Su Veneno

Necio - Parte I

Halloooo! Alguém sentiu falta da latina mais gostosa do mundo? Preparem-se pra minha Camila... A personagem da mídia será introduzida hoje, a maravilhosa Quinn Fabray #gleefeelings. 

Música do capítulo: Necio - Romeo Santos

Camila POV

Estava na cidade novamente. Voltar àquele lugar me evocava emoções que acreditei não existissem mais: saudosismo e afeto. Às vezes pensava serem sentimentos passageiros, mas identifico a importância desses sentimentos quando minha insônia bate como agora. São 3h35 no relógio que orna a parede da cobertura em que eu estava hospedada.

Meu calesson preto e o top que escondiam minha nudez me protegiam da noite atipicamente fria na Cidade do México. Abri a porta de vidro com um copo de rum em mãos e sentei em um dos sofás olhando a cidade abaixo de mim ainda movimentada. Claro, uma capital nunca dorme. As vezes sentia saudade do tempo que vivia em Cuba... Tudo era mais simples, sem erros, complicações e possíveis consequências desastrosas.

Eu não estava aqui por causa de qualquer relacionamento antigo, esse definitivamente não era mais meu propósito. Saber que quase estraguei tudo me apaixonando por aquela branquela me afetava de maneiras muito peculiares. Eu que nunca havia vacilado antes tinha caído pelos toques, pelos lábios, pelo carinho e pelo sexo dela. Era de foder qualquer psicológico. Quando entrei nessa, achei que seria fácil desconectar-me de tudo, mas eu ainda mantinha minhas informações sobre Lauren e seus passos atualizados. Não que eu me importasse, longe disso... Mas eu queria saber se ela estava saudável e viva. Só queria saber se não havia deixado rastros demais descobertos por minha irresponsável imprudência. Porém, não poderia me dar ao luxo de procurá-la, seria suicídio.

Alcancei um cigarro mentolado na caixa depositada na mesinha de centro da sacada e inspirei lentamente, tentando acalmar meus pensamentos e organizá-los nesse processo. Queria saber aonde diabos eu tinha errado. Era simples, entrar, seduzir, tirar informações e cair fora. Não precisava de quase um ano pra isso.

Mas quando eu pensava no jeito que aquela maldita me olhava, o jeito como me provocava em público, as loucuras que fizemos no carro, no clube, em seu apartamento, no apartamento de Normani, em banheiros... Dios, eu havia me divertido e aproveitado muito mais do que imaginava. Eu seriamente havia considerado abrir mão de tudo por ela? Sim, eu havia...e além do mais, eu tentei ficar. Porém, as consequências seriam devastadoras.

Sorri saudosa pensando na vida que poderia ter ao lado de Lauren. Iria ter um amor, uma família, filhos... Mas tinha certeza que ela ficaria melhor sem mim. Eu nunca me considerei uma mulher romântica, nunca sonhei em ter esse tipo de fantasia que implantam em nós desde a tenra idade. Nunca me deixei seduzir pelo ideal de família imposto, ou por uma pessoa que voltasse pra casa todos os dias pra você. Eu sabia que eu de onde eu vinha, essas coisas platônicas não tinham vez.

Não sei se foi pela promessa ou pela aspiração de algo realmente duradouro que Lauren me trazia que comecei a pensar nessas besteiras. Não tinha como eu querer viver essa dualidade, eu morreria e a levaria comigo. Meu telefone tocou em cima da mesinha e o peguei suspirando, vendo o número já tão familiar.

- O que você quer? - perguntei ríspida, sem rodeios.

- Não seja tão arisca, querida... 

- Então não me pressione, já disse.

- Quero informações sobre as transações com o Matthew.

- Estão dentro do previsto. Até o final da semana completarei a transação e irei embora - expirei a fumaça ouvindo a risadinha irônica do outro lado da linha.