Menina ingênua

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Novembro 2015

Mais um dia chegou, mais um dia de desgosto pelos seres humanos, a cada dia que passa eu sinto mais nojo dessa espécie.
Infelizmente terei que ir à escola, último lugar onde queria estar, já se faz 1 mês que eu vim parar nessa merda de lugar mas parece que foi uma eternidade, eu não aguento mais, ainda bem que tenho Richard para desabafar e também, as vezes tenho Hideki, mas tudo está estranho desde o nosso beijo, não ele mas eu, ainda tenho muitos sentimentos por Jefferson e não sei se esse beijo foi a coisa certa a se fazer.
Mas agora está na hora de eu parar de pensar e ir pra escola, quando eu começo, não paro mais.

No caminho da escola escuto uma voz baixa me chamando, abafada pelo som alto dos meus fones, quando eu olho é Hideki, olhei em volta e não vi Alice e suas capangas então parei pra atendê-lo.

- Myra: Aconteceu alguma coisa?
- Hideki: Não, eu não posso mais querer falar com você ou tudo tem que ter um motivo?
- Myra: Ultimamente tem que ter motivo sim, ainda mais nessa escola e com você, amigo da Alice.
- Hideki: Toda vez você tem que citar essa menina né, Samira? Já disse que não sou amigo dela, sou amigo do Nicholas, ou pelo menos era?
- Myra: Ou pelo menos era? O que aconteceu entre vocês? E espera, Samira?
- Hideki: Seu nome não é Samira?
- Myra: Não, nunca foi!
- Hideki: Tudo bem, erro meu, mas agora vou chamar você assim.
- Myra: Tá, tanto faz, agora me diz o que aconteceu.
- Hideki: Desde que você chegou a Alice está pior do que era antes e o Nicholas é um capacho dela, tudo o que ela manda ele fazer, ele faz como se fosse um escravo. Desde o dia em que ela mandou ele jogar o caderno em você eu me afastei, eu senti um nojo tão grande de ser do mesmo, vamos dizer, grupo que eles.
- Myra: Entendi.
- Hideki: Quer saber, eu não estou aqui pra perder meu tempo falando deles, eu tenho assuntos mais importantes pra falar com você, Myra.
- Myra: E que assunto seria esse?
- Hideki: Não se faz de lerda, você sabe muito bem, a gente se beijou e depois disso nada foi igual, começando pelo nosso afastamento, eu achei que isso iria nos aproximar mais um do outro, e também eu não consigo tirar você da cabeça.
- Myra: Hideki, eu sei que a gente se beijou e isso me pegou de surpresa, eu me afastei porque eu não sei lidar com sentimentos, e eu não queria te magoar e não quero te iludir, não quero que você fique mal por isso, eu sei que eu deveria ter falado isso no mesmo dia do beijo, mas eu fiquei confusa. Eu sou uma pessoa que não consegue lidar com os sentimentos das pessoas e com os meus próprios sentimentos e pra mim o beijo foi até bom, só que eu não posso te oferecer uma coisa que não existe, de verdade me desculpa.
- Hideki: Mas por quê a gente não tenta? Por quê você não tenta se entregar pra mim? Diz ele com a voz embargada
- Myra: Eu sinceramente não posso Hideki, eu não consigo, sentimentos não é comigo e eu ainda estou aprendendo a lidar com os meus. Se você quiser nós podemos ser os mesmos de antes do beijo.
- Hideki: Não Myra, nós não podemos ser os mesmos de antes, nós não podemos ser mais amigos. A Alice tinha razão sobre você, você é uma estranha que não sabe lidar com os próprios sentimentos.
Diz ele com um tom de raiva
- Myra: Você é igual à ela, vocês todos são! Só pensam nos próprios sentimentos estão pouco se fudendo para os dos outros, você me decepcionou Hideki, você é desprezível. Digo e saio esbarrando no ombro dele
- Hideki: isso não vai ficar assim Myra, NÃO VAI.
Ele grita no final do corredor

Saio do corredor e vou para a biblioteca até as últimas aulas, não vou voltar para a sala, não depois do que aconteceu entre mim e o Hideki, no fundo eu sabia que eu tinha que evitá-lo, mas eu fui muito ingênua, e dessa vez vai ser a última vez que eu vou ser essa "menina ingênua".

*Sinal toca*

Saío da biblioteca com os olhos inchados de tanto chorar, vou para o banheiro lavar o rosto, quando estou á caminho escuto alguns meninos conversando, eles não notaram a minha presença. Eu estava quase voltando ao caminho, quando eu escuto uma voz conhecida, é a voz do Hideki, e ele estava falando com tanto ódio que eu fiquei com medo, eles estavam vindo na minha direção, eu vi a porta da sala de produtos de limpeza e eu adentro, eles pararam no corredor e continuaram conversando e dessa vez eu consegui escutar.
- Hideki: Nicolas eu estou falando sério, aquela puta miserável vai se fuder na minha mão, eu vou acabar com a vida dela, do mesmo jeito que ela está acabando com a minha, ela vai sentir o que é a dor, ela vai sentir.
- Nicolas: A Alice vai gostar de saber disso, aliás, ela não vai gostar, ela vai amar!

Escuto eles se afastando e abro a porta para checar, eles já foram e eu saio da sala dos produtos. Eu estou com medo, nunca tinha visto o Hideki assim, ele estava com tanto ódio, com tanta sede de sangue, e eles estavam falando sobre mim, eu tenho certeza disso.

Saío da escola e vou para o ponto de ônibus, mando mensagem para o Jefferson no caminho até o ponto. Eu realmente estou assustada, não sei o que fazer.
Quando eu chego no ponto, eu vejo o Richard e vou até lá falar com ele, ele sim é uma pessoa verdadeira.

- Myra: Oi Richard, você está tão sumido ultimamente, não estou te vendo mais na escola.
- Richard: Oi Myra, eu estava doente por uns dias, infelizmente tive que faltar.
Diz ele meio desanimado
- Myra: Mas você já está bem?
- Richard: Estou sim, obrigada por perguntar, e você? Está bem? Você parece aflita, aconteceu algo?
Diz ele com um tom meio preocupado.
- Myra: Então que bom, eu estou com alguns problemas, mas não é nada sério, obrigada por sua preocupação.
Digo com um tom mais suave.
- Richard: Se você precisar de ajuda, pode contar comigo tabom?
- Myra: Obrigada, te digo o mesmo.

Meu ônibus já estava vindo, então eu me despedi do Richard e fui embora. Quando eu chego em casa, eu troco de roupa e desço para comer alguma coisa, olho para a geladeira e tem um bilhete da minha mãe falando "Filha eu vou ao mercado, mais tarde eu estou em casa, se cuida", leio o bilhete e depois tomo um café e como um donuts que a minha mãe comprou naquela doceria perto de casa. Pego meu celular e vejo se tem mensagem do Jefferson, mas não tinha, ele está sumido faz dias que não manda alguma coisa, então eu subi para o meu quarto e fiquei assistindo filme até pegar no sono.

Meu nome é Myra Onde histórias criam vida. Descubra agora