As cartas

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Minhas lágrimas se misturam a chuva enquanto eu pulo nos prédios em direção a casa do mestre Fu. Chegando lá eu não lacrimejo mais.

— Tikki pontinhas fora. — Quando eu me destransformo minha roupa está seca, porém meu rosto e cabelo estão encharcados. Tiro as marias-chiquinhas.

Tento entrar sem fazer barulho, mas o mestre Fu está acordado e me encara no momento que eu abro um fresta.

— Sabe Marinette, tempestades me apavoram. — Ele bate a mão no acento ao seu lado, pedindo que eu sente. Ficamos lado a lado encarando a chuva pela janela. — Aquela foi uma noite chuvosa. — O velho parece nostálgico. — Desde então noites chuvosas trazem mal presságios, estou enganado?

— Não sei. — Sou sincera. — Mas, hoje eu vim trazer uma notícia triste. — Me encolho ao falar isso.

— Então fale, sou todo ouvidos.

— Eu vou me mudar, para bem longe. Vou para New York. — Meu pesar é evidente na fala. — Vou ter que renunciar à Tikki? — Pergunto e sinto a kwami estremecer ao meu lado. Nós duas ainda não tínhamos conversado sobre isso.

— Infelizmente e o quanto antes fizer, melhor. — Ele completa infeliz.

— É meu dever, Tikki. — Olho para ela, que está com a expressão mais triste que já vi em seu rosto, a joaninha nem suspeitava desse plano.

— Eu entendo. — Isso é tudo que a pequena responde. 

— Guarde os brincos aqui. — Ele me da uma caixa.

— Tikki. — Eu a chamo. — Vou sentir sua falta, você foi a melhor kwami que eu poderia pedir. Me desculpe se não fui a melhor Ladybug, agora você estará em melhores mãos.

— Você foi a melhor Ladybug que eu podia pedir. Além de uma heroína foi minha amiga. Tenho certeza que você escolherá alguém tão bom quanto você. — Ela faz algo similar a um abraço quando gruda no meu rosto. Tenho certeza que se kwamis chorassem, teria lágrimas nos olhos dela.

Eu choro e demora para eu conseguir terminar a despedida e tirar o miraculous.

— Você foi a melhor amiga que eu tive. — Falo tirando o brinco, Tikki some imediatamente.

— Marinette, você sabe para quem vai dar o miraculous? — Eu tinha esquecido a presença dele.

— Alya Césaire. — Eu sabia que ela seria a heroína que eu não fui. O mestre acena a cabeça em concordância.

— Acho que aqui é um dos melhores lugares para se ver Paris, ainda mais quando chove. — Fu comenta.

Passo algum tempo ali sentada olhando a paisagem e sentido o grande fardo que é ser heroína saindo dos meus ombros.

•••

A chuva dá uma trégua, resolvo ir para casa, a essa hora da noite o metro já fechou, eu teria que andar meia cidade para chegar em casa.

— O que uma menina como você faz na rua essa hora da noite? — Um voz sussurra quase em meu ouvido, eu tomo um susto e entro em modo de defesa, jogando a pessoa no chão e a prendendo entre minhas pernas.

— Chat Noir! Não me assuste assim. Achei que fosse alguém querendo me fazer mal. — Sai de cima dele e o ajudo a levantar.

— Desculpe, essa noite foi difícil. — O gatinho olha para o nada com rosto pensativo. — Mas o que você faz tão longe de casa?

— Eu vim resolver uns problemas. — Respondi.

— E cadê seus pais? — Se inclina sob mim, como se conseguisse ver minha mentira.

O fim de uma história [concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora