O Mundo e Nós

[3] Revelações, Desencontros e Conversas Esclarecedoras

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Naquele dia, eu descobri que teria que assistir duas aulas inteiras de matemática. Naquele mesmo dia, eu quis morrer.

Seokjin ficou animado ao me dizer quando eu perguntei e confesso que estou até agora me perguntando o que diabos tem nessa matéria que o fez ansiar por ela. A matéria por si só era extremante entediante, e olha que eu digo isso sabendo cada assunto, apenas não acho motivo de me gabar. E a nossa professora, então? Um saco. Fez eu ir lá na frente me apresentar para a turma logo no minuto que eu pensava comigo mesmo o quão sortudo fui de não ter sido obrigado por ninguém a dizer meu nome e idade em voz alta.

— Park Jimin. 15 anos. — Foi tudo o que eu disse.

Ela pareceu insatisfeita. Me perguntou o que eu esperava do ensino médio e toda essa baboseira. Lhe disse que só queria passar de ano, pegar meu diploma desnecessário e ir embora. Ela me encarou por um tempo, analisando meu rosto ou sei lá o quê. Mas o que eu poderia dizer? Achei que ela quisesse que eu fosse sincero. Deveria era ter dito que esperava terminar a droga do ensino médio sem matar alguém ou me matar de tanto estresse que eu vou ter porque se antes estava ruim, agora piorou.

Depois reclamam comigo quando eu minto... Aí fica difícil saber quando mentir ou dizer a verdade.

De qualquer forma, ela não tirou os olhos de mim pelo resto das aulas. Pedia para que eu lesse algo no livro, cujo eu menti que esqueci em casa para não ler em voz alta mas o tapado do Jin me fez o favor de emprestar o dele; Me perguntava se eu sabia a resposta de alguma conta e passou a parar de me introduzir na aula na medida que eu comecei a exagerar nos resultados da conta, mostrando que eu não dava a mínima para a aula, a matéria ou ela. Ao fim, ela foi embora se despedindo da turma e eu tenho certeza que a vi suspirar quando me olhou por uma última vez antes de juntar suas coisas e 'vazar da sala. Nem liguei.

Já a última aula antes do almoço nem foi tão chata. Exceto todos os quarenta e nove minutos, o último foi bem proveitoso: superei meu recorde e consegui chegar no refeitório mas cedo que todo mundo – o segredo é escorregar pelo corrimão da escada, de nada. Enfim, passei esses longos minutos olhando para a janela, especificamente para a quadra. Lá não tinha nada que me atraísse, mas era mais interessante observar a aula de Educação Física do que escutar sobre o primeiro continente que se formou no mundo.

A quadra era dividida em duas: um lado era o dos garotos, do outro era o das meninas. Da minha posição, dava 'pra ver ambos. As meninas estavam jogando vôlei e era engraçado ver elas jogando porque algumas delas ficaram chateadas quando quebraram a unha e outra irritadas por terem que interromper o jogo cada vez que isso acontecia, mas houve um momento que fiquei entediado então foquei no jogo dos meninos logo ao lado, jogando vôlei também. Eles estavam iguais a elas. Sem a parte das unhas, acrescentando ao invés disso pura preguiça. Não era de se esperar que os meninos desse bairro não consigam correr mais de dois minutos sem parar para recuperar o fôlego. Por causa disso, fiquei frustrado. Esperava mais emoção, qualquer coisa.

Agora entendi a razão daquele garoto ser o Capitão. Se o time da escola contasse com esses jogadores, até eu, um jogador mediano, conseguiria ser o capitão deles. E falando nele, lá estava. Inconscientemente, não consegui tirar os olhos do metido a besta nem por um segundo, acompanhando cada um de seus passos com afinco. Ele jogava bem, pelo menos não era um fracasso total. Quem diria... Fiquei surpreso, devo admitir. Depois do nosso encontro na área do diretor, eu o vi algumas vezes pelos corredores cercado de gente, sorrindo triunfante 'pra qualquer um e se exibindo por aí, mas era a segunda vez que o encarava por mais de dez segundos. Quase vomitei num dia desses quando parei para o observar no refeitório, contando alguma história de como foi incrivelmente bem no torneio do ano retrasado.