Querido Willian

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18 de agosto de 1957

Vivemos tantas historias de amor, passamos por tantos desafios e nos mantivemos unidos. Eu não me arrependo de nada. 

Lembro-me de nosso primeiro encontro. Pulei a janela do meu quarto e quase rasguei meu vestido novo de seda ao passar pelas grades de ferro do portão. Teria pulado a grande muralha da China por você.

Também lembro-me do nosso primeiro beijo, de sentir suas mãos deslizarem pelo meu corpo. Lembro-me de sentir as famosas borboletas no estomago pela primeira vez enquanto seus lábios devoravam os meus.

Não parece mas já faz um ano que nos apaixonamos. Um ano que nos conhecemos, onze meses que nos beijamos e nove meses que levamos nosso amor para cama.

Foi a melhor decisão que tomei. Não existe palavra no mundo capaz de descrever o que sentir quando sua mão passeou pelo meu corpo nu. Quando seus lábios tocaram meu pescoço e suas mãos agarraram com força meus pulsos.

Mas foi esse ato de amor verdadeiro que nos trouxe até aqui. Aquela cena ainda me assusta. Nós dois fazendo amor em um quarto de hotel quando de repente meu pai surge. A vergonha e o medo abafaram o prazer e a felicidade.

Desde então passo meus dias trancada no quarto e a unica coisa que me mantem viva é este presente que você me deu. Uma criança. Mantê-la viva é a unica coisa que me faz acorda pela manhã.

Sim meu amor, eu estou gravida. Sei que seu sonho sempre foi ser pai e criar uma família. Eu lhe concedo o primeiro desejo. Esta previsto para que eu dê a luz ainda está semana. Estou muito feliz e creio que a criança também já que ela não para de chutar.

Gostaria de conhece-la, de ver com qual de nós se parecerá. Mas sei que não será possível. Eu vou morrer quando essa criança nascer. Sei disso porque foi o que aconteceu com minha irmã. Depois que meu sobrinho, filho de um pobre artesão nasceu, meu pai mandou mata-la para curarem seu pecado de deitar-se sem casar. Foi assim com ela, por que seira diferente comigo?

Enfim. Escrevo  está carta para lhe dizer o quanto o amo ,e também para fazer-lhe um pedido. Crie nosso filho. Dê um jeito de salva-lo de meu pai. Ensine a ele a amar como nos amamos e, principalmente, ensine-o que amar é bom, mas as vezes é perigoso, as vezes é até mesmo mortal.

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