Capítulo Sete

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Desde a entrada do colégio até cada sala de aula, vários panfletos impressos com a mesma frase cobriam o chão, as portas e os armários:

"Thomas Evans tem o órgão sexual do tamanho de uma azeitona sem semente!"

As risadas e piadas se alastraram em questão de segundos. O burburinho foi tão grande que a diretora Mason decidiu intervir e investigar quem teria sido o vândalo capaz de tal baixaria.

Ela fez um discurso longo e cheio de lições de moral, enaltecendo os bons princípios e discriminando os maus. Isso seguido de uma aula básica de anatomia do corpo humano sobre tamanhos de genitália e do quanto isso era variável.

A risada aumentava cada vez mais e era um deleite presenciar o rosto avermelhado de Thomas Evans. A expressão incrédula e envergonhada dele era simplesmente impagável.

— Agora chega! Todos para suas salas! Eu não quero mais ouvir sobre esse assunto. — Ela dispersou os alunos, restando apenas Evans ao lado dela.

O olhar dele recaiu sobre mim, assim que os corredores foram esvaziando ainda ecoando risadas, ele se aproximou furioso e jogou um panfleto amassado no meu peito.

— Eu sei que foi você quem fez isso! — Me acusou e eu sorri cinicamente.

— Nunca terá como provar tamanha calúnia. — Ironizei e ele agarrou meu braço com brutalidade. — Não encosta em mim que eu chamo a polícia! Não estamos mais no meio do nada, seu idiota!

— Você vai me pagar por isso, Katie...

— Abaixa o tom para falar comigo, menino pipiu de azeitona!

— Não ouse me chamar assim! — Esbravejou entredentes e eu sorri ainda mais.

— É por isso que você é tão covarde. Você é minúsculo como o seu pênis, Evans. — Debochei e ele ameaçou me agredir, mas eu parei a mão dele no ar. — Você nunca mais irá me pegar de surpresa como ontem. Vamos, relaxe! Isso não é nada comparado ao que você realmente merece. Isso sequer paga todos os pesadelos que tive à noite por sua causa. Eu tenho nojo de você.

— Isso não vai ficar assim, Katie! — Ameaçou e eu fingi um bocejo.

— Tudo bem, se quer tentar pílulas de crescimento vendidas na internet, boa sorte. Entretanto é perca de tempo. Não dá para aumentar o que não se tem. — Cuspi as palavras banhadas em sarcasmo e eu podia sentir o ódio dele queimando em minha pele.

Ele então me empurrou bruscamente contra os armários e saiu chutando tudo que achava pela frente. Era um débil mental mesmo.

Depois da aula de educação física eu e as meninas seguimos para o vestiário. O assunto era nada mais nada menos que Evans e seu "pequeno" problema.

— Que tristeza! Um garoto tão lindo e tão incapacitado é um desperdício. — Samantha comentou nos fazendo rir.

— Não chega a ser uma tristeza. Digo, não se você gostar de sentir cócegas. — Ironizei causando gargalhadas.

— Triste é ver o bullying se alastrando como uma praga pelo colégio. Vocês não assistem jornal, não? É simplesmente a segunda maior causa de depressão. — Izabel Colins se intrometeu na conversa e eu revirei os olhos.

— Izzie, querida Izzie! Não é bullying quando é verdade. — Rebati e ela cruzou os braços.

— Vocês estão sendo irresponsáveis. Não é legal fazer piadas sobre o corpo das pessoas. Já passou da hora de perceberem isso.

— Se está com tanta pena, leva ele para casa. — Ironizei e ela pareceu concordar.

— Pois é exatamente o que eu vou fazer. Vou convidar ele para sair e se distrair antes que o pobre surte pela falta de empatia de vocês. — Respondeu e eu parei de sorrir no mesmo instante.

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