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— Pare de chorar, seu idiota. — ordenei baixo para mim mesmo enquanto me encarava no espelho. Abri a torneira e lavei o rosto com aquela água. 

Talvez Mark e Lucas ainda estivessem me esperando no pátio. Eu não queria que soubessem que estava chorando.

Para mim já é uma verdadeira merda tentar dizer em voz alta o que sinto, quem dirá explicar para meus amigos o porque de ter chorado? Quero dizer, eu não sou idiota.

Todavia, em um momento inesperado, alguém entrou naquele banheiro, para o meu desespero. Mas era só Renjun. Porra...

— Jeno! — sorriu com os lábios, aparentemente animado. 

— Olá, Renjun! — sorri forçado, pegando minha mochila do chão e colocando nas costas.

Vi nas mãos de Renjun, tinta colorida. Era um amarelo muito vivo, pensei se não estesse fazendo algum trabalho para o grêmio estudantil. 

— Pode me ajudar? Não quero molhar as mangas do uniforme. — ele abriu a torneira com um pouco de dificuldade e colocou o sabonete líquido nas mãos. Eu me aproximei e ajudei levantando as mangas da camiseta.

— Prontinho. — não fiz muito contato visual por motivos óbvios de estar acabado e não querer ficar nervoso. 

— Hm... Você estava chorando? — me indagou, olhando para meus olhos, de perto. Eu fiz um rápido contato visual com o mesmo, mas nada duradouro. Droga, ele ainda era insuportavelmente bonito — O que aconteceu? — terminou de limpar suas mãos e as enxugou com o papel descartável ao lado de onde estava. 

— Nada demais! — brevemente ri.

— Não! Aconteceu algo que eu sei e você não quer falar. — jogou o papel no lixo e logo parou na minha frente me olhando — Não quero parecer metido, me perdoe de qualquer modo...

— Me desentendi com Jaemin. — mencionei — Isso foi ontem, mas ainda estou um pouco magoado. — desviei o olhar, sentindo meus olhos parcialmente se encherem de lágrimas novamente ao lembrar — Está tudo bem!

— Céus, eu sinto muito... — comecei a sentir algumas lágrimas caírem sobre meu rosto, mas tentei esconder. O que foi impossível. Óbvio — Ei! Não chore! — ele acariciou meu ombro e me envolveu facilmente em um abraço caloroso e atencioso. 

Queria poder sorrir naquele momento, sorrir de felicidade por estar sendo abraçado por Renjun, mas seria irônico, porque eu estava chorando por causa de Jaemin. 

Eram naquelas horas que eu gostaria de não estar na vulnerabilidade de ser um grande besta apaixonado e jogado aos pés de Renjun e Jaemin.

— Desculpa... Eu sou tão insuportável, olha pro meu estado... — passei minha mão sobre um de meus olhos, com o intuito de enxugar as lágrimas ali.

Naquele momento eu apenas me afastei dele, em passos lentos, fui andando para tras, tentando parar de chorar. 

— Você não é não... Mesmo tendo muita chance de estar falando merda agora, porque não te conheço realmente, você não é insuportável! — caminhou cautelosamente até mim, com um sorriso envergonhado e reconfortante nos lábios.

— Aconteceu muita coisa... Eu não faço ideia do que fazer. — enxuguei novamente meu rosto com minhas mãos — Saí da minha zona de conforto por causa dele e Chenle. Talvez tenha demonstrado algo que não deveria. Acabou que muita coisa veio à tona... E deu no que deu.

— Jaemin e Chenle estão namorando? — dei de ombros, sem saber ao certo como responder aquilo. Era tão estranho estar desabafando com Renjun — Vi os dois hoje, no pátio.

— Não se convença disso. Chenle gosta de beijar seus amigos... Quem sabe ele só está tentando ajudar de alguma modo diferente... — ele riu brevemente, trazendo um silêncio entre nosso meio.

Era tão sem noção essa fase da minha vida. Tão, tão, tão sem sentido e desnecessária. Me odiava por não estar sabendo agir. Me odiava como nunca estive odiando algo por toda a vida.

— Complicado essa merda. — ele visou o chão, suspirando fundo.

— Na teoria, estamos sofrendo por quase a mesma coisa. — dei de ombros, voltando a olhar para seu rosto — O Jaemin faz tudo virar uma droga.

— Ele me odeia por causa de você, é bem nítido isso. — ele riu brevemente — Mas ele é tão bonito, eu fico extremamente hipnotizado, como eu vou tratar na mesma moeda uma pessoa igual ele?! — começamos a rir juntos daquele momento idiota e frustrante — Você gosta dele, não gosta?

Meu rosto tomou cor rapidamente, me fazendo sorrir de canto escancaradamente por vergonha e insegurança de responder a pergunta.

— Não consigo falar sobre isso. — franzi o nariz, voltando a olhar para ele. Renjun deu de ombros, rindo brevemente.

— Você pelo menos consegue notar isso. — ele suspirou fundo — Escute, eu vou voltar para o grêmio... Precisamos terminar os cartazes antes do fim do trimestre...

— Está certo... — concordei com suas palavras, sem opinar mais nada — Nos vemos por aí...

— É isso que espero! — ele sorriu com os lábios, se despedindo e indo a direção da saída.

blue diary | nominOnde histórias criam vida. Descubra agora