4- Decepção

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Klaus sentia sua mente flutuar, as palavras de Elijah pareciam distantes enquanto ele lembrava da barriga de Bonnie começando a ficar arredondada. O primeiro ultra-som. O som do coraçãozinho. O choro de emoção. O orgulho de estar gerando uma vida junto com a mulher que ele ama.
    ⁃    Klaus! Elijah o chamou preocupado. Ele deu a notícia da gravidez de Bonnie a alguns minutos e manteve silêncio esperando o irmão digerir a informação.
De repente suas lembranças correram para a pior noite de sua vida. Bonnie dormia um sono agitado, gemendo, ele a chamou achando ser um pesadelo, mas quando ela despertou se encolheu de dor. Um segundo depois e a mancha de sangue sobre a cama fez o coração de Klaus parar de bater. "Eu estou perdendo o bebê." Bonnie chorava em meio a dor e medo. Ele a colocou no carro e dirigiu feito louco até o hospital. Descalço, de calça, sem camisa, ele entregou sua mulher em uma maca e ficou segurando a mão dela enquanto a obstetra tentava de tudo para evitar o aborto, mas era tarde de mais.
    ⁃    Como ela está? Perguntou sentindo às lágrimas esquentarem seus olhos, mas ele lutou contra elas.
    ⁃    Tão bem quanto é possível. O Parker pulou fora da responsabilidade, então ela voltou para ficar com os pais, tentar o emprego de volta. Klaus trincou o maxilar com a simples menção de Kai, ele teria sua chance de acertar as contas com aquele cretino, não tinha dúvidas disso.
    ⁃    Ela está a dias dormindo naquela poltrona do hospital, comendo mal, sem dormir. Isso não vai fazer bem à ela. Klaus advertiu o irmão.
    ⁃    Eu sei, já estou cuidando disso. Ele tentou tranquiliza-lo.
    ⁃    E quanto ao emprego, acha que consegue falar com a Hayley? Klaus perguntou se referindo a namorada do irmão, jornalista, que trabalhava na Poison Magazine.
    ⁃    É possível, mas Bonnie foi embora sem dar respaldo para o editor chefe, eles se decepcionaram muito com ela. Elijah observou.
Klaus não reconhecia essa Bonnie, a que mentia, que era mesquinha, essa não era a mulher por quem ele se apaixonou.
    ⁃    Eu não sei se posso me manter por perto agora. Klaus novamente lutou contra as emoções. Ele amava Bonnie e sabia que seria inevitável se envolver.
    ⁃    Eu entendo, mas fique tranquilo, vou cuidar dela, pelo menos até Abby estar bem o suficiente para as duas seguirem em frente. Elijah prometeu ao irmão.

✨✨✨✨

Nas semanas que se passaram Abby recebeu alta médica, ela acolheu Bonnie quando soube da gravidez, mas não poderia dizer que estava feliz. O marido que ela tanto amava, seu companheiro da vida não estava mais ao seu lado, a dor era excruciante. Infelizmente ela se entregou à depressão que acometeu a família, e Bonnie tendo que lutar por ela, seu bebê e sua mãe não viu outra saída se não tomar o controle de tudo nas mãos.
Foi em uma manhã a caminho de uma entrevista para um jornal da cidade, já que seu antigo emprego na Poison não foi reestabelecido, que ela passou na cafeteria e lá estavam Klaus e Caroline, eles tomavam café da manhã juntos, conhecendo um bem a rotina do cirurgião ela concluiu que eles estavam saindo do plantão, o que fazia do café o equivalente a um drink depois do expediente. Ela evitou transparecer o desconforto que sentiu. Os dois sorriram para ela e então Bonnie se aproximou.
Klaus sentiu o coração pular o compasso como sempre fazia quando ele a via, ela analisou brevemente os dois juntos e ele se sentiu culpado, apesar de saber que não fazia nada de errado.
    ⁃    Bonnie! Caroline a saudou levantando para dar um beijo. Ela correspondeu com carinho, as duas haviam se reaproximando desde que ela retornou e Caroline lhe ajudou com toda a situação do seu pai e sua mãe que se recuperava.
    ⁃    Como está sua mãe? Klaus perguntou quando um silêncio um pouco incômodo se instalou entre eles. Bonnie suspirou transparecendo preocupação.
    ⁃    Ela não está reagindo ainda, espero que o tempo mude isso. Bonnie falou com um sorriso triste mas mantendo a esperança.
    ⁃    Tenho certeza que ela vai ficar bem, sua mãe é uma das mulheres mais fortes que eu conheço. Além do mais, ela tem você! Klaus disse com sinceridade. 
Eles se olharam com encantamento, um dos sentimentos mais antigos entre eles, antes de estarem apaixonados e entenderem que se amavam, os dois já se admiravam.
    ⁃    Desejem-me sorte! Ela disse se despedindo.
    ⁃    Por que? Klaus não resistiu em perguntar.
    ⁃    Vou tentar um emprego no jornal local. Ela disse animada. O médico sabia que o jornal não estava à altura da competência de Bonnie, ela teria no máximo uma coluna semanal sobre moda, e isso para alguém tão talentosa não era bem um sonho. Ao mesmo tempo ele reconheceu o ímpeto de recomeçar a vida e isso o entusiasmava.
    ⁃    Boa sorte! Ele imprimiu carinho na voz e no olhar, ainda que fossem reações absolutamente impensadas. A estilista sorriu para ele e percebeu que Caroline ainda estava lá.
    ⁃    Vejo vocês por aí. Ela disse saindo. Um silêncio curto se instalou entre os médicos mas Caroline o quebrou.
    ⁃    Então, nosso teatro está de pé? Ela perguntou se animando com a lembrança.
    ⁃    Claro, te pego as 19h. Klaus respondeu disfarçando o quanto Bonnie mexia com ele.

