Capítulo Dez

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Duas semanas depois...

As coisas pioraram muito com o passar dos dias. Além de Robert se recusar terminantemente a conversar comigo, ainda era somado o fato dele começar a andar de mãos dadas com a Colins para cima e para baixo. Meu estômago revirava só de vê-los juntos. E parecia que para onde eu olhava lá estavam os dois.

Com o passar do tempo a minha ânsia de recuperar o amor que eu achei que Robert alguma vez sentiu por mim foi minando como uma gota que cai no chão do deserto.
Não que eu ainda não o amasse, entretanto me sentia estranha. Só não sabia explicar o porquê.

No fim do último tempo de aula segui ao lado das meninas para fora da sala, quando inesperadamente me deparei com Robert e Colins se beijando. Ele tinha as mãos na cintura dela e ela praticamente estava pendurada no pescoço dele.

Um enjôo fugaz subiu pela minha garganta me fazendo correr para o banheiro. Após vomitar todo o meu almoço, saí da cabine e lavei o meu rosto. Me sentia fraca demais.

— Te entendo bem, amiga! É mesmo nojento ver aqueles dois juntos. — Glória opinou e eu peguei o papel toalha para secar meu rosto.

— É realmente nojento, entretanto você tem ficado enjoada tantas vezes essa semana que até parece que está grávida. — Belinda brincou casualmente rindo em seguida e eu pensei um instante no que ela havia dito.

Não pode ser! Não pode ser mesmo!
Não pode ser nem brincando! — Mentalizei apavorada.

Se meus pais sonhassem com tal possibilidade iriam​ me matar. Eu ri para não deixar transparecer meu nervosismo e joguei o papel na lixeira.

— Vamos logo embora! — Mudei de assunto rapidamente e ambas concordaram.

Assim que me aproximei de Gaspar ele me olhou preocupado. — A senhoria está pálida! Sente-se bem?

— Não muito. Pode parar na farmácia, por favor?

— Claro, o que quer que eu compre? — Ele se prontificou e eu pensei melhor à respeito.

— Pode deixar que eu compro.

Ele assentiu e dirigiu até a farmácia mais próxima. Eu comprei o teste e guardei na minha bolsa. Entrei no carro completamente muda.

Cheguei em casa e passei direto para o meu quarto. Minha mente fervilhava inquieta. Eu estava nervosa, com medo e assustada. Não sabia o que sentir, o que pensar e muito menos o que fazer caso desse positivo.

— Uma mãe melhor que a minha eu seria. — Comentei olhando para minha barriga. — Eu jamais diria que você é uma criança feia. Jamais te deixaria com fome. Jamais deixaria ela fazer você odiar sua própria imagem.

De repente sacudi a cabeça. Poderia não ter criança alguma ali. Ao mesmo tempo eu sentia como se meu corpo já soubesse de tudo há muito tempo.

Meus olhos ficaram marejados encarando o teste. Eu tinha medo da confirmação. Se eu realmente estivesse grávida minha vida iria virar de cabeça para baixo. Meus pais fariam um inferno. Ao mesmo tempo eu sorri imaginando que finalmente teria alguém do meu sangue que pudesse me amar.

Meus pensamentos estavam conturbados. As lágrimas vieram à tona e eu queria alguém para segurar minha mão. Pensei em chamar Corina, mas ela com certeza iria se desesperar com a possibilidade.

O tempo como não tinha a miníma intenção de cooperar comigo passou voando. Logo era noite e eu estava sentada no mesmo lugar encarando a droga do palitinho. O horário do jantar havia chegado e foi quando eu percebi que não poderia mais adiar. Respirei fundo e corri para o banheiro. Fiz o teste e fechei os olhos preocupada.

Passado alguns minutos eu abri lentamente meus olhos e então me deparei com as duas listras no palito.

Eu estava grávida!

Só de imaginar a reação dos meus pais eu tive uma vertigem. Sorte que estava deitada na cama.

— Eu vou proteger você deles. Eu prometo. — Murmurei fazendo carinho na minha barriga.

Era tão louco imaginar que tinha alguém crescendo dentro de mim. Era tão assustador e ao mesmo tempo tão apaixonante. Eu só queria poder fazer tudo que meus pais nunca fizeram comigo. Só queria abraçar o meu bebê e proteger ele do mundo.

Chorei ao lembrar das vezes em que minha mãe repetiu que a primeira coisa que ela pensou ao descobrir que estava grávida era que a vida dela tinha acabado, e principalmente que ela considerava que eu realmente destruí o futuro dela.

— Você não vai acabar com nada, não, bebê. Eu não vou te magoar. Nunca vou fazer com você o que minha mãe fez comigo. Jamais vou te dar banhos gelados no inverno para te punir caso você derrube minhas maquiagens sem querer. Jamais vou te obrigar a vomitar o brigadeiro que você comeu escondido debaixo da cama. Jamais vou dizer que você foi a pior coisa que aconteceu na minha vida, porque você definitivamente é a melhor. Depois de tanta merda, de tantos castigos e de tantas decepções que passei, você é um presente. Eu posso não saber cuidar de mim direito, mas vou aprender a cuidar bem de você, meu filho. Eu prometo. — Murmurei tocando na minha barriga.

Sequei as lágrimas e respirei fundo. Eu precisava de ajuda, precisava de alguém para me apoiar. Peguei meu celular e procurei o número na agenda, olhei por um instante indecisa. Eu precisava ligar, mas ao mesmo tempo tinha receio do que poderia acontecer quando eu contasse sobre a criança. Uma pequena fagulha de esperança me dizia que ele iria me ajudar a pensar na melhor maneira de criar nosso filho. Outra parte porém duvidava se ele iria me ajudar em algo.

Tomei coragem e liguei. Chamou até cair. Enviei dezenas de mensagens dizendo que precisava falar com ele urgentemente e mesmo assim nada. Liguei mais trezentas outras vezes e quando estava prestes a desistir ele finamente me atendeu.

"— O que você quer, Katherine? Eu já disse que não tenho mais nada para falar com você." — Atendeu áspero.

"— Eu sei, mas é um assunto importante. Você pode encontrar comigo?"

"— Sem chances. Eu não vou cair no seu jogo."

"—  Não tem jogo nenhum, Robert. Eu honestamente preciso falar com você. É urgente!"

"— Então por que não fala agora?" — Reclamou impaciente e eu suspirei.

"— Porque não pode ser por telefone. É sério, por favor..."

"— Esquece, ou fala aqui ou não fala nada." — Me interrompeu novamente e eu percebi que não teria outra forma de dar a notícia.

"— Eu estou grávida." — Fui direto ao ponto e estranhamente houve um silêncio do outro lado da linha. "— Robert? Ainda está aí?"

Bad girlOnde histórias criam vida. Descubra agora