DIA 5

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Lance finalmente conseguiu enxergar o que se passava na praia onde deixara Keífi (nome difícil por bosta, o que os pais dele tinham na cabeça?) no dia anterior, assim que o sol nasceu. O humano já estava de pé, na areia, e acenava para ele.

O sereio não consegue entender nada do que ele estava dizendo, e começa a balançar os peixes (que pretendia dar ao humano) o mais alto que podia, na esperança de ele entender que tinha que vir até lá.

Keith viu os peixes. Entendeu o que Lance queria. Mas NÃO ia nadar até lá. As ondas eram fortes, a água estava gelada e ele tinha acabado de acordar...

A melhor opção era contornar a ilha, até que os dois achassem um lugar onde o mar fosse profundo perto da terra firme. O problema era que Lance não teve a mesma ideia.

Ao perceber que gritar era inútil, Keith simplesmente saiu andando (o mais próximo possível da água, sem molhar mais que os pés) pra direita.

Lance murmurou, indignado: "Onde aquele maluco pensa que vai?"

E, obviamente, o seguiu.

Depois de andar por mais ou menos meia hora e atravessar um riacho, eles chegaram a uma baía.

O lugar era bem bonito: as árvores acabavam em pedras negras, que eram constantemente molhadas pela espuma branca das ondas. Grandes penhascos se erguiam mais à direita, no fundo da paisagem.

Lance se aproximou de Keith, que subia em uma rocha mais baixa, ficando os dois o mais perto possível do outro sem que um encalhe ou o outro caía na água.

Animado, Lance entregou os peixes para o humano. Keith também estava especialmente feliz: a ilha tinha frutas e água doce e muitos pássaros relativamente fáceis de caçar.

Ele contou isso para Lance, que retribuiu a boa notícia ao esconder algo muito ruim: os peixes estavam indo embora. Se ele ficasse com Keifi por muito tempo, não haveria mais o que caçar até a próxima estação.

Keith não notou que havia algo incomodando Lance, e agradeceu o sereio pela comida, corando bastante.

Lance sorriu. Vermelho combinava com Keifi...

"Hey, Keifi, eu não sei quase nada sobre você".

"Uh..."

"Pode me contar uma história?"

Keith respira fundo e conta uma história. A menos constrangedora da qual consegue se lembrar.

Os dois riem muito juntos, e dia passa devagar. Todos os momentos eram importantes, e por isso passavam sem pressa. Mas, depois que acabavam, pareciam ter durado tão pouco... era preciso ficar mais. Só mais um pouquinho...

Um Conto Sobre o Mar (Klance)Onde histórias criam vida. Descubra agora