Capítulo 8

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Tomo meu banho e me apronto para o nosso passeio. Encontro Ana já dentro do carro, conectando seu celular ao aparelho de som para que possamos ouvir suas músicas dessa vez. Ela leva o carro até o posto mais próximo, já que o combustível está prestes a acabar. Enquanto o carro é abastecido, entramos na pequena lojinha de conveniência e a morena sai pelos corredores em busca de salgadinhos, sucos e bolachas.

- Vamo fazer um piquenique? - digo, depois de mais uma volta pelo setor de alimentos.

- Pela quarta vez, Vitória: pare de tentar adivinhar. - ri - Você é péssima nisso.

- Acho que eu estou ficando perto, isso sim. -cruzo os braços, sem a menor convicção do que digo.

- Com certeza esse palpite é melhor do que o último - ela para, olhando pra mim e rindo - tu realmente achou que eu ia te levar em uma boate de Strip Tease?

Nesse momento, uma senhora passa por nós com suas compras e acaba escutando o que Ana diz. Seus olhos se arregalam em nossa direção, parece até que vão saltar de seu rosto. Posso sentir minha cara queimar pela vergonha. Mas a menor nem parece ligar, me encarando enquanto espera por uma resposta.

- Vindo de você, eu não duvido de nada - digo, puxando-a para o mais longe possível da mulher.

- Se bem que não é uma má ideia, Vivi. - seu sorriso se alarga - A gente pode passar em uma mais tarde.

- Fala mais baixo Ana! - empurro seu ombro, observando se alguém está nos olhando .

- Por quê?- ela para. Seus olhos negros brilhando - Tu não disse que é louca pra ir numa boate de strip?

Ana Clara eleva sua voz, e só pelo tom de suas palavras e seu sorriso repleto de malícia nos lábios, eu sei que ela percebeu o quanto eu estou envergonhada com toda essa situação. Ela ri, e sei que é por causa da cor que minhas bochechas adquirem nesse momento, quando percebo que agora um casal também nos encara assustados, assim como a senhora, que está segurando uma caixinha de leite bem na nossa frente, com uma cara de constrangimento que só não é capaz de superar a minha.

Olho para Ana, e a filha da puta ainda está rindo, e ergue a sobrancelha, no seu sinal de desafio, já bem conhecido por mim a esta altura do campeonato. E eu sou tão burra, mas tão burra, que entro na dela.

- Não era você quem queria subir no palco e participar do show? - sorrio, falando devagar e alto o bastante para que todos ouçam - Tu tava até ensaiando sua dança.

A morena solta uma gargalhada gostosa, jogando o cabelo pra trás com uma das mãos e seguindo para o caixa. Ficamos na fila, logo atrás do casal e na frente da senhora que ainda parece chocada com a nossa conversa. O casal paga pelas compras e sai da loja. Enquanto vejo Ana passar nossas coisas, preparo uma forma de justificar a conversa que estávamos tendo para a pobre senhora não pensar que somos duas pervertidas. Mas a menor volta a falar comigo antes disso.

- Sabe Vivi, se tu queria me ver nua, não precisava inventar essa de boate. - a morena diz, sem fazer contato visual comigo - Eu faço uma strip tease pra tu lá em casa mesmo, que tal?

Fico totalmente sem reação diante de suas palavras. Será que o hobbie preferido da Ana é me perturbar? Tenho quase certeza que estou com a boca aberta, tamanho foi minha surpresa com o que a menor disse. Sinto minha pulsação acelerar, e ela acelera ainda mais quando percebo que a senhorinha atrás de mim está tossindo descontroladamente. Tanto, que o moço do caixa teve de lhe dar um copo de água.

Tudo acontece em uma fração de segundos, e vejo que os olhares que os desconhecidos nos lançam são um misto de espanto e desaprovação. Eu não sei o que fazer ou dizer, quero pedir desculpas e tentar dizer que é tudo uma brincadeira, mas isso não ajudaria muito mesmo, então fico calada, parada no mesmo lugar enquanto a senhora recupera o fôlego.Ana por sua vez, parece se divertir muitíssimo com toda essa situação, escorada no balcão, sorrindo. A fuzilo com o olhar, mas tudo o que recebo em troca é uma piscadinha atrevida.

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2019 ⏰

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