POV JULIA
Wessex abril de 1977
Ser mulher não é fácil e isso é tudo o que tenho a dizer.
Ok, não literalmente, mas inicialmente é o que tenho como ponto principal disto tudo.
Ser mulher e de uma família ambiciosa é extremamente difícil, e sim, eu sei isso continua não explicando muita coisa. Meu nome é Julia Quinn, isso mesmo Quinn e não Queen como alguns cismam em escrever. Completei 22 anos há pouco tempo e fugi de um noivado recentemente. Uau. Emocionante, certo?
Nah, não tem nada de emocionante fora a parte de que o meu suposto noivo é duque e um assediador quase 30 anos mais velho que eu, e claro, não podemos esquecer de que essa ideia toda foi de meus pais mas não vamos perder tempo falando sobre esses detalhes agora.
Se eu pudesse resumir as últimas 72 horas eu resumiria em duas palavras: loucura total. Imaginem eu saindo de Glasgow sob uma chuva intensa, correndo com o que consegui pegar e uma modesta quantia de libras que foi o suficiente para conseguir pagar pelo bilhete do trem e contar com a generosidade de minha madrinha que gentilmente me conseguiu uma entrevista de emprego com um tal de John Reid para ser assistente de uma banda de rock, e bem, resumidamente isso é tudo o que me trás até Wessex.
Normalmente eu estaria usando calça jeans e uma de minhas camisas com um bom casaco de lã, um par de botas e claro um cachecol mas tudo o que trouxe comigo não era próprio para um entrevista de emprego, e ironicamente, o meu melhor era meu vestido branco do noivado, com mangas é óbvio uma generosa fenda que no momento é minha pior inimiga contra o frio. Londres como Glasgow é fria na maior parte do tempo inclusive no meio da primavera.
Andando pelas ruas de Wessex sinto meu estômago protestar por mais algum indício de comida após meu modesto café da manhã. Respiro fundo tentando ignorar que a pelo menos setenta e duas horas eu vivo a base de amendoins e água uma vez que eu preciso de dinheiro para me locomover e pagar a diária do quarto modesto em Kensington.
Levo minhas mãos ao bolso do lado direito de meu sobretudo preto e procuro pelo pedaço de papel onde o endereço do Wessex Studio estava anotado e como eu deveria procurar o tal John Reid. A caligrafia delica de minha madrinha me faz sorrir ao lembrar que ao menos alguém se importava comigo o suficiente para me ajudar a sair daquela loucura toda. Deixo um suspiro longo escapar e estreito os olhos para poder filtrar melhor os números dos prédios.
Tudo o que eu sabia sobre este amigo de minha madrinha era que ele era o agente de uma banda que ouvi uma ou duas vezes na rádio em Glasgow - I'm in love with my car que foi o suficiente para me fazer torcer o nariz de desgosto e me traumatizar a ponto de eu não lembrar o nome de outra música -, mas eles estavam fazendo cada vez mais sucesso e precisavam de alguém que os ajudasse no dia a dia. Bem, fora o fato da música sobre amar o seu próprio carro me fazer revirar os olhos toda vez - entenda ela é extremamente esquisita e insinua coisas muito estranhas para um carro - eu acho que posso segurar essa. Sinto um pequeno sorriso se formar em meus lábios após avistar a porta tímida no prédio alaranjado com uma placa indicando que ali era o meu destino o que me faz até acelerar o passo.
"Finalmente" eu penso comigo mesma.
A construção antiga passava longe de parecer um estúdio de gravação, cercada de árvores e janelas enormes o local poderia ser tranquilamente a residência de alguém. A construção antiga tinha um telhado alto que dava um aspecto de chalé ao local, as grades pretas no entorno da casa me faziam lembrar da casa de meus pais em Glasgow com o gramado baixo e pequenos arbustos, parecia um local agradável.
"Ok Julia." Eu falo dando passos lentos em direção ao local "Você consegue falar menos scottish, você treina isso desde os 15 anos."
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Somebody To Love
RomanceJulia Quinn aos 22 anos após fugir de um noivado forçado na Escócia acaba parando na charmosa Londres no ano de 1977. Ela precisava de um emprego e John Reid tinha um a oferecer a ela, assistente da banda em expressiva ascensão: Queen. Ela só não e...