Sábado, 7 de Outubro de 1944

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Prezada Kitty,

Não é a Anne dessa vez, sou eu, Peter. Lamento muito em informar, mas depois de viver a mais profunda vida possível, Anne não suportou mais, e no dia 29 ganhamos mais um estrela no céu. Estávamos no trem, e ela escreveu pela última vez no diário enquanto eu olhava para a paisagem fora do vagão. Anne me chamou e eu pude ver que ela estava muito fraca, nem sua voz era mais a mesma, eu a abracei e acariciei seus cabelos.

- O mundo não te merece Anne Frank.- eu a ela 

- Você pode cantar aquela música de novo?

- Qual?

- Aquela que você cantou na floresta.. parecia uma canção de ninar.

- Ah sim, pensei que você não tinha escutado... Eu aprendi em um livro, é assim:

"Bem No Fundo Da Campina, Embaixo Do Salgueiro
Um Leito Da Grama, Um Macio E Verde Travesseiro
Deite A Cabeça E Feche Esses Olhos Cansados
E Quando Se Abrirem, O Sol Já Estará Alto Nos Prados.

Aqui é Seguro, Aqui é Um Abrigo
Aqui As Margaridas Lhe Protegem De Todo O Perigo
Aqui Seus Sonhos São Doces E Amanhã Serão Lei
Aqui é O Local Onde Eu Sempre Lhe Amarei.

Bem No Fundo Da Campina, Bem Distante
Num Maço De Folhas, Brilha O Luar Aconchegante
Esqueça Suas Tristezas E Aquele Problema Estafante
Porque Quando Amanhecer De Novo Ele Não Será Mais Tão Pujante

Aqui é Seguro, Aqui é Um Abrigo
Aqui As Margaridas Lhe Protegem De Todo O Perigo
Aqui Seus Sonhos São Doces E Amanhã Serão Lei
Aqui é O Local Onde Eu Sempre Lhe Amarei."


- Eu te amo Peter Van Daan.

- Eu te amo Anne Frank.

Ela fechou os olhos como se fosse apenas dormir, ainda estava com um pequeno sorriso no rosto, como se sonhasse, mas eu sabia... comecei a chorar, e por um momento a raaiva me invadiu como se não tivesse valido a pena, mas então, eu percebi que por apenas ter estado ao seu lado, daquela jovem brilhante, ter compartilhado momentos de pequenas conquistas já foi o bastante. Ela mudou minha vida, e agora eu tenho que lutar para continuar a viver e espalhar tudo que ela me ensinou, conquistar algo por ela.

Eu achei uma carta que ela me escreveu e resolvi abrir amanhã no meu aniversário, como um último presente, como uma última memória de Anne Frank.

Com amor, Peter Van Daan.

Anne & PeterWhere stories live. Discover now