Fall for You {Jikook}

제 1 장

Jungkook

Desde muito pequeno eu sempre tive o aconchegante costume de me esconder dentro de um edredom quando eu precisava "fugir" do mundo. Eu me cobri até a cabeça e ficava ali na escuridão e quentura dos panos pesados. Se estivesse muito frio e eu a fim de ver um filme, pegava meu notebook e me enfiava dentro do edredom, fazendo uma espécie de cabana – se eu dobrasse as pernas, elas serviriam de sustento e sobrava bastante espaço na "cabana". Aquele era meu mundo, dentro de lá mal nenhum me atingia. Com o tempo, percebi que eu fugia demais para dentro do edredom. Então ficou claro: eu estava me escondendo do mundo. Me isolando. Talvez eu estivesse deprimido. O que pode ser normal na adolescência, mas eu suspeitava de mim mesmo quando não conseguia responder o porquê de eu estar me isolando. Na escola tudo ocorria bem, eu tinha certa popularidade por ser destaque no clube de dança da escola, também costumava cantar nos bailes e apresentações escolares. Minhas notas eram boas, eu tinha bons amigos, ninguém implicava comigo. Em casa, tudo também ia muito bem. Eu morava com meus pais, era filho único e vivíamos em perfeita harmonia. Por mais que eu estudasse a minha vida, não consegui encontrar um motivo para tanto desejar o isolamento.

Não que minha vida fosse perfeita. Eu tinha meus problemas, algumas frustrações aqui e ali, mas nada de tamanha importância. Minha vida amorosa? Eu não tinha interesse em namorar, mas saía de vez em quando com Shin Dahae, uma aspirante a modelo que cantava comigo no coral da escola. Linda, talvez a mais linda da escola. Eu sabia que ela gostava de mim, me mandava mensagens todos os dias, era gentil e muito meiga. Mas meu coração não palpitava o suficiente para eu querer algo a mais. Ela sabia disso, e ainda assim insistia em mim. Entretanto, não acredito que seja ela a causa da minha tristeza inexplicada.

Era começo de inverno quando eu comecei a me preocupar realmente com minha vontade de me isolar. Eu estava na escola, em plena aula de história – minha favorita – quando me peguei desejando pular pela janela e ir correndo para casa me enfiar debaixo do edredom. Isso me deixou inquieto e eu não consegui prestar mais atenção na aula. Meu melhor amigo, Taehyung, logo percebeu minha inquietude.

– Está tudo bem, cara? – indagou baixinho, perto do meu ouvido.

– Quero ir para casa.

– Você e a turma inteira. Acho que vai chover. – Ele apontou para a janela, lá fora nuvens e mais nuvens carregadas cobriam o céu. – O metrô fica um inferno quando chove. Podiam liberar a gente mais cedo.

Nada respondi. Se contasse a Taehyung sobre a minha estranha tristeza, ele certamente me convidaria para tomar uma cerveja – com sua identidade falsa – porque assim "todos os problemas desapareceriam". Mas eu sabia que minha tristeza estava bem plantada em meu coração e suas raízes se tornavam mais fortes a cada dia.

Naquele mesmo dia, depois das aulas se encerrarem, me sentei em um banco de ferro que ficava no jardim da escola enquanto esperava Taehyung voltar do banheiro. Ao procurar meu celular dentro da mochila, encontrei um bilhete em papel rosa com a seguinte mensagem:

"Você está triste ultimamente. Por que vem todos os dias para a escola com esses olhos de quem está chorando por dentro?

Seja lá o que for, estou aqui se quiser conversar.

– Park Jimin."

Estava ali um belo motivo para eu gostar tanto de me esconder debaixo de um edredom. Park Jimin era a pessoa que mais me irritava no mundo. Ele sempre deixou muito claro seus interesses amorosos em mim, e não ligava para o fato de que eu não gosto de garotos. Sua personalidade era inconveniente e imprevisível. Até buquê de flores ele já enviou para minha casa. Isso começou há sete anos, quando estávamos no primeiro dia de aula e brincamos a tarde toda. No fim do dia ele tentou me dar um beijo e eu lhe devolvi um soco. A partir de então, eu nunca mais me atrevi a me aproximar do garoto gay da sala. Mas por alguma razão, Jimin continuava colocando fé que um dia eu mudaria minha orientação sexual para ficar com ele.