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— Trouxe sorvete de baunilha. — disse Chenle assim que apareceu na porta do meu quarto. Ele largou a sacola do mercado com o sorvete dentro sobre meu colo e se sentou na minha cama junto onde estava minha mãe — O que aconteceu lá? — indagou sério para mim.

— Um soco na boca parece ser menos doloroso. — falei sério e com um pouco de dificuldade, já que minha boca estava com sorvete. Mas minha mãe me repreendeu.

— Você não vai apanhar de ninguém. — afirmou, um pouco confusa. 

— Me sinto um lixo. — suspirei pesado, tombando minha cabeça para trás. 

— Independente de quem esteja errado ou certo nessa história toda, você não pode sofrer por causa de uma babaquice dessas! — disse revoltado. Ele largou sua mochila, que estava em suas costas, sobre a cama e tirou celular do bolso — Você não nasceu para sofrer.

— Chenle está certo. Você não pode ficar triste por detalhes como esses. São coisas facilmente motivadas. Você não pode deixar que coisas idiotas te afetem. — terminou, fazendo um carinho sobre o meu cabelo. Mas nos assustamos quando ouvimos a porta da entrada se fechar com muita força, dando um barulho alto por toda casa — Seu pai chegou. — colocou os sapatos e saiu do quarto, deixando a porta fechada.

— Durma aqui hoje? — supliquei.

— Por qual razão acha que trouxe uma mochila? Por acaso já me viu estudando? — riu descontraído.

[...]

Eram duas da madrugada. Lá estava eu e Chenle maratonando Breaking Bad no quarto. Estávamos deitados sobre a cama, vestidos já com nossos pijamas de verão.

Era boa a companhia de Chenle, ele me fazia me sentir bem e era muito bom desabafar com ele. Mesmo que tenha chorado outra vez ao tocar naquele assunto sobre Jeno — e me sinta parcialmente idiota por isso —, Chenle me fez sentir mais leve. Isso era bom.

— Está se sentindo melhor? — perguntou baixinho, fazendo um carinho em minha nuca com meu rosto aconchegado sobre seu ombro. 

— Acho que sim, mas ainda tô um pouco chateado. — sorri de canto.

— Bom... Jeno é burro, e você uma florzinha. Burros não merecem florzinhas, porque não sabem cuidar delas. — deu de ombros e um selar sobre a minha testa — Se te machucou, me machucou também.

— Pitico. — sorri com os lábios e dei um outro selar sobre a bochecha dele, e pude ouvir sua risada boba.

Era tão bom ter amigos como Chenle ao meu lado para poder me ajudar em momentos ruins. 

— Precisamos dormir. — falou olhando as horas no relógio do celular — Temos aula daqui... Cinco horas. — largou o celular no comodo ao lado. 

— Não estou com sono. — afirmei o olhando com uma de minhas sobrancelhas levantada.

— Mais uma série então? — fez um biquinho enquanto me olhava.

Naquela madrugada a nossa maratona foi completa. Assistimos aquele seriado até não aguentarmos mais. 

blue diary | nominOnde histórias criam vida. Descubra agora