6- Desejo

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Klaus levou Bonnie para casa após o exame. Ela havia ficado bastante abalada com todo o processo, ouvir o coração do bebê foi surreal para ambos, e saber que eles dois estavam saudáveis e bem era tranquilizador. Eles conversaram muito pouco pelo caminho, alguns assuntos sem muita importância , ainda era estranho para os dois interagirem e passar tanto tempo juntos.
⁃ Mande lembranças minhas para Abby! Klaus falou simpático.
⁃ Entre um instante e fale com ela você mesmo, talvez isso a anime um pouco. Bonnie sugeriu saltando do carro, ela não esperou Klaus responder, apenas andou para dentro de casa.
O médico hesitou por um instante, mas também estava preocupado com o estado de Abigail. Ele seguiu Bonnie e foi atingido pelo aroma familiar que costumava ter sua casa quando ainda eram casados. O perfume dela, misturado ao cheiro de canela, limão e baunilha que Bonnie sempre usava na preparação do seu chá favorito. O coração dele tamborilou com lembranças muito boas, e a saudade lhe subiu um nó na garganta.
⁃ Mãe, olha quem veio te ver! Bonnie disse entrando na sala de tv onde Abby estava sentada em frente à grande tela plana.
⁃ Meu Deus! Ela exclamou deixando a apatia de lado e abraçando o ex genro.
⁃ Como vai, Abby? Ele disse feliz ao ver que sua presença agradou.
⁃ Não tão bem como você. Ela disse o admirando. - Está tão lindo. Falou tocando com carinho materno o rosto com a barba um pouco maior do que de costume. Klaus sorriu para ela e voltou sua atenção a Bonnie, que admirava o novo ânimo da mãe com um sorriso no rosto.
⁃ Eu sinto saudades de conversar com você. Abigail se lamentou.
⁃ Eu também, sabe, sinto muito por não .... as palavras morreram em sua boca ao pensar que nada ali estava como ele sonhou.
⁃ Eu sei querido. Está tudo bem. Ela disse puxando Klaus pela mão e o fazendo sentar. - Faça um chá para ele, vamos conversar durante uma xícara. Ela ordenou a Bonnie que prontamente se mudou para a cozinha, contente em ver a mãe dizer mais palavras do que "sim e não".
Abigail quis saber de onde eles vinham e ficou muito contente em saber da história do ultra-som. Ela também se desculpou com Klaus por estar negligenciando Bonnie, mas que de certa maneira ela se ressentia da forma com que a filha conduziu os acontecimentos até o fatídico dia em que Rudy morreu. Klaus era compreensivo com ela, ele também sentia raiva apesar do amor incondicional que nutria pela Bennett, mas não pode deixar de dar certa razão a ex-sogra.
⁃ Bonnie está demorando, deveria ver se ela precisa de ajuda. Abby disse enxotando Klaus da sala em direção a cozinha.
Ele andou pela casa que costumava ser palco dos almoços animados de domingo ou festas de feridos e fim de ano. Ver Bonnie de costas naquele ambiente tão familiar quase o fez andar até ela e a abraçar por trás, beijando o pescoço enquanto sussurrava alguma bobagem em seu ouvido fazendo-a rir. Quantas vezes esse foi o desdobramento para uma transa escondida no antigo quarto de solteira de Bonnie. Mas agora não era nada, além de uma lembrança.
⁃ Precisa de ajuda? Ele disse se libertando do devaneio.
⁃ Obrigada. Ela disse sorrindo para ele. Klaus se aproximou e a ajudou a terminar a bandeja enquanto Bonnie pegou a chaleira e serviu a água quente no bule. Sua mãe era muito metódica com o chá da tarde, sempre caprichosa, e a vários dias ela não ligava mais, mas a presença de Klaus pareceu acender uma luz em Abby.
⁃ Não imaginei que ela ficaria tão feliz em te ver, se soubesse teria te arrastado para cá antes. Ela brincou fazendo Klaus rir.
⁃ Eu amo sua mãe, sabe disso; mas... Ele começou a dizer, mas a tristeza voltou a acometer seus pensamentos.
⁃ Fala comigo! Bonnie pediu se virando para ele. Klaus admirou os olhos verdes que eram fruto de sua adoração.
⁃ Não está sendo fácil para mim me manter próximo a você. Ele confessou.
⁃ O ódio que tem de mim é tão grande? Ela perguntou um tanto surpresa, sentiu o coração acelerar com aquela possibilidade.
⁃ Eu trocaria tudo o que eu sinto por um pouco de ódio, talvez a saudade que sinto de você não me matasse tanto assim. Ele disse acariciando o rosto bonito de sua ex. Era mentira, Klaus não queria odiá-la.
Os olhares intensos que eles trocaram seriam capazes de incendiar uma floresta. Havia tensão entre eles, havia desejo, havia saudade. Embora Bonnie achasse que não tinha esse direito, ela amava ouvir de Klaus aquelas palavras, e ela se amaldiçoava por nunca ter dado a ele o devido valor. Os olhos de Klaus correram para seus lábios e o dedo dele acariciou a carne macia e suculenta que ele pretendia ter entre seus dentes e na sua língua. Bonnie fechou os olhos com a sensação e isso foi o sinal que ele esperava para tomá-la em um beijo. O peito de Klaus se encheu de uma alegria indescritível. De todas as dúvidas que ele já teve na vida, Bonnie sempre foi sua maior certeza. Ele invadiu a boca dela com sua língua devassa e afoita que desejava recuperar todo o tempo perdido. Bonnie amoleceu em seus braços fortes, era como voltar para casa, era como reencontrar seu lugar, e isso a surpreendeu de tal forma, que ela se sentia saltando no escuro, mas com a certeza de que Klaus a manteria segura. O sabor dele era o mesmo, e ela desfrutou de cada gesto, desde as mãos que tocaram com carinho seu rosto, até as mãos que lhe apertavam contra o corpo musculoso do ex marido. Ele era inebriante, excitante e Bonnie desejou mais do que apenas um beijo.
O som de uma tosse os despertou do momento. Eles quebraram o beijo deixando a confusão ocupar o espaço antes preenchido pelas lembranças. Eles acharam que se tratava de Abby, mas junto dela estava uma Caroline pálida e sem graça.
⁃ Care... Bonnie falou surpresa.
⁃ Desculpem eu vim sem avisar. Só queria ver como a tia Abby estava. A loira disse em um sorriso forçado. Klaus desviou de seu olhar, ele se sentiu culpado, não havia conversado direito com Caroline desde que transaram, e mesmo não tendo prometido nada a ela, podia imaginar que vê-lo beijando Bonnie não era fácil.
⁃ Fique para o chá. Bonnie se apressou em dizer. Ela não conseguiu ignorar o ciúme que sentiu ao ver a troca de olhares dos dois, eles haviam dormido juntos e ela não sabia qual era a extensão do relacionamento deles.
⁃ Não, obrigada, eu preciso ir! A loira parecia querer fugir o mais rápido possível dali e se apressou em dar um beijo em Abby, uma última olhada para o ex casal e saiu às pressas.
Abigail tinha um sorriso no rosto, algo conspirador. Ela só não contava com a chegada de Caroline que como era de casa desde pequena, nunca tocava a campainha.

Uma Nova Chance -  KlonnieOnde histórias criam vida. Descubra agora