blue diary | nomin

30

Faltava torno de duas horas para minha mãe chegar em casa. Neste seu tempo ausente, eu teria limpado tudo o que notasse no meio do caminho. Diria que a casa estava impecável. O cheiro de produtos de limpeza eram bem suaves e eu os amava.

Mas neste período, eu ainda esperava o retorno da mensagem de Renjun em nosso chat de conversas. Estava de longe preocupado se pudesse estar atrapalhando ou não ele, mas eu precisava escutar alguma palavra de conforto.

Me virei de um lado para o outro. Refletir sobre a minha vida naquele momento não era a melhor opção, mas era uma.

Não era que como se eu precisasse usar Renjun para me distrair, eu jamais gostaria de manter uma pessoa que gosto chateada comigo por muito tempo, — isso conta com Jaemim —, me refiro no sentido de que odiaria usar as pessoas pelos meus próprios benefícios e depois as descartar como qualquer resíduo de lixo. Esse pensamento por acaso faz algum sentido nesse contexto narrativo? Eu não faço muita ideia.

Se alguém pudesse me escutar agora, eu gostaria que entendesse que eu tive que mentir para me prevenir de uma reação negativa da pessoa que gosto. Não que isso justifique minhas palavras, mas ainda tenho dezesseis anos e preciso aprender a reagir as coisas da vida de modo mais sério e a falar nos momentos adequados.

Isso encaixaria Renjun a minha ideia, ele é uma pessoa mais velha e provavelmente está passando por muitos devaneios como eu. Ele poderia ter uma maior facilidade de compreensão nessa teoria.

"jeno !!! me desculpe a demora, tive alguns imprevistos, por isso demorei"

Ele me respondeu. Ele finalmente respondeu para o meu alívio, finalmente.

"está tudo bem!! espero que tenha resolvido tudo direitinho por aí, que eu não esteja atrapalhando de alguma forma... posso te ligar?"

"claro, a vontade"

Sem mais nem menos; após aquela confirmação cliquei a ponta de meu polegar sobre o ícone de telefone do chat. Aquilo poderia me deixar entusiasmado.

— Olá? — que pergunta idiota, seu animal, tente falar como um ser humano normal, ele pode ficar irritado com você.

— Oi. — ele riu aparentemente envergonhado do outro lado da ligação; eram naqueles momentos que sorria largo ao ouvir aquele angelical tom em sua voz — Ei! Não vamos demorar muito, precisamos nos arrumar logo para a festa de Haechan.

— Claro! Você está certo. Uhm... Por onde devo começar? — ele outra vez riu, brevemente, mas irônico.

— O que está se passando na sua cabeça agora? — ele me respondeu com uma pergunta.

Bom, existem milhões e turbilhões de coisas rodando na minha cabeça sem parar. Sinto meus olhos esquentaram e o estômago revirar muitas partes das vezes; eu sou sensível quando sobre pressão. Faço besteira.

Como eu poderia explicar detalhadamente o que estava pensando naquele instante?

— Para ser sincero... Jaemin. Eu penso muito nele. Sinto falta de sua companhia e penso em muitas maneiras de poder me aproximar dele outra vez. Acho que não façam sentido, então... Você está aqui para isso? É como um psicólogo bonito e totalmente confidencial. — ele riu sutilmente; me sentia mais confortável com a situação que estava me pondo — Eu me sinto travado e impossibitado. Parece exagero, mas penso em como Jaemin se comportaria caso me ouvisse falando o que sinto.

— Você se sente impossibilitado por conta de sua intimidade com Jaemin ou por sua insegurança da reação em sua ação?

— Eu acredito que os dois! Jaemin pode ser uma pessoa intensa e não tem medo algum de dizer o que pensa. Ele sempre me dá sermão quando começo a me emocionar ou criar expectativas demais. — me lembro outra vez daquele bilhete — Me sinto confuso com a ideia de expor meus sentimentos. Eu preciso guardar eles para mim ou então machucarei outras pessoas; seja mentindo impulsivamente ou mencionando detalhes sombrios de meus pensamentos que lhes façam ficar preocupados.

— Não acredita que isso possa ser um erro contínuo dele? Jaemin como seu melhor amigo não deveria lhe fazer se sentir confuso, mas sim lhe avisar sobre os prejuízos.

— São apenas preocupações. Não só dele, como de muitos de nossos amigos. Jaemin é desse jeito também por conta de seus problemas familiares e pessoais, ele sente medo em ver outra pessoa sofrendo e não podendo fazer nada para ajudar. Ele tem medo de me ver sofrendo por minhas próprias ilusões.

— Isso faz sentido, é um argumento inteligente. — suspirou fundo do outro lado da ligação — Então, analisando bem a situação: você gosta de Jaemin, reciprocamente, mas nunca conseguiu se abrir completamente por receio de alguma reação sincera demais ou negativa demais de sua parte?

— Exatamente.

— Então o seu problema está na insegurança da ideia de expressar sentimentos, mas não exclusiva da sinceridade de Jaemin, como também seus sentimentos. Porque vocês se conhecem. Resumindo melhor minha ideia: caso fosse alguma insegurança natural de sua personalidade, não estaria me falando sobre isso tudo. O problema está em Jaemin.

— O que me preocupa é como ele possa me julgar ou se sentir quando falar mencionar meus sentimentos; mas também existem outros problemas que dificultam isso tudo...

— Exatamente sobre isso que penso. Existem muitos sentimentos pelo o que me diz, quero que saiba que são comuns. Estamos em desenvolvimento de caráter e encarando problemas confusos e incomuns, muitas vezes. Mas, retomando ao assunto... Quais são esses problemas? Talvez possa lhe ajudar.

Seria uma boa ideia falar o real motivo ou deveria inventar e negar a razão pela qual gosto de Renjun, o garoto que estava do outro lado daquela ligação?

— Pessoais. Eu acho que deveria resolver isso sozinho... — ele concordou com um barulho qualquer.

— Certo... Então você deveria falar com ele Jaemin hoje a noite. É uma ideia óbvia, mas acredito que não consiga aconselhar de muitas formas sem sabermos exatamente como Jaemin reagirá. Existem muitas coisas que vocês precisam colocar em pauta ou risco antes que acabe gerando algum problema, você sabe disso, certo?

— Claro, eu sei muito bem... Mas... Como você acha que eu deveria fazer isso? Como acha que eu deva falar?

— Vejo que você é uma pessoa muito reflexiva e sente muito medo do realismo, mesmo que não consiga fugir dele. Você me mencionou no início da ligação que tinha ideias sobre como se resolver com Jaemin. É uma questão pessoal, não faço questão de saber. Você é muito inteligente, Jeno. Acredito que vá conseguir por uma dessas suas ideias em reflexões e prática da maneira adequada e devida.

Refletindo no que ele me falava; não sentia extrema confiança em meu potencial para expor meus sentimentos completamente a Jaemin. Mas talvez... Eu pudesse mudar isso tudo.