Imagine 4 - Nakamoto Yuta (pt. 2)

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Eun-Ah assistia TV no quarto enquanto eu lavava a louça na cozinha, Yuta havia saído para comprar comida no nosso restaurante favorito, já que nos domingos o delivery não funcionava. Escuto a campainha tocar e vou até a entrada da casa.

— Mas Yuta, você tem a chav...— Ao abrir a porta, arregalo os olhos e fico boquiaberta. Fecho o mais rápido possível, ainda tentando processar a imagem que vi na minha frente.

Era ele, agora com barba, um pouco mais alto e com um corte novo no cabelo, mas continuava sendo ele. Segurava um buquê e uma embalagem de presente. Coitado, assistiu Simplesmente Acontece demais.

— Me da uma chance, por favor. — Consigo escutar ele falar atrás da porta.

— Você não tinha o direito de aparecer aqui. — Respondo, alto o suficiente para ele escutar mas baixo o suficiente para Eun-Ah não ouvir do quarto.

— Eu tenho o direito de conhecer meu filho.

— Ela não é sua, agora some daqui. — Assim que falo isso, escuto meu celular tocar.

Vou até a bancada da cozinha onde o aparelho estava. Era Yuta. Atendo rápido, nessa altura já tremia de desespero.

— S/N, estou no carro na frente de casa, esse cara aí na porta é quem eu acho que é?

— Sim, Yuta. Tira ele daí por favor, eu não sei o que fazer.

— Eu sei o quanto pode ser doloroso pra ti, mas a Eun-Ah é filha dele.

— Não é, ela é sua filha, que você assumiu quando ele desapareceu.

— Uma hora ou outra Eun-Ah vai descobrir que eu não sou o verdadeiro pai dela. — Ele fala e logo depois desliga.

Cedo e abro a porta, deixando o maior entrar. Consigo observá-lo por mais tempo. Sua expressão era uma mistura de "por favor me perdoa" e "não acredito que finalmente irei ver minha filha".

— O que você trouxe aí? — Perguntei apontando para a embalagem de presente.

— Comprei um ursinho de pelúcia para ele.

— É uma menina. — Falo com cara de poucos amigos. — Vem logo ver ela.

Vou até o quarto onde Eun-Ha se encontrava e dou graças a deus que ela adormeceu.

— Ela é linda, puxou para a mãe. — Dou um sorriso amarelo assim que ele diz isso.

— Graças a deus. — Falo baixinho, mas acredito que ele tenha escutado, porém não falou nada. — Enfim, agora que você viu ela já pode se retirar né.

— Calma, você não quer nenhuma pensão nem nada? — Ele pergunta, assim que fecho a porta do quarto devagar.

— Não, obrigada. — Recuso enquanto ando com ele até a porta da frente. — Não quero nada que venha de você, muito menos dinheiro.

— Ah, tá bom então. Você deve estar se perguntando por que eu vim aqui do nada. — Não to não, na verdade eu não me
importo muito. — Confesso que fui fraco, então fui para outra cidade assim que descobri de sua gravidez. Eu não estava pronto para assumir um filho. Conheci uma mulher na outra cidade e vamos nos casar. Voltei para resolver algumas coisas então aproveitei para conhecer minha filha. Todos esses dias eu pensei nela, em como ela era, como se chamava, como se comportava... Não tinha um dia que não pensava nela. Sei que nunca vai me perdoar, e eu entendo completamente, mas queria que soubesse.

Tento absorver todo seu papo mas sem sucesso. Nada me faria entender como alguém pode ser tão desumano ao ponto de fugir de sua própria filha. Não faço muito esforço para entender e abro a porta. Ele anda até ela e vai embora em direção a seu carro.

{...}

Yuta e eu estávamos no sofá assistindo TV enquanto jantávamos. Eun-Ah continuava dormindo. Me pergunto o que teria acontecido se não tivesse ligado para ele naquela noite, se o pai de Eun-Ah não tivesse nos deixado, se eu nunca tivesse terminado com Yuta naquela época. Acredito que em nenhuma das realidades alternativas eu estaria tão feliz quanto estou hoje.

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