Dorian

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Dorian cavalgava cansado pela estrada quando viu ao longe o castelo. Era tão vermelho que por um momento ele acreditou nas lendas de que ele havia sido pintado com sangue humano. Um arrepio percorreu seu corpo com esse pensamento. O castelo se estendia atrás de muralhas que eram tão vermelhas quanto ele, e tinha algo de intimidador. A viagem tinha deixado Dorian enjoado e cansado, mas ainda assim sentia uma estranha animação enquanto se aproximava dos portões. O ar estava quente enquanto galopava com sua comitiva. Harrold era o amigo mais próximo que tinha vindo com ele da Casa de Alissane e cavalgava ao seu lado.

_ O que espera descobrir aqui, Dorian? - perguntou Harry pela milésima vez.

_ Já disse, Harry. Pretendo descobrir o máximo que puder sobre a profecia.

_ Por que essa obsessão, Dorian? - perguntou.

Dorian revirou os olhos. Sabia onde isso acabaria. Ele explicaria tudo o que Mestre Yasha havia dito para ele, os sinais dados e a necessidade disso naquele momento. Harry apenas diria que isso eram delírios de um velho maluco, que profecias não eram confiáveis e que eles eram inteligentes demais para acreditar nessas coisas. Os mais instruídos conseguiam ser sempre os mais tolos em relação as coisas que não compreendiam.

Dorian sentia profundamente que precisava fazer isso. Os manuscritos mais antigos sobre a profecia do herói que salvaria o mundo do trágico fim ficavam ali, assim como o colar de Leia. E Mestre Yasha tinha visto numa visão que ali ele encontraria o homem que precisava para ajuda-lo a cumprir sua missão.

Desde que as águas do jardins dos deuses na Casa de Alyssa haviam adquirido uma coloração vermelho-sangue, os rumores sobre a profecia renasceram ali. A maioria dos sábios julgavam ser simplesmente uma brincadeira de mau gosto, mas Yasha discordava. Afirmava com a convicção que se encontrava apenas nos loucos ou naqueles que estão inteiramente seguros do que diz, que aquilo era o cumprimento da profecia.

Dorian apenas seguiu no seu cavalo sem tentar argumentar qualquer coisa com Harrold. Já havia tentado, e falhado. Harry sabia ser teimoso como um touro quando queria.

Embora parecessem estar bastante próximos, levou quase meio-dia antes que finalmente o castelo se aproximasse deles, e Dorian observou o grupo de cavaleiros que se aproximava vestidos em cota de malha e placa de peito. Um deles carregava um brasão no qual estava estampado o crânio branco e vermelho dos Carrow. O que seguia a lado dele usava um gibão negro com o crânio estampado no peito também em tons de branco e vermelho. Dorian sentiu um breve frio na barriga ao observar como ele era bonito. Seus cabelos eram de um loiro acastanhado que caíam sobre seus ombros em bonitos caracóis, seus olhos eram de um verde profundo e ele carregava uma expressão severa e arrogante em seu rosto. Dorian sabia que não estava ali para perder tempo com potenciais distrações, mas não podia deixar a oportunidade de um pouco de diversão passar em branco, e ele gostava de provocar. Foi pensando nisso que as palavras saíram quando se aproximaram.

_ Comenta-se da sua beleza em todos os cantos, senhor, agora consigo entender o porquê.

O príncipe David assumiu uma expressão confusa e pareceu se desequilibrar do cavalo por um momento. Dorian esboçou apenas um pequeno sorriso malicioso a reação, embora tivesse vontade de soltar uma gargalhada estrondosa. Logo depois o príncipe começou a tentar se recompor e nervosamente o cumprimentou.

_ É um prazer recebê-lo, príncipe Portman. E agradeço o elogio.

Dorian fez um aceno com a cabeça, ainda mantendo um sorriso malicioso no seu rosto, e aproximou mais seu cavalo do cavalo do príncipe. O príncipe pareceu um pouco desconfortável com a aproximação, mas manteve a compostura.

_ Siga-me, por favor, príncipe Dorian - disse David já virando seu cavalo em direção ao castelo - Irei acompanho-lo até o castelo e lhe mostrar seus aposentos.

Ultraviolence - As Peças Sagradas (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora