um.

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Um.
Dois.
Três.
É uma lista. Uma lista bem clara, na verdade.
Um; sorria.
Dois; esconda.
Três; perfeito.
Não é como se alguém se importasse com o que você sente, na verdade. Pessoas são egocêntricas e egotistas. Elas pensam demais em si mesmas. E você pensa demais nelas. Não acha que deveria parar com isso?
Respire.
sorria.
finja.
Sempre se importou demais, com tudo, menos com si mesmo. Grande erro, Pedro.
Respire.
Sorria.
Finja.
Hoje seria um dia longo, perto de gente que não o fazia bem naquela droga de escola. Se levantou. Tomou um banho demorado. A água quente aliviava seus músculos tensos. No banho, era onde não precisava sorrir. Então alí, suas lágrimas se misturaram com a água corrente. Não achava que tinha motivos suficientes para chorar. Mas chorava. Não é bom guardar a pressão para si. Realmente não achava que sofria. Na sua cabeça, existiam pessoas que sofriam de verdade no mundo, e que isso que esmagava seu peito, essa angústia que o matava por dentro, não era algo relevante. Por isso a escondia.
Gostava de fazer os outros sorrirem, forçava seus sorrisos, mas fazia de tudo, literalmente de tudo, para não ver as pessoas mal. Sempre odiou ver alguém chorando, e fazia o possível para ver todos bem. Todos, sem exceção. Sua linha de pensamentos sobre "ah, eu não sofro tanto assim, na verdade, eu nem sofro, mesmo, né?" foi interrompida com alguém batendo na porta do banheiro. Uma voz feminina ecoou do outro lado da mesma.

— Pedro, já tem quase meia hora que você 'tá aí dentro. Anda logo! Todo dia a mesma coisa, Vai se atrasar de novo e..- Desligou o chuveiro, puxou a toalha do box e enrolou em seu corpo, a interrompendo antes que completasse a frase.

— 'Tá bom, vó. Eu já 'tô saindo.

e assim o fez. Saiu do banheiro, se secou, e vestiu. Nada tão empolgante. Apenas uma roupa comum e chata para uma escola comum e chata. Vestiu seus tênis, e ajeitou os cabelos. Escovou os dentes, e foi para a cozinha, com sua mochila em mãos.

— Bom dia.

Falou baixo, saindo de casa. Provavelmente sua avó perguntaria se não ia comer, como sempre. Mas não comeria, não agora. Talvez comprasse algo na cantina da escola, mesmo. Respirou fundo, colocou as mãos nos bolsos do moletom que usava, fazia frio. O vento gelado das seis e trinta da manhã parecia cortar sua pele. Não estava exatamente claro ainda, mas já conhecia esse caminho.
Chegou em seu destino, finalmente. A casa de seu melhor amigo, Bruno. Já era costume os dois irem juntos para a escola, se conheciam desde que se entendiam por gente, assim como seu grupinho. Guilherme Caneda e Rodrigo Ximenes, eram um quarteto. Olhou o horário no seu celular. Seis e trinta e sete. Tocou a campainha. Não demorou até a porta ser aberta, e se deparar com um Bruno que provavelmente havia acordado há cinco minutos, e que sorriu abertamente para si. Retribuiu.

— 'Tá atrasado.

— Cala a boca, você acordou agora.

os dois riram fraco, e seguiram quietos o resto do caminho. Bruno estava estranhando o silêncio do mais baixo, mas não comentou. Talvez só estivesse cansado, talvez...

— Ei.

— Hm?

— Você 'tá quieto.

— Uhum...

— Por quê?

— É... Nada. Eu só... 'Tô cansado, é, cansado.

— Hm.