✨✨✨✨

Klaus se manteve distante de Bonnie nos dias que se seguiram, mesmo que ele a visse diariamente na sua nova rotina de trabalho no jornal da cidade, evitava interagir diretamente com ela, sua prioridade era lhe dar espaço, mas se manter longe o mantinha emocionalmente seguro também. Ele leu sua coluna de estreia, e todas as colunas publicadas depois da primeira. O orgulho reverberava em seu peito ao perceber que ela ganhava destaque considerável e críticas muito positivas. Elijah se mantinha por perto dando a Bonnie algum apoio e isso mantinha Klaus mais tranquilo.
Sua relação com Caroline vinha fazendo certo progresso, embora Klaus não estivesse muito empolgado em se relacionar com ninguém, Caroline havia se mostrado uma amiga muito presente e bastante divertida. Ela sem duvida foi responsável por tirar Klaus do confinamento, além do trabalho e das visitas esporádicas que ele dedicava aos pais ou ao irmão, ela foi a única a conseguir que Klaus voltasse a frequentar restaurantes, teatros, cinemas e bares. Agora, após assistirem uma peça que os dois odiaram mas que serviu para lhes render boas piadas e risadas ele a levou em casa.

    ⁃    Vamos tomar um drink, entre! Ela disse sem esperar ele respondeu. Klaus não queria se demorar, mas aceitou a saideira.
Lá dentro ela serviu o vinho enquanto eles ainda faziam piadas sobre a peça dramática que serviria a eles como se fosse uma comédia das boas.

    ⁃    Nunca vi ninguém chorar tanto quanto aquela garota. Caroline brincou.

    ⁃    Achei que ela se afogaria naquele mar de lágrimas. Klaus respondeu rindo.

Caroline se aproximou para entregar a taça de vinho e fez o primeiro movimento com um beijo suave nos lábios dele. Klaus pareceu surpreso, mas demonstrou interesse quando a segurou pela cintura e aprofundou o beijo. A curiosidade entre eles já vinha em uma crescente, e o flerte era perceptível  em vários  níveis. Eles se separaram apenas para ela soltar as taças de vinho, pois em seguida já estavam atracados em um beijo sedento.

Quando a loira começou a retirar a roupa dele Klaus ofegou.
    ⁃    Tem certeza? Ele perguntou quebrando o beijo por um instante.
    ⁃    O que quer dizer? Ela perguntou confusa.
    ⁃    Sabe que eu ainda não estou pronto para me relacionar com ninguém, não quero que pareça outra coisa. Ele disse claramente. Klaus desejava Caroline, os beijos lhe despertaram essa vontade, mas ele não queria confundir as coisas entre eles. Ela pareceu hesitar por um momento.

    ⁃    Tudo bem, eu posso esperar que você esteja pronto. Ela disse voltando a beija-lo deixando claro que ela também o desejava, mas que não cobraria dele nenhum compromisso.
Eles voltaram a se beijar e suas mãos corriam pelo corpo um do outro na intenção de desfrutar do toque. Caroline gemeu quando Klaus a pegou nos braços, ela circulou seu corpo com as pernas e apertou os seios contra o peito do médico.

    ⁃    Onde é seu quarto? Ele perguntou com o rosto enterrado no pescoço dela.
    ⁃    Corredor. Segunda porta. Ela gemeu falando sem perder o torpor que os beijos e mordidas dele causavam.

A noite dos dois foi prazeirosa. Mas quando Caroline aconchegou seu corpo ao de Klaus na intenção de dormir ele se sentiu o pior dos homens. Não que ele estivesse traindo Bonnie, mas ele se sentia traindo ele mesmo. A sensação de trair seus próprios sentimentos era frustrante. Assim como aconteceu com a médica em Amsterdã, o prazer de estar com outra mulher não se comparava com a explosão que era sua Bonnie. Klaus se frustrou em pensar que jamais teria de volta tudo o que tinha, sentiu o ressentimento por Bonnie lhe incomodar. Como ela poder jogar tudo pro alto? Como ela viveu um ano dormindo nos braços de outro homem, se ele nem mesmo conseguia passar uma noite na cama com outra mulher. Klaus tinha raiva de Bonnie, por tê-lo feito refém de um sentimento tão poderoso que o aprisionava a ela. Maldita bruxa.

    ⁃    Care, acho melhor eu ir. Ele disse dando mais um beijo nela. Aquela raiva e frustração não eram culpa da mulher que estava deitada sobre seu peito, e ele não ficaria ali para causar nela algum desconforto, ou até mesmo acabar sendo rude.

    ⁃    Tudo bem! Ela sorriu tímida aceitando os beijos que Klaus lhe deu. Ela era compreensiva sobre o divórcio dele, e ter Bonnie de volta à cidade mexia com Klaus. Mas ela não desistiria tão fácil, ao mesmo tempo sabia que pressionar Klaus era a receita para que ele se afastasse de vez.

    ⁃    Boa noite, nos vemos amanhã.  Ele disse quando ela o levou até à porta.

A loira o beijou com paixão e se despediu.

Nenhum deles viu quando Jeremy passava de carro na hora e testemunhou o que até então era um segredo.

Uma Nova Chance -  KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora