três

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mais cedo, naquele mesmo dia:

Rodrigo e Guilherme estavam na aula, mas mal prestavam atenção. Estavam preocupados demais com seus amigos. Perto do final do segundo tempo, Bruno apareceu lá. Seus olhos estavam marejados. Era raro ver Bruno chorando, - porque ele sempre esconde isso. - mas ele estava despedaçado. Seu coração parecia ter sido cortado em mil pedacinhos quando viu Pedro daquele jeito. Já sabia de parte das coisa das quais Frade passava, e vê-lo daquela forma doía demais. Bruno não sabia explicar o porquê, apenas corroía todos os seus sentidos.

Se sentou em seu lugar habitual, e levou um sermão da professora de gramática por ter chegado tarde, não teve coragem de simplesmente falar "escuta aqui, mulher, eu estava na droga da enfermaria com o meu melhor amigo, porque ele literalmente foi agredido fisicamente pelo SOBRINHO do DIRETOR, e ninguém vai fazer nada por conta disso."
Só concordou com a cabeça, seus olhos queriam transbordar. Quando a senhora de uns cinquenta e poucos anos voltou a falar algo que não o interessava nada sobre morfossintaxe, Bruno abaixou a cabeça. Sentia falta de Pedro sentando na carteira a sua frente. E na verdade, não tinha idéia de como Pedro estava. Observou a carteira vazia por alguns segundos, e voltou a abaixar a cabeça, sua perna esquerda tremia pela ansiedade.

Os quatro amigos tinham sorte de sentar perto uns dos outros, Pedro sentava na frente de Bruno, na fileira da parede, e literalmente ao lado deles, Caneda sentava atrás de Rodrigo. Isso facilitava muito sua comunicação em sala.

Bruno mantinha sua cabeça baixa, com sua perna tremendo demasiadamente por culpa da ansiedade que dominava seu peito e fazia seu coração bater descompassado, sentiu suas bochechas ficarem molhadas. Bruno estava chorando. Não fazia barulho, mas chorava. Não soluçava, mas chorava.

Caneda percebeu que o mesmo se afogava nas suas próprias lágrimas quando Bruno fungou seu nariz, tentando esconder o rosto. Rodrigo esticou seu tronco e tocou no ombro do garoto, recebeu um soluço como resposta.

— E-Eu... Eu 'tô tão preocupado com ele.

— Eu sei, Bru, eu sei. A gente também 'tá. Mas ei... Eu prometo que ele vai ficar bom logo. O Pedrinho é forte. Eu... Eu sei que é.

Bruno concordou com a cabeça, limpando seu rosto nas mangas do moletom cinza que vestia, Rodrigo lançou-o um sorriso ladino, tentando passar confiança, e Bruno apenas retribuiu. Não era um sorriso sincero, óbvio, mas retribuiu.

Caneda apenas observava.
Na verdade, ele já estava de saco cheio dos quatro garotos que literalmente fizeram Pedro parar na enfermaria saírem como os inocentes, como os mocinhos da história.
O sinal anunciando o final da aula bateu.
A professora saiu da sala.
Guilherme se levantou, foi até Davi, Daniel, Matheus e Cauã. O que estava mais interessado alí, era Davi. O sobrinho do diretor, o que fez o 'estrago maior em Pedro.

Os quarto babacas estavam rindo e falando como era "prazeroso" ver o garoto sentir dor daquele jeito. Simplesmente por ser fraco. Sobre como não haviam feito o suficiente, sobre como "uau, somos incríveis demais.", sobre como 'bateriam tanto nele, que "arrumariam" ele.'

Guilherme chamou a atenção deles com um "ou!"
Os quatro calaram a boca na mesma hora.

— O que 'cê quer, mano? — Davi falou.

— Saber que tipo de merda vocês tem na cabeça, seus idiotas. — Caneda respondeu, com o tom de voz alterado, se aproximando deles.

Infinito. [Pedro Frade + Bruno 'Rataque]{Kakochi}CANCELADAWhere stories live. Discover now