E mais uma vez, se calaram. Bruno passou seu braço esquerdo em volta dos ombros de Pedro. Sorriu de canto. Quando chegaram no colégio, Pedro checou o horário novamente. seis e quarenta e três. Bruno se soltaria do "abraço", caso se importasse com a opinião alheia. Pedro se importava. Se importava demais, até. Mas não o suficiente para esconder uma amizade genuína que tinha há tanto tempo. Se conheciam desde os cinco anos de idade. Eram doze anos de amizade. Por que esconderiam isso de alguém? Não entendia, chegava a ser estranho, as meninas estavam sempre se abraçando, umas até sentavam no colo das outras, e todos sabiam que eram apenas amigas. Mas, Pedro e Bruno se abraçam uma vez, e por isso são olhados de forma estranha? Não faz sentido. Enfim, não era algo com que eles se importassem. Ouviram alguém gritar algo como "Casal!" "Viado!" e coisa do tipo, mas também ignoraram. Eles sabiam que eram apenas amigos. Não é? Boa parte das pessoas sabiam que Pedro é homossexual. Não que ele tenha contado para todos, mas, sabe como é, a fofoca se espalha rápido demais. Nunca teve problemas em se aceitar, sua avó foi tão compreensiva quanto ele imaginou, seu pai não sabia. Mas quem se importa? Ele nem via seu pai, na verdade, nem sabe onde ele está.
A dupla se sentou em um banco do pátio, com Caneda e Rodrigo, como sempre. Vez ou outra, trocavam uma palavra, sobre o que haviam feito no dia anterior, ou coisas do tipo. As sete e quinze, o sinal tocou. Foram para a sala, como de costume. Pedro não conseguia se concentrar, na verdade. com dezessete anos, havia se descoberto homossexual aos quinze. Se assumiu para sua avó com quinze, para seu grupo de amigos aos dezesseis, e foi aí que, de alguma forma que não fazia ideia, não eram apenas eles que sabiam. Oras...Era uma cidade pequena, uma escola pequena. Qualquer um podia ter espalhado. Era algo que o perseguia. Nunca se sentiu envergonhado por ser o que é, principalmente pelo apoio que sempre recebera de sua avó, que o criou,  na verdade, se orgulhava de si mesmo. O que rodeava sua cabeça, eram as pessoas más que o faziam ficar mal por simplesmente ser o que era. Odiava pensar nisso, mas não podia escapar. O preconceito sempre existiu, isso o chateava. Suspirou. Algo que o entristecia, era simplesmente pensar que podia envergonhar seus amigos, por gostar de meninos. Não queria que as pessoas tivessem pensamentos errados sobre seus amigos. Pois não queria perde-los. Rodrigo tem uma namorada, Guilherme não exatamente está em um relacionamento sério, mas às vezes fica com uma garota, da qual realmente gosta muito. E até onde saiba, Bruno é hetero. Não queria que as pessoas pensassem algo que seus amigos não fossem.
Isso o chateava.
Mas, poxa. Sempre teve uma relação de afeto com Bruno, os dois sempre se abraçaram, andavam juntos, e até seguravam as mãos as vezes, desde pequenos. Para eles, era algo normal. Sempre pensava demais em tudo. E se Bruno se afastasse por não querer que os outros alunos pensassem que ele também fosse homo? E se Rodrigo e Caneda também se afastassem? E se "os meninos grandes" voltassem a zombar dele? E se os "meninos grandes" voltassem a machucar ele? E se o pai dele voltasse?
Seu coração estava descompassado. Deitou sua cabeça na carteira, as palavras que a professora de literatura dizia pareciam não fazer o menor sentido para ele. Sua respiração acelerada, seu corpo tremendo, sua pele suando frio. Prensou os olhos.

— Pedro Henrique! Minha aula não é lugar para dormir. Se queria dormir, por favor, ficasse em casa! Não permito esse tipo de coisas em sala de aula!

Aquilo fez com que ele tremesse mais. Se encolheu na cadeira. Os demais alunos olhavam para si. Odiava toda aquela atenção.

— D-Desculpa.

Se ajeitou na carteira, mas permaneceu de cabeça baixa. Suas bochechas ruborizadas, apertou suas unhas nas palmas das mãos. Aquela aula parecia não ter fim.

— Hey!'

Bruno o chamou, em um quase sussurro, apenas olhou para trás.

— 'Cê 'tá bem, Pedro? Eu te conheço há doze 'fucking anos, aconteceu alguma coisa, né?

— Não se preocupa, 'tá? Eu...Eu posso explicar depois.—Forçou um sorriso.— Eu juro que eu 'tô bem.

Virou para frente, e finalmente o sinal bateu. A professora saiu da sala, e Bruno levantou-se. A sala de aula, entre a troca de uma aula para outra, sempre virava uma bagunça. Já estavam acostumados. Pedro sentiu a mão de Bruno tocar seu ombro, mas ficou quieto. O que irritava um pouco o mais alto.

— Pê...

Não respondeu.

— Pedro.
— Por favor, eu quero ficar quieto.

Bruno suspirou pesado, e se ajoelhou ao lado da carteira de Pedro, para ficar da altura do amigo, que estava sentado na mesma. O abraçou. Sem avisar, ou importar-se com os alheios. Sabia que algo estava acontecendo. Não sabia o que era, mas sabia que tinha algo acontecendo. Pedro retribuiu na hora, e 'escondeu' seu rosto na curva entre o pescoço e o ombro de Bruno, o que já era um costume. Não queria soltar. Precisava daquilo. Sentia falta daquilo. Na verdade, eles não se abraçavam de verdade há mais de uma semana. Por medo. Medo de pensamentos alheios. Não era algo que assustava Bruno, mas ele respeitava o amigo. Muito.

— Pedro.

— Hm?

— Lembra.

— De quê?

— Eu te amo, eu sempre vou estar aqui. Você não precisa me contar o que aconteceu, mas se quiser contar pelo menos que você não 'tá bem, por favor, me fala. Eu sou seu melhor amigo, e você o meu. Certo? Você não precisa me falar, mas...Se quiser falar, 'tá tudo bem. Okay?

Isso bastou para que Pedro desabasse. Não chorou. Na verdade, se conteve, seus olhos marejaram, talvez uma lágrima ou outra tenha escapado, mas, não se permitiu chorar. Fechou os olhos.

— Me desculpa por esconder. Caralho, eu amo tanto você.

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kkjj
ca estou eu com mais uma fic flop
o primeiro cap ficou horrível eu sei, desculpa:((
enfim, vou pedir biscoito aqui
leiam "Calendário" por favorzinho 🥺
se quiserem comentar e votar sintam-se livres.
logo logo att nas duas. amo vocês
💕

Infinito. [Pedro Frade + Bruno 'Rataque]{Kakochi}CANCELADAWhere stories live. Discover now