá no pátio, ok? Eu já vou, prometo. — assenti.

Ele sempre dava essas "escapadinhas" no intervalo, normalmente não demorava muito tempo, então era possível que ele realmente apenas fosse ao banheiro, entretanto, eu conhecia Jisung, e sabia que não era apenas isso. Balancei a cabeça negativamente, voltando minha atenção até o pátio e então comecei minha breve caminhada até a parte externa do colégio. Pensei em ficar no lugar de sempre, mas hoje, pela primeira vez ele havia sido ocupado primeiro, e eu notei isso apenas quando estava frente à frente com o ladrãozinho de cantos. Eu mal conseguia ver seu rosto, já que o mesmo estava lendo, mas era nítido que era um garoto.

Acabei por fazer sombra em suas páginas e tive sua atenção voltada para mim, e só naquele momento eu notei que estava há pelo menos um minuto ali, parada, completamente estática. Não tinha outro lugar para ir, então meu corpo apenas fixou-se em frente ao rapaz, como se o local de fato me pertencesse e ele estivesse cometendo um crime apenas por estar ali.

— Você... quer alguma coisa? — Perguntou com confusão em sua voz. Eu nunca havia o visto antes, seu rosto era bonito, mas principalmente seus lábios carnudos, eles me chamavam a atenção naquele momento. — Oi...? — ouvi sua voz novamente, dando-me conta que ainda não havia se quer aberto minha boca.

— Eu... não. — Ditei como em um sussurro, virando-me de costas para ele, e então apenas seguindo o caminho oposto, novamente voltando para dentro do recinto.

Eu nunca fui muito boa com conversas, ainda mais quando se tratava de alguém atraente. Acredito que mesmo não tendo feito e dito praticamente nada, ele deva me achar uma surtada. Fala sério, Haneul... quem em sã consciência para em frente um desconhecido e simplesmente o dá as costas depois? Até eu me acharia uma maluca.

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Hey! Tudo bem com vocês?
Eu estou pela primeira vez escrevendo em primeira pessoa, então... me perdoem se houver algum erro, e me corrijam, por favor!

Estou aberta a críticas construtivas, e gostaria de saber o quê acharam desse começo. Poderiam me contar?

Esse capítulo foi mais uma introdução para que pudessem conhecer um tantinho da personalidade da Haneul, e talvez, se sentirem mais próximos dela (já que sei que muitos de vocês gostam de se sentir na pele da personagem). E também para que pudesse começar a estória, dando logo início à ela, já que primeiramente, teria de introduzir os personagens principais, os quais são Hyunjin e Haneul... enfim, tô falando demais já.

Beijinhos, e até o próximo!

"Red" › HyunJin. Onde histórias criam vida. Descubra agora