Declínio

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Studio 54, Manhattan, Nova Iorque

29 de Agosto de 1979

 As luzes de Nova Iorque são hipnotizantes. Daniel e Michael não param de falar sobre o tal Studio, é uma discoteca badalada, não estou tão animada quanto eles. Eu não tenho tanto contato com Michael, eu sempre costumei andar com as meninas, andar com os meninos apenas quando Daniel me arrastava para andar com ele, o que não acontecia muitas vezes.

 O carro para, Michael e Daniel saem empolgados. Pego meu sobretudo preto que esta ao lado dobrado em cima do banco. O visto aqui mesmo, coloco minha mão na maçaneta para abrir a porta mas Michael a abre para mim. Não é comum sairmos apenas nós três sem Patrice ou Petra, mas, desde que ela se casou Michael e ela não andam mais juntos, então nosso "grupo" se separou, Albert Guinevere foi a Yoko Ono do nosso grupo.

- Eu amo o Studio 54, ele é tão teatral e dramático, muito escapista... Escapismo e maravilha são a influência. Isso faz você se sentir bem e permite que você faça as coisas. Você simplesmente continua seguindo em frente, e você diz: 'Deus, isso é maravilhoso - eu aprecio isso - Michael diz logo após fechar a porta. Seu black power brilha sobre as luzes de Nova Iorque.

 Estamos entrando pelos fundos. Tem um par de seguranças na porta e uma pequena fila, tem 6 pessoas em nossa frente. Assim que entramos os seguranças também entram, fecham a porta, eles nos segue pelo longo corredor. Os seguranças se misturam no meio das pessoas. É uma daquelas festas comuns em que já somos acostumados, as pessoas bebem demais e se metem em brigas com palavras inteligentes, soprando fumaça de cigarro para cima. Vamos para uma mesa, algumas pessoas se aproximam e se sentam com a gente, peço uma cerveja e Michael apenas um vinho, Daniel pede um uísque e nos conta sobre a vida de casado e o quanto Patrice é incrível. Olho ao redor enquanto Michael e Daniel conversam sobe algo nada interessante. Michael e Dan estão ocupados conversando com algumas pessoas que estão ao redor da nossa mesa. Me levanto devagar e vou até o balcão pegar mais uma cerveja

- Uau, a melhor das lideres de torcida - uma voz grave diz perto do meu ouvido e um cheiro insuportável de álcool, olho para o homem que acaba de se sentar ao lado em um dos bancos altos, sorri para mim e apoia um cotovelo no balcão

- Anderson? - ele me encara, esta com um copo de uísque na mão

- Você continua linda! - sorrio para ele. Ele sempre pareceu ser uma especie de vilão, sempre falando alto, tentando exercer autoridade com as mulheres, mas nunca se meteu comigo, sempre foi um bom colega, não posso o chamar de amigo nunca troquei mais que um "oi", fomos apresentados por Hank, meu namorado, eles eram melhores amigos, eu não sei se ainda são, eu não tenho tempo para nada

- O que esta fazendo aqui? - me sento no banco alto ao seu lado virada para ele

- Eu vim pelo Studio! - ele leva o copo até a boca - Me falaram muito sobre ele, eu fiquei curioso - que estranho, mas sinto que isso tem dedo do meu namorado, ele não aceitou bem o fato de eu ter vindo nessa viagem com Daniel e Michael, eu até o entendo, passei meses no quartel e quando saio, não fico com ele, mas, ele tem que entender que eu faço o que eu quiser

- Você ouviu falar dele por Hank? - digo tomando um gole da minha cerveja que acaba de ser entregue, eu não posso acreditar no quão ciumento Hank pode ser

- Sim - ele gargalha - Eu sinto muito, ele anda tão preocupado, tem medo de você o deixar - ele morde o lábio - Eu o entendo, eu também teria ciúmes se você fosse minha, é uma mulher incrível - ele me olha de cima a baixo, forço um sorriso para ele. Ficamos conversando por alguns minutos, ele me chama para sair um pouco, ele não quer fumar aqui, embora não pareça ter problema já que todo o lugar esta coberto de fumaça de cigarro. Saímos pela mesma porta em que entrei com Michael e Dan. Ele me conta sobre o novo emprego na policia e que se inspirou em mim 

Tempestade De PregosOnde histórias criam vida. Descubra agora