Capítulo 3

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Gray acordou em sua cama com a luz do dia, batendo bem forte em seu rosto. Seu apartamento não era pequeno, mas do que adiantava ter uma casa grande, se na maior parte do tempo, ela fica vazia?
Levantou-se e caminhou pelo apartamento. Andou até o quarto de sua tia, onde percebeu algo diferente. A cama estava desarrumada, tinham potes de medicamentos abertos espalhados pelo chão. O guarda roupa estava revirado, as velhas roupas de sua tia estavam sempre assim, mas tinha algo diferente. Um cordão estava pendurado, em cima de algumas roupas. Era dourado e tinha uma cruz presa a ele, Gray quase achou que poderia ser de sua tia, mas lembrou que ela podia ser de tudo, menos cristã por conta de suas atitudes.

***

"Havia uma porta no fundo daquele corredor vazio. Com o disparar de seu coração, a escuridão começou a persegui-la por trás.

-Fita 3

***

Ao pegar naquele cordão, sua visão ficou em preto e branco, a bagunça em que se encontrava aquele quarto todo sumiu, mas estava cercada de poças de sangue, havia arranhões nas paredes com símbolos do tipo: "ציידים ארורים ; ארורים הם נגדנו;". Ela estava com medo, soltou o cordão, deixando-o cair e ficou paralisada com a situação. Tudo voltou ao normal, mas não achava que aquilo era paranóia de sua cabeça, para ela, aquilo tinha realmente acontecido.

Colocou o cordão com o maior cuidado em uma jaqueta e a vestiu para sair de casa, suas mãos estavam frias, seu corpo estava trêmulo, e seu olhar, amedrontado. Foi até a escola e viu um homem encostado no portão. Pensou que ele podia ser uma de várias pessoas que surgiam em sua mente por conta de seu medo, mas era somente Honoi, o menino do hospital, como Gray lembrava-se dele.
- Você me perseguiu e me espionou pra descobrir onde eu estudo?! - Disse ela, em um tom de voz misto de medo e raiva.
- Ei, calma morena. Eu já estudava aqui antes de você aparecer, viu? Só tô aqui pra justificar a falta de ontem com a diretora.
- Menos mal...
O frio tomava conta daquela manhã, o céu estava nublado, mas muitos telejornais diziam que não havia alguma suspeita de chuva.
- Então, o que você tá fazendo aqui? - Disse ele, curioso.
- Vim falar com um amigo.
- Amigo, sei.
- Ah, não enche. É amigo sim e pronto.
- Que amigo estaria estudando em um sábado de manhã? Com a escola quase fechada, aberta só para os professores?
- Perguntas demais. - Após dizer isso, ela entrou por um dos portões da escola e lá foi procurar Nicky.

Como não havia nenhuma luz do sol entrando pelas janelas, os corredores e a maioria das salas estavam escuras, não parecia sequer haver uma alma viva naquele local. Gray começou a ouvir uma voz bem baixa chamando nomes alternados, parecia ser bem Megan e Gray aos ouvidos dela.
Seguiu a voz pelo enorme corredor, mas a voz não saía de nenhuma das salas. A voz a guiou até o final do corredor, onde havia uma grande porta, semelhante a da entrada. Abriu e entrou no pátio, que era ao ar livre. A voz não parava de chamar os dois nomes, ela se perguntava se a voz estaria realmente chamando seu nome ou seria só coisa de sua cabeça.
Atravessou o pátio e chegou até as grades e muros semi-demolidos da escola. Os meninos usavam aquele lugar geralmente para praticar Parkour, mas nunca chegou tão perto dali. A voz ficava cada vez mais alta e ela procurava ao redor, como se estivesse em um labirinto, tentando achar alguma resposta.

- Finalmente você chegou. - Uma voz nem tão grossa e nem tão fina, porém estranha, soou. - Estava cansado de ficar nessa merda te esperando pô.
- Quem é você? - Ela olhou para o adolescente que se encontrava sentado, em cima de um dos muros mais altos daqueles destroços. Ele estava machucado fisicamente, com um olho sem pupila e com roupas rasgadas. Parecia gostar de Metal, já que sua blusa tinha a logo "SF" estampada. Gray conhecia aquela banda só por conta de alguns álbuns que sua mãe deixara antes de desaparecer.
- Megan, você não lembra de mim?
- Quem caralhos é Megan? Por quê todo mundo está procurando ela?
- Puta Merda. - Ele desceu do muro, olhou nos olhos dela e viu que ela estava com medo de algo, algo que não era ele, pois ela não sabia da morte dele.
- Isso não é bom cara. A gente tem que te- Ele foi interrompido por uma pessoa correndo em direção a eles, e Larry sumiu em meio ao chão.

- Gray, você tá bem?
- Que caralhos tava acontecendo?
Ela ouvia a voz de Nicky e Honoi. Estava paralisada com a aparição de algo que poderia simplesmente ser sugada para o chão e sumir. Estava gelada por todo aquele acontecimento repentino de manhã. Por dentro, estava assustada com o que mais poderia acontecer.

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