Chantagem Errada. #Conto (COMPLETO)

Capítulo - 06 Caio Castilho.

Ir à casa de Heitor não foi nada do que planejei. Pensei que esclareceria as coisas com ele, teríamos um  bom momento juntos,  e eu iria embora, mas não foi bem assim, e o que menos eu queria que acontecesse, foi o que se  sucedeu.

Eu havia me esquecido completamente de Enrico, desde o momento em que entrei na casa de Heitor,  quando ele me beijou e tivemos o melhor momento da minha vida, sendo todo esse enlevo  destruído, quando o Enrico me ligou furioso, dizendo que iria contar meu segredo ao meu pai e a todos da empresa.

Eu queria ter mais tempo com o  Heitor, mas não podia deixar esse problema para depois , saí da casa dele direto para a empresa, e,  quando cheguei, esperei receber olhares, mas nada aconteceu e tudo parecia normal.

Entrei no elevador, peguei meu celular e comecei a ligar para o meu pai, chamava, mas ele não atendia, e eu começava a ficar nervoso. As portas do elevador se abriram e segui para a sala de reunião, assim que passei pela porta, não havia  ninguém presente. O que poderia ter acontecido? Enrico desistiu de espalhar o vídeo? Liguei para ele umas duas vezes, mas ele também não estava atendendo, alguma coisa tinha acontecido, eu só não sabia o quê.

Esqueci de pegar o número do Heitor, com a pressa de vir para a empresa, e passei o restante do dia aflito, pois o modo como ele reagiu quando eu contei a ele sobre a chantagem de Enrico,  pareceu deixá-lo diferente. Como tudo parecia normal na empresa,  tentei trabalhar de modo calmo, e várias vezes, durante o dia, liguei para o meu pai e para Enrico, os dois não davam sinal de vida.

Algumas horas mais tarde, quando fui para casa, tive uma surpresa que não esperava, minha mãe estava no meu apartamento e não estava sozinha. Passei pela porta e, ao entrar na sala, vi meus dois irmãos sentados no meu sofá, enquanto discutiam um com outro sobre algo que viam na TV, e mamãe estava na cozinha preparando algo bem gostoso,  pelo cheiro bom que senti.

— Querido, até que enfim você chegou! – Falou mamãe, tirando o avental que usava, vindo em minha direção para um beijo e um abraço, característicos dela.

— O que está acontecendo? – Perguntei, depois que ela me soltou.

— Não está acontecendo nada, eu e seus irmãos resolvemos fazer uma visita, não podemos?

Olho na direção dos meus irmãos e contenho um grunhido, os dois estão fazendo uma bagunça com uma vasilha de pipoca, enquanto gritam para a TV e apóiam os pés na minha mesinha de centro.

— Claro que podem, mas só apareçam quando eu estiver aqui, pois eles podem destruir uma casa em menos de um minuto! – Digo apontando os dois, e a única coisa que mamãe faz é sorrir.

Ela me puxa para o balcão da cozinha e eu me sento, ela nos serve uma taça de vinho, sentando  de frente para mim.

— Aconteceu alguma coisa no trabalho?

— Não, eu... Eu não sei dizer... – Tomo um gole do meu vinho e mamãe sorri, bebendo também um pouco do dela.

— Você está parecendo com o seu pai, cabelo bagunçado e uma cara de puro estresse. Aconteceu algo com certeza, mas não quer discutir sobre o assunto, não é?

— Sim.

— OK, se há uma coisa que eu  aprendi com o seu pai, quando ele estava nesses momentos, é deixar de lado, seja lá o que o estivesse incomodando, revirar os problemas só nos fazia brigar.

— Eu me lembro disso...

Um olhar triste passa pelos olhos dela, mas rapidamente  é substituído por um sorriso, e ela se levanta.

— Vou obrigar seus irmãos a  limparem a bagunça deles. Já fiz o  nosso jantar.

— Obrigado, mãe.