Capítulo I • Anjo Salvador

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Uma nuvem aproximava-se. Era uma nuvem enorme - aparentava não ter fim - e escura. Uma nuvem que engoliu toda a radiação solar que iluminava a cidade e, provavelmente, quase todo o oxigénio. Era uma nuvem de gases, muito perigosa. Todos olhavam espectados para ela; todos saiam dos carros e das casas para a ver melhor; todos os habitantes do mundo cediam ao seu estranho encanto. Um estranho encanto, vindo de uma estranha nuvem, com estranhas consequências. Dentro de uns dias, os que se mantiveram ao ar livre, muito expostos à radição e aos gases, tornaram-se desgastados - semi-mortos; degradados. Tornaram-se seres andantes, sem emoções, sem pensamentos - ou geralmente apelidados, pelos filmes de ficção, zombies. Criaturas de exterior horrendo e completamente vazias no interior. Uma - espécie de - epidemia que devastou todos os seres humanos à face da terra - felizmente os animais e plantas haviam sobrevivido. Era como se a natureza quisesse ver-se livre do Homem, por motivos bastante óbvios.
"Eu sou o único sobrevivente!" - este era o pensamento lógico de todos os que haviam resistido àquela matança, pois, surpreendentemente, havia várias pessoas, em redor do globo, que possuiam corpos o suficientemente resistentes e imunes aos gases para realmente serem afetados pela nuvem, pelo menos não por agora. Enquanto tiverem mantimentos e segurança, estas pessoas irão sobreviver.

Em New York não foi diferente.

Uma rapariga de longos - e esticados - cabelos loiros, corria pela vida, literalmente. Ela segurava o seu longo vestido rosa, para possuír mais liberdade na passada, pois ela precisava fugir dos zombies - criaturas somente alimentadas pela carne humana. Corria a olhar para trás e acabou por tropeçar - na subida de um passeio - e cair. Estava encurralada. Sentia a parede fria de tijolo contra as suas costas e via os zombies a aproximar-se pela frente. "É o meu fim!" - pensava ela. Fechou os olhos e escondeu a cabeça entre os braços. Ouviu o grunhido dos zombies e sentiu o seu cheiro pútrido à medida que as criaturas se iam aproximando. "Adeus mundo cruel!" - pensou ao sentir o seu braço amarrado por uma mão gélida. De repente ouviu um rápido corte no ar e sentiu um líquido frio a cair-lhe na face. A mão fria largou-a e no seu lugar estava agora uma mão quente - uma mão humana - que a puxou, levantando-a, para longe dali. O ser que a puxava corria e ela, obviamente, corria com ele. Permanecera com os olhos fechados enquanto a adrenalina da corrida viajava por todo o seu corpo, mas abriu-os, finalmente, quando sentiu o seu corpo a ser empurrado para a frente. Sentiu que ia tropeçar de novo, mas manteve o equilíbrio.

- Corre até áquele carro! - explicou a voz masculina.

Ela acentiu com a cabeça e correu alguns metros ate chegar a um peugeot cinzento. O jovem estava mesmo atrás dela e ao chegar ao carro, abriu a porta - que a rapariga julgava fechada - e os dois entraram - ela no lugar do co-piloto e ele ao volante. Rodou a chave que estava na ignição e arrancou.

• Anjo Salvador

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⏰ Última atualização: Oct 06, 2019 ⏰

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