feliz dia das mães parte [1/3]

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Jaci tentava prender uma pena nos densos cabelos da pequena menina sentada entre suas pernas.

"Mãe?" Disse a morena virando o rosto para a indígena.

Jaci:
Sim ,Gabriela ? Ela falou , um doce sorriso em seus lábios de mel.

Gabriela:
Conta uma história?

A praia deserta , apenas o som das ondas batendo na beira da praia.

Jaci:
Qual ? São tantas .

Gabriela:
Uma que ainda não me contou....

Gabriela:
Como quando você nasceu . . . ?

A criança se indaga, olhando fundo nos dourados olhos de sua mãe.

A indígena ri .

Jaci:
Acho que pode se dizer assim.

Gabriela se ajeita , observando a figura materna.

Jaci cala se por alguns minutos , lembrando se da história que pequena havia pedido.

Jaci:
Eu não sei ao certo quando ocorreu... apenas lembro da sensação.
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Em meio as densas florestas sulamericanas , no território que hoje conhecemos como Brasil uma menina surge , sua pele meio parda devido ao sol , cabelos lisos , castanhos meio arruivados lembravam as brasas ardentes do fogo e olhos amarelados aparentavam serem feitos de ouro.

Ela abre os pequenos olhos que antes estavam fechados.

Tudo a fascinava , as folhas os sons , tudo.

Em igualmente pequenos passos anda por sua nova casa.

Sobe em árvores, experimenta seus frutos , dorme junto as grandes onças pintadas na copa das gigantescas árvores.
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Gabriela:
Mãe, você ainda gosta de fazer isso não é?

Jaci:
Sim, a indígena ri fazer isso era prazeroso para ela , por isso vou te ensinar quando for mais velha.

A pequena parecia ansiosa , sempre quando saía com sua mãe sentia fascinada o quão rapido ela subia nas mais altas árvores mesmo com os cabelos que tocavam no chão.
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Mal a pequena sabia que era observada, uma tribo da floresta por gerações a tinha monitorado, no início tinham medo do Espírito protetor que rondava a região.

Mas esse medo foi rompido com a guerra travada com uma tribo vizinha. O pajé orientou os guerreiros para buscarem o espírito, dessa forma venceriam a guerra.
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Jaci:
Quando eles vieram até mim estava assustada, nunca havia visto pessoas que se pareciam comigo antes!

Ela gesticula com as mãos.

Jaci:
Mas falávamos a mesma língua... E sentia que deveria ir com eles.

Jaci:
Assim, me juntei a minha tribo. Porém no dia de confrontar a outra tribo.
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Lanças e flechas era atiradas em ambos os lados , a guerra estava sendo travada.

No meio do caos , duas figuras se encontram e se encaram.

Uma , mais alta e com sede por sangue em seus olhos.

A outra, baixa inexperiente e nervosa.

Eles eram diferentes de todos os outros, tinham um nome específico.

Espíritos.

Era assim que suas tribos os chamavam , guardiões a materialização da própria tribo.

Era ali que a guerra tinha seu final.
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Gabriela:
O que houve mamãe?

Ela se aproximou da figura mais velha.

Gabriela:
Você venceu?

Gabriela:
Você venceu o outro espírito?

Jaci:
Acho que devo continuar essa história quando chegarmos em casa....

A expressão da pequena era de desapontamento.

Jaci:
Não fique com essa carinha.... O sol está se pondo.

Ela aponta para o horizonte.

Jaci:
Não se sabe que espíritos andam por aí a noite.

Jaci:
Vem, prometo que continuamos assim que chegarmos !

Ela sorri novamente, levantou-se e  pegou a mão da filha.

Abandonam a praia e entram na densa floresta.
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A noite trazia seus sons característicos, mãe e filha se deitam na mesma rede.

Jaci:
Em que parte eu parei ?

Ela pergunta virando a cabeça para a pequena.

Gabriela:
Na sua primeira luta ?

Ela abraça a mãe.

Jaci:
Ah sim.
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No calor da batalha as figuras se acatam.  A mais velha usa um tacapi a mais nova , um arco e flecha.

Ambos, talentosos guerreiros.

Em um momento de distração, uma flecha é cravada .

A menina vai em direção à figura mais velha.

Sangue escarlate atingia o chão.

Os olhares dos dois se cruzam.
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A descoberta: Crônicas da BrasilOnde histórias criam vida. Descubra agora