O quarto era sufocado com o choro sentido de Daphne Cowill.
A garota sequer tinha forças para mover o corpo, paralisada na própria dor. Eu e Mabel, tensas com a situação, precisamos de paciência e forças para arrastá-la para debaixo do chuveiro, de roupa e tudo. As três, com Daphne no meio do sanduíche humano, abraçaram-se à medida que a água quente caía nos nossos couros cabeludos.
Eu deixei que as lágrimas brotassem dos meus olhos e caíssem em conjunto da água, sendo camuflada para ninguém ver que eu também estava em abalo. Precisava me manter inteira para ajudar minha amiga naquele momento. Ela não conseguia evitar de chorar compulsivamente, e sua dor era tocável.
Usei a metade do meu sabonete líquido para tirar a gosma vermelha do corpo da minha amiga. Ela relutou quando tentamos tirar seu vestido para limpá-la melhor, mas ela cedeu depois de um momento. Continuava chorando quando a enxugamos dos pés à cabeça com minha toalha, levando-a para minha cama em seguida. Peguei as roupas mais quentinhas do meu armário e obriguei-a vestir. Aproveitei para do mesmo modo me trocar, emprestando outra muda de roupa para Mabel, que me lançava mais olhares preocupados do que eu poderia aguentar.
Daphne se enrolou nas minhas cobertas e, agradecendo por eu ser espaçosa e ter comprado uma cama de casal, as três couberam certinho sobre o colchão. Daphne ficou no meio novamente, sem conseguir falar nada para nos agradecer, mas eu sabia que ela estava contente pela ajuda. Deixei que ela nos envolvesse, assim como permitimos que ela chorasse em paz por longos minutos.
— Você quer comer alguma coisa? — quebrei o silêncio tortuoso.
Daphne negou momentaneamente.
— Você quer assistir a um filme? — perguntei em um sussurro.
— Talvez — sua voz aguda estava terrivelmente rouca. —, eu queira comer alguma coisa.
Beijei o topo de sua cabeça e levantei devagarinho. Ela me deu um olhar molhado, igualzinha Pudim quando queria um pedaço de pão. Sinalizei para que Mabel cuidasse da nossa amiga e sai do quarto antes que outra onda de choro me dominasse.
Dei de caras com Nebraska Cobham no meio do corredor, que seguia a linha vermelha que ficara no chão. Senti minhas estruturas ficando gélidas. Esperava por uma bronca fodida da minha colega de alojamento, pois eu não havia tido tempo de limpar aquilo.
— Ela está lá dentro? — seu tom não estava raivoso. Pelo contrário: até mesmo parecia preocupada. Assenti tentando não analisá-la mais. — Fique com ela. E não se preocupe com a sujeira.
Meus olhos se arregalaram por meros segundos. Antes que ela mudasse de ideia, fui apressada à cozinha e preparei um mingau saboroso para minhas amigas. Voltei para o quarto e notei que Daphne havia parado de chorar, mas ainda soluçava como uma criancinha. Seu rosto remotamente branquinho agora possuía uma coloração rosada.
Coloquei as vasilhas com a comida em cima do criado-mudo, pois queria de espaço para abraçá-la um pouquinho. Daphne suspirou alto e profundamente. Separei-me, entregando de vez o minguau para ela e para Mabel, que sorria em agradecimento.
— Você está melhor? — perguntei em tom baixo. Eu tinha medo de desencadear outra maratona de choro da parte dela.
Daphne sorriu de lado e fungou em compasso. Ela deu uma colherada no mingau e maneou a cabeça em concordância. Eu não achava que ela estava melhor, mas pelo menos ela não se negara a comer.
— Obrigada — a garota chorosa falou depois de um tempo.
Mabel murmurou algo inaudível e abraçou-a pelos ombros, extremamente sentida também.
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Hello Darkness | Romance Lésbico (Degustação)
Romance(DISPONÍVEL NA AMAZON) Maxine Cumberbatch acaba de ingressar na faculdade dos sonhos, sem imaginar os inúmeros obstáculos que teria pela frente, decretando o fim da sua felicidade. Se já não bastasse precisar fugir dos trotes violentos dos veteranos...