Fico só encarando a janela do carro enquanto meu pai dirige. É uma espécie de mania minha, ficar divagando enquanto observo as coisas à minha volta. Pensei que conseguiria ouvir minha playlist a viagem inteira até a escola, mas meu pai falou e tive que tirar os fones.
- Deve estar muito ansiosa pro seu primeiro dia de aula, não é?
Ele olhava para mim através do retrovisor, com aquele sorriso que sempre usava quando tentava puxar conversa.
- Na verdade, não. - discordei com um sorriso fechado - É uma escola nova - encolhi os ombros - E uma das melhores de Paris, pelo que vocês disseram. Mas não deixa de ser simplesmente o Ensino Médio. E dois anos de colegial já bastaram pra esgotar qualquer entusiasmo meu com relação a isso.
- Tudo bem, tudo bem - o homem falou com uma expressão de rendição ao tirar uma das mãos do volante - Eu devia imaginar que você consegue lidar com coisas triviais como o colegial há muito tempo. E por falar nisso, já chegamos.
Meu pai estacionou em frente à escola enquanto eu espiava o prédio pela janela. Era grande à primeira vista, com um gramado extenso da calçada até a entrada. A construção era alta e de tijolos, com uma placa de pedra no meio do gramado em que se lia: Sweet Amoris.
- Ok, eu vou nessa. - digo colocando de volta um dos fones e abrindo a porta, de mochila nas costas.
Meu pai falou de novo antes que eu pudesse sair do carro.
- Boa sorte no seu primeiro dia. Sei que vai me deixar orgulhoso, como sempre.
Ele abriu um grande sorriso ao dizer aquilo, e eu apenas forcei outro para ele antes de sair definitivamente e fechar a porta do carro. Olhei para trás e vi ele se afastar, antes de respirar fundo e entrar na escola.
Os alunos estavam todos espalhados, a maioria conversando. Não devem ter muita coisa para fazer, já que o primeiro sinal nem bateu.
Aproveitei o tempo livre para explorar a escola, e acabei saindo num pátio grande com uma fonte no centro. Atrás da fonte, eu podia ver uma estufa de plantas (sabe-se lá para quê a escola vai usar essas plantas) e perto da fonte, dois bancos, um de cada lado.
Resolvi me aproximar de um deles, com intenção de me sentar e relaxar um pouco, perto da fonte, que tinha me agradado. Ao fazer isso, no entanto, encontrei um pequeno bloco de notas sobre o banco, aberto na primeira página - aparentemente por causa do vento. Peguei o bloco e guardei, não sem ver o que estava escrito na página aberta: o nome de alguém. Lysandre... Devia ser o dono do tal bloco. Bom, eu poderia passar em algum tipo de achados e perdidos e deixar por lá. Se a pessoa desse falta, poderia ir lá buscar.
Enquanto colocava o objeto na mochila, ouvi o primeiro sinal tocar. Me apressei em ir até a sala em que o terceiro ano devia estar, isso se eu conseguisse encontrar. Quando já estava dando a terceira volta naqueles corredores que me pareciam muito confusos (e já começavam a esvaziar), esbarrei em uma garota ruiva pelo fato de estar lendo um guia da escola que recebi no ato da matrícula.
- Desculpe - falei olhando rapidamente a garota.
- Tudo bem - ela disse e começou a se afastar, mas antes que desse dois passos me dirigiu a palavra - Ei, você tá perdida?
Desviei o olhar daquele guia inútil da escola que não tinha me ajudado em nada e encarei a garota outra vez. Seu olhar era de solidariedade e simpatia.
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Rock'n Souls (Reescrita)
FanficO que pode acontecer de mais louco na vida de uma adolescente de 17 anos? Intrigas? Segredos? Festas alucinadas? Ir parar na cadeia? Pois eu acho que não. A verdadeira loucura seria perceber que se enganou. Sobre si mesma, sobre as pessoas, sobre tu